Questõesde UECE sobre Filosofia

1
1
Foram encontradas 140 questões
e60f4428-75
UECE 2021 - Filosofia

“Segundo Benjamin, a proletarização e a formação de massas na Alemanha de seu tempo são dois aspectos do mesmo processo. O que o fascismo faz é uma tentativa de disciplinamento dessas massas proletarizadas, evitando com isso que haja qualquer perturbação ao regime de propriedade posto. Trata-se de permitir que tais massas se expressem enquanto massas, desde que a ordem social não seja posta em xeque e que quaisquer reivindicações que toquem na estrutura social sejam contidas.”

VIEIRA, R. Modernidade e barbárie: as análises de Walter Benjamin sobre o fascismo alemão. https://www.niepmarx.blog.br/MManteriores/MM2017/anai s2017.pdf. Acessado em 17-10-2021 – Adaptado.


Conforme o trecho acima apresentado, para Walter Benjamin, o fascismo

A
se origina necessariamente das massas, quando elas se proletarizam.
B
tenta evitar a oposição das massas proletarizadas à ordem burguesa.
C
possibilita a que as massas se expressem como o que são: proletárias.
D
é a prova de que não existem mais classes sociais, mas apenas massas.
e60c5325-75
UECE 2021 - Filosofia

“Agostinho faz um contraponto ao dualismo maniqueísta ao refutar que o mal não existe enquanto ser. Ele refuta o dualismo ontológico do bem e do mal dos maniqueístas e desenvolve a teoria da origem do mal como uma negação do Sumo Bem, na qual o mal não tem ser, não existe, mas é resultado do livre-arbítrio da vontade do homem que o utiliza em vista de si mesmo. Ou seja, o mal é moral; é um ato voluntário do homem ao negar seu Criador, Deus, Bem universal, em vista de si mesmo.”

GOMES, I. S. G. A origem do mal no pensamento de agostinho de hipona. In: Anais do III Congresso Nordestino de Ciências da Religião e Teologia. Disponível em: http://www.unicap.br/ocs/index.php/cncrt/cncrt/paper/vie wFile/277/61. Acessado em 18-10-2021 – Adaptado.


Segundo essa passagem, a origem do mal está 

A
na liberdade do homem, dotado por Deus de livre-arbítrio.
B
na ação sobre os homens de um ente que personifica o mal.
C
na natureza humana, que, por ser finita, é próxima do mal.
D
no mau uso do livre-arbítrio, orientado pelo amor-próprio.
e6096395-75
UECE 2021 - Filosofia

“A tarefa da bela aparência artística, segundo Hegel, é libertar-nos da aparência sensorial impura e grosseira. No quadro de um mestre holandês, não é a exata reprodução dos objetos que nos agrada: é que a ‘magia da cor e da iluminação’ transfigura as pobres coisas naturais que são representadas; é que as cenas prosaicas de quermesses e bebedeiras são metamorfoseadas num ‘domingo da vida’; é que a ‘bela aparência’ torna fascinante o que, na vida, nos deixava indiferentes. Assim, a representação artística é uma negação sorrateira do sensível: ante os nossos olhos, o sensível se torna o que ele não é. Mas, é claro, é sempre ante nossos olhos que se efetua essa transmutação; é sempre no sensível que a arte critica o sensível. E porque a obra de arte se apresenta necessariamente numa matéria sensível, ela não pode ser ‘o modo de expressão mais elevado da verdade’. O fato de a obra de arte se dirigir à aísthesis (sensibilidade) constitui, para Hegel, tanto a sua essência como a sua limitação.”

LEBRUN, G. A mutação da obra de arte. In: A filosofia e sua história. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p. 332-333 – Adaptado.


Conforme o texto acima, é correto afirmar que, para Hegel, a arte não pode ser o modo de expressão mais elevado da verdade, porque 

A
ultrapassa o sensível, tornando-se conceitual.
B
não abrange toda a realidade por ser sensível.
C
se limita à pura e grosseira realidade sensível.
D
modifica o sensível, produzindo uma ilusão.
e606270b-75
UECE 2021 - Filosofia

“O comportamento efetivo, ativo do homem para consigo mesmo na condição de ser genérico, ou o acionamento de seu ser genérico como um ser genérico efetivo, na condição de ser humano, somente é possível porque ele efetivamente expõe todas as suas forças genéricas – o que é possível apenas mediante a ação conjunta dos homens, somente enquanto resultado da história –, comportando-se diante delas como frente a objetos.”

Marx, K. Manuscritos Econômico-filosóficos. Trad. bras. Jesus Ranieri. São Paulo: Boitempo Editorial, 2004, p. 22 – Adaptado.


Considerando a citação acima, é correto afirmar que

A
a história resulta da atividade prática pela qual o homem, em relação com outros, desenvolve-se como gênero humano.
B
o homem, na história, é determinado por forças, estranhas a ele, que o conduzem em direção a uma ação genérica.
C

as forças genéricas são o resultado de forças exteriores ao homem postas como objetos frente a ele.

D
a história resulta da relação que os homens, isoladamente, estabelecem com os objetos que a natureza lhes impõe. 
007288a0-58
UECE 2021 - Filosofia

Neste ano, comemoramos o centenário de nascimento do Patrono da Educação Brasileira, o Professor Paulo Freire (1921-1997). Atente para a seguinte passagem de sua autoria:


“[...] a educação é uma forma de intervenção no mundo [...], que além do conhecimento dos conteúdos bem ou mal ensinados e/ou aprendidos implica tanto o esforço de reprodução da ideologia dominante quanto seu desmascaramento. [...] não poderia ser a educação só uma ou só outra dessas coisas. [...] É um erro decretá-la como tarefa apenas reprodutora da ideologia dominante como erro tomá-la como uma força de desocultação da realidade, a atuar livremente, sem obstáculos e duras dificuldades”.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários

à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 98-99. – Adaptado.


No texto acima, o fato de a educação ser concebida como uma prática que une em si reprodução e desmascaramento da ideologia dominante, filosoficamente, manifesta uma

A
incoerência, que desobedece ao princípio lógico de não contradição.
B
posição dialética, que concebe os processos sociais como contraditórios.
C
concepção mecanicista, em que forças exteriores se opõem e se chocam.
D
ideação moral subjetiva, que atua no sentido contrário à realidade dada.
0065c090-58
UECE 2021 - Filosofia

“Os grandes cientistas de Tales a Demócrito e Anaxágoras costumam ser descritos nos livros de história ou de filosofia como ‘pré-socráticos’, como se sua principal função fosse sustentar a fortaleza filosófica até o advento de Sócrates, Platão e Aristóteles, e talvez influenciá-los um pouco. Na verdade, os antigos jônios representam uma tradição diferente e bastante questionadora, muito mais compatível com a ciência moderna.”


SAGAN, Carl. A espinha dorsal da noite. In: Cosmos. Trad. bras. Paulo Seiger. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.


É implícita a essa passagem de Carl Sagan (1934- 1996) acerca do surgimento e da história da filosofia grega a visão de que

A
depois de Sócrates os filósofos não estudaram a natureza.
B
Sócrates rompeu com os métodos dos filósofos jônicos.
C
os pensadores anteriores a Sócrates não eram filósofos.
D
Platão e Aristóteles não conheceram teses pré-socráticas. 
0068aace-58
UECE 2021 - Filosofia

“A teologia, para mim, é uma grandeza cultural na história da cultura do Ocidente. Creio que é uma grandeza constitutiva da tradição, sobretudo, filosófica: o termo ‘teologia’ nasceu da filosofia, é um termo criado por Platão. [...] Quando a filosofia ultrapassa o domínio daquilo que, de alguma maneira, é diretamente acessível à experiência e controlado por ela, entra neste domínio que Platão chama de ‘suprassensível’, inteligível, ou como quer que seja. Este é, para mim, um domínio no qual o problema teológico se apresenta inevitavelmente, porque se apresenta o problema da ordem das realidades e toda ordem supõe um princípio ordenador, tornando-se então, de alguma maneira, uma teologia.”

VAZ, Henrique Claudio de Lima. Filosofia e forma da ação.

Entrevista a Cadernos de filosofia alemã, 2, p. 77-102, 1997.


Na passagem acima citada, o filósofo brasileiro H. C. de Lima Vaz (1921-2002) apresenta uma interpretação do pensamento filosófico como uma teologia. Recorrendo à filosofia de Platão para explicar essa sua interpretação, ele termina por nos oferecer uma interpretação da própria teoria platônica das ideias, que seria uma espécie de teologia, porque 

A
mostra como os deuses gregos não são corpóreos, mas espirituais.
B
é a base da posterior teologia revelada dos pais da Igreja cristã.
C
apresenta os princípios inteligíveis ordenadores da realidade natural e ética.
D
afirma que não existe realidade sensível, mas apenas a suprassensível.
006bc320-58
UECE 2021 - Filosofia

Leia com atenção o seguinte diálogo entre Galileu e o garoto Andrea, personagens da peça Vida de Galileu (1938-39), do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956):


“GALILEU – Você entendeu o que eu lhe expliquei ontem?

ANDREA – O quê? Aquela história de Copérnico e da rotação da Terra?

GALILEU – É.

ANDREA – Por que o senhor quer que eu entenda? É muito difícil, e eu ainda não fiz onze anos, vou fazer em outubro.

GALILEU – Mas eu quero que você entenda. É para que se entendam essas coisas que eu trabalho e compro livros caros em vez de pagar o leiteiro.

ANDREA – Mas eu vejo que o Sol de noite não está onde estava de manhã. Quer dizer que ele não pode ficar parado! Nunca, jamais...

GALILEU – Você vê?! O que você vê? Você não vê nada! Você arregala os olhos, mas arregalar os olhos não é ver.

Galileu põe a bacia de ferro no centro do quarto e diz:

GALILEU – Bem, isto é o Sol (aponta para a bacia).

Sente-se aí (aponta para a cadeira).

Andrea se senta na única cadeira, tendo a bacia à sua esquerda; Galileu fica de pé, atrás dele, e pergunta:

GALILEU – Onde está o Sol, à direita ou à esquerda?

ANDREA – À esquerda.

GALILEU – Como fazer para ele passar para a direita?

ANDREA – O senhor carrega a bacia para a direita, claro.

GALILEU – E não tem outro jeito?

Galileu levanta Andrea e a cadeira do chão, coloca-os do outro lado da bacia e pergunta:

GALILEU – Agora, onde está o Sol?

ANDREA – À direita.

GALILEU – E ele se moveu?

ANDREA – Ele, não.

GALILEU – O que é que se moveu?

ANDREA – Eu.

GALILEU (gritando) – Errado, seu desatencioso! A cadeira! A cadeira se moveu!

ANDREA – Mas eu com ela!

GALILEU – Claro, a cadeira é a Terra. Você está em cima dela.”


BRECHT, B. A vida de Galileu. Trad. Roberto Schwartz. In: Bertolt Brecht. Teatro completo, vol. 6.– 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. Adaptado.


Com base no diálogo acima, é correto afirmar que, para o personagem Galileu, para compreender os fenômenos astronômicos acima discutidos, 

A
não é necessário observá-los, pois é suficiente raciocinar sobre eles.
B
não é necessário raciocinar sobre eles, basta melhor observá-los.
C
é necessário observá-los, com base em raciocínios e cálculos corretos.
D
é necessário ler criticamente o que sobre eles diz a tradição filosófica.
006f46d3-58
UECE 2021 - Filosofia

Entre 16 e 18 de setembro de 1982, ocorreu um massacre de palestinos e libaneses em dois campos de refugiados situados a Oeste de Beirute (capital do Líbano), chamados Sabra e Chatila. Na época, o Líbano estava sob ocupação israelense. Em 22 de setembro do mesmo ano, o filósofo judeu brasileiro Maurício Tragtenberg (1929-1998) publicou um artigo de opinião em que afirma:


“Deu-se o massacre dos palestinos dos campos de Sabra e Chatila por obra dos assassinos chefiados por Cel. Haddad, com conivência e participação [do Exército de Israel], isso após a morte do traficante de haxixe [Bashir] Gemayel, novo ‘Quisling’ [traidor] imposto pelas tropas de ocupação. Por tudo isso, ser fiel à tradição judaica é condenar mais este genocídio praticado contra o povo palestino. É necessário acabar de vez com o etnocentrismo que toma a forma de judeu-centrismo, onde o massacre de judeus brancos por brancos europeus tem um status diferente do massacre dos armênios pelos turcos, dos negros africanos pelos traficantes de escravos, dos chineses na Indonésia. Assim, Auschwitz é elevado a potência metafísica. Sou um dos últimos a minimizar as atrocidades cometidas em Auschwitz, porém, as lágrimas de outros povos não contam?”


TRAGTENBERG, M. Menachem Begin visto por Einstein, H.

Arendt e N. Goldman. Folha de São Paulo, 22/09/1982.


Acerca do conceito moderno dos direitos humanos, é implícito à concepção de M. Tragtenberg que

A
há uma universalidade nos direitos humanos, independentemente de etnia e cultura.
B
o massacre de brancos europeus tem um status diferente de outros massacres.
C
a tradição judaica tem uma concepção etnocêntrica sobre os direitos humanos.
D
o genocídio de judeus pelos nazistas em Auschwitz tem um significado metafísico.
e8b67d15-0a
UECE 2021 - Filosofia

“[...] Se o homem carecesse de livre-arbítrio da vontade, como poderia existir esse bem, que consiste em manifestar a justiça, condenando os pecados e premiando as boas ações? Visto que a conduta desse homem não seria pecado nem boa ação, caso não fosse voluntária. Igualmente o castigo, como a recompensa, seria injusto, se o homem não fosse dotado de vontade livre.”

Santo Agostinho. O livre arbítrio, II, 1, 3. Trad. bras. Nair de Assis Oliveira. São Paulo: Paulus, 1995.

Considerando a citação acima e o seguinte trecho da mesma obra que afirma “não só possuímos o livrearbítrio da vontade, mas acontece ainda que é por ele que pecamos” (O livre arbítrio, II, 1, 1), é correto concluir que, dotados de livre-arbítrio, nós

A
podemos pecar ou não.
B
precisamos pecar.
C
temos a permissão de pecar.
D
queremos pecar.
e8babfbf-0a
UECE 2021 - Filosofia

Sobre o conceito de experiência em Kant, o filósofo Manfredo de Oliveira afirma:

“[P]ara Kant, experiência não é, acima de tudo, nem somente, a recepção de dados, mas a transformação destes dados em objeto para o homem. Com isto, afirma-se que a experiência do mundo é mediada por uma atividade prévia da subjetividade humana. É neste sentido que se pode afirmar que o mundo só existe através do homem: não evidentemente em sua realidade física, mas como objeto do qual falamos e fazemos afirmações.”

Oliveira, M. A. A antropologia na filosofia de Kant. Revista de Ciências Sociais, Vol. IX, nº 1-2 UFC, 1978.

Com base na citação acima, assinale a opção que corresponde ao conceito de experiência em Kant.

A
Completa-se com a apreensão dos objetos do mundo pela sensibilidade.
B
É a atividade do sujeito em que as coisas se tornam objeto de conhecimento.
C
É o modo pelo qual o mundo é uma existência puramente subjetiva.
D
É o processo histórico pelo qual se forma a subjetividade humana.
e8dc45c7-0a
UECE 2021 - Filosofia

Atente para a seguinte máxima de Epicuro: “A carne considera ilimitados os limites do prazer e seria necessário um tempo também infinito para satisfazê-la. Mas a inteligência que se tornou capaz de compreender qual é o fim e o limite da carne e nos liberou do temor em relação à eternidade proporciona-nos uma vida perfeita e não sentimos mais necessidade de uma duração infinita. Ela não foge do prazer, todavia, nem considera, diante das circunstâncias anunciadoras de que deixaremos de viver, ter sido privada daquilo que oferece a melhor vida”.

Epicuro. Máximas, XX. Trad. bras. João Quartim de Morais. São Paulo: Edições Loyola, 2010.

Conforme a máxima acima, a “vida perfeita”, a “melhor vida” (a vida feliz), consiste

A
na recusa dos prazeres.
B
na duração infinita de vida.
C
em agir pela inteligência.
D
em espiritualizar os prazeres.
e8d8cf45-0a
UECE 2021 - Filosofia

Aristóteles afirma na Ética a Nicômaco que é possível, do ponto de vista moral, errar de muitas maneiras, mas só há uma maneira de acertar (EN, II, 6, 1106b 29-30). Erramos quando temos medo de tudo e não enfrentamos nada; erramos quando nos entregamos sem medida a todo tipo de prazer; erramos quando não restituímos o que é do outro por direito. Por outro lado, acertamos quando evitamos os excessos.

No que diz respeito à Ética de Aristóteles, é correto afirmar que

A
iremos voluntariamente cometer erros, porque não está em nosso poder evitá-los.
B
agimos com virtude se seguimos o exemplo do indivíduo dotado de sabedoria prática.
C
quem tem o conhecimento do que são as virtudes evitará as várias maneiras de errar.
D
basta que acertemos uma única vez para sermos considerados como seres virtuosos.
e8d52273-0a
UECE 2021 - Filosofia

Em maio de 2021, o Brasil perdeu um de seus principais filósofos contemporâneos, o Professor Roberto Machado (UFRJ). Além de um dos mais importantes intérpretes do pensamento de Friedrich Nietzsche, também foi tradutor e responsável pela introdução, no Brasil, das filosofias de Michel Foucault e Gilles Deleuze.

Considerando os filósofos por ele estudados, assinale com V ou F, conforme seja verdadeiro ou falso, o que se afirma a seguir:

( ) O pensamento acerca das estratégias de poder disciplinar, assujeitamento e docilização dos corpos faz parte do leque conceitual do filósofo Michel Foucault.
( ) Nietzsche é um dos pontos de inflexão na passagem do pensamento moderno ao da contemporaneidade, por suas críticas às noções de sujeito, consciência e moral.
( ) Nietzsche e Foucault têm em comum a tese de que os poderes são múltiplos, que se opõem, se chocam e se relacionam, não existindo apenas um centro de poder.
( ) Nietszche e Foucault, apesar das divergências entre suas filosofias, convergem no sentido de uma retomada e reaproximação do pensamento dialético hegeliano.

A sequência correta, de cima para baixo, é:

A
V, F, V, F.
B
F, V, F, V.
C
V, V, V, F.
D
F, F, F, V.
e8d1c357-0a
UECE 2021 - Filosofia

O filme Judas e o messias negro (2021), ganhador do Oscar de melhor ator coadjuvante (Daniel Kaluuya), conta a história de vida de Fred Hampton, revolucionário negro norte-americano, ativista na luta contra o racismo e membro do movimento Panteras Negras. Foi assassinado aos 21 anos, em 1969. Em um vídeo publicado no canal da editora Autonomia Literária, no Youtube, Hampton pode ser visto discursando em um auditório para uma pequena plateia multiétnica, quando diz:

“Povo negro, povo branco pobre, povo indígena pobre, povo porto-riquenho pobre, povo latino-americano pobre, povo pobre de todas as descendências! Eles os agruparam em seus movimentos baseados no racismo, quando o Panteras Negras se levantou e disse: ‘Não importa o que digam, não pensamos em combater fogo com fogo, pensamos em combater água com água’. Vamos combater o racismo, não com racismo, mas vamos combatê-lo com solidariedade. Não vamos combater o capitalismo com capitalismo negro, mas vamos combatê-lo com socialismo”.

Fred Hampton explica como a classe dominante usa o racismo para explorar os trabalhadores, vídeo disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Pry4iRfHqEk, acessado em 31-05-2021.

Segundo esse trecho do discurso, é correto afirmar que, para Hampton,

A
a luta contra o racismo deve opor negros, índios e latino-americanos a brancos.
B
os negros precisam tornar-se capitalistas para deixarem de ser discriminados.
C
cada etnia precisa organizar-se isoladamente para fazer valer seus direitos.
D
é preciso opor ao racismo a solidariedade entre os pobres de todas as etnias.
e8cdb97a-0a
UECE 2021 - Filosofia

No livro X de A República, encontra-se a seguinte afirmação de Sócrates em um diálogo com Glauco acerca da poíēsis (produção, fabricação, poesia) e da mímēsis (imitação):

“Acaso não existem três formas de cama? Uma que é natural, e da qual diremos, segundo entendo, que Deus a confeccionou. Ou que outro Ser poderia fazêlo? [...] Outra, a que executou o marceneiro. [...] Outra, feita pelo pintor. Ou não? [...] Logo, pintor, marceneiro, Deus, esses três seres presidem aos tipos de cama”.

Platão. A República, 597b. Trad. port. Maria Helena da Rocha Pereira. 9ª edição. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2001. Adaptado.

Apoiando-se na citação acima, que é ilustrativa da concepção platônica da poíēsis e da mímēsis, bem como de sua crítica da pintura, da poesia trágica, dentre outras, e no conhecimento a respeito do tema, assinale a proposição verdadeira.

A
O marceneiro e o pintor produzem imitando.
B
Os três tipos de produção são miméticas.
C
Somente Deus produz, os outros imitam.
D
Somente o pintor imita, mas não produz.
e8c96409-0a
UECE 2021 - Filosofia

“A seus dois deuses da arte, Apolo e Dioniso, vincula-se a nossa cognição de que no mundo helênico existe uma enorme contraposição, quanto a origens e objetivos, entre a arte do figurador plástico, a apolínea, e a arte não-figurada da música, a de Dioniso: ambos os impulsos caminham lado a lado (...) incitando-se mutuamente a produções sempre novas, para perpetuar nelas a luta daquela contraposição sobre a qual a palavra comum ‘arte’ lançava apenas a ponta; até que, por fim, através de um miraculoso ato metafísico da ‘vontade’ helênica, apareceram emparelhados um com o outro, e nesse emparelhamento tanto a obra de arte dionisíaca quanto a apolínea geraram a arte trágica.”

Nietzsche, F. W. O nascimento da tragédia, §1. Trad. bras. J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

A citação acima se refere à tese nietzscheana sobre a origem da arte trágica. Considerando essa citação, e o que se conhece a respeito do tema, assinale a afirmação FALSA.

A
Há uma correlação entre arte e pessimismo que explica a força e a capacidade de superação dos gregos.
B
Da medida apolínea e da desmedida dionisíaca revela-se a conversão, na cultura grega, do sofrimento em arte.
C
O otimismo teórico de base racional está na base do fortalecimento e do desenvolvimento da arte trágica.
D
Para Nietzsche, a vontade helênica é a capacidade dos gregos de fundir o apolíneo e o dionisíaco na arte trágica.
e8c5e968-0a
UECE 2021 - Filosofia

Theodor Adorno diagnostica que “os pressupostos dos movimentos fascistas, apesar de seu colapso, ainda perduram socialmente, mesmo se não perduram de forma imediatamente política. [...] Esses grupos continuam a tender a um ódio ao socialismo ou àquilo que eles chamam de socialismo, isto é, transferem a culpa de sua própria perda de posição social potencial não ao sistema que a causa, mas àqueles que se opuseram criticamente a este sistema no qual outrora eles possuíam status”.

Adorno, Theodor. Aspectos do novo radicalismo de direita. Trad. bras. Felipe Catalani. São Paulo: Editora Unesp, 2020. Adaptado.

Considerando o trecho acima, assinale com V ou F conforme seja verdadeiro ou falso o que se afirma a seguir.

( ) O “radicalismo de direita”, segundo Adorno, desapareceu com a queda do nazismo na Alemanha, em 1945.
( ) Os movimentos fascistas foram derrotados, mas as condições sociais do seu surgimento ainda existem.
( ) O fascista se coloca contra quem combate o sistema cuja crise, contudo, causa sua perda de posição social.
( ) O “radical de direita” se opõe a um inimigo difuso, posto que não reconhece as condições concretas de sua própria crise.

A sequência correta, de cima para baixo, é:

A
F, V, F, V.
B
V, F, F, F.
C
F, V, V, V.
D
V, F, V, F.
e8c24e34-0a
UECE 2021 - Filosofia

A Enciclopédia, organizada por Jean d'Alembert e Denis Diderot, obra central do Iluminismo do século XVIII, no verbete Tirania, de autoria de Louis de Jaucourt, afirma: “Tirania é todo governo injustamente exercido sem o freio da lei”. Adiante, afirma que “ninguém, seja quem for, tem direito por natureza” a exercer o poder tirânico, ou seja, sem os freios da lei. Disso, afirma não acreditar “que alguma vez tenha existido um povo que tenha sido tão bárbaro e tão imbecil a ponto de se submeter à tirania por meio de um contrato”.

Jaucourt, Louis de. Tirania. In: D’Alembert, Jean; Diderot, Denis. Enciclopédia, vol. 4. Trad. bras. Maria das Graças de Souza et al. São Paulo: Editora Unesp, 2015.

Considerando a informação contida no trecho acima, é correto concluir que

A
toda forma de governo é tirânica, segundo a lei de natureza.
B
um governo que governa sem leis é harmônico com a Suprema Corte.
C
a legalidade dos atos de governo é contra a lei de natureza.
D
o governante que age sem o controle das leis é um tirano.
e8dfd54d-0a
UECE 2021 - Filosofia

O Artigo Primeiro da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, diz: “Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos”. Essa concepção de que os homens são, por natureza, livres e iguais expressa

A
a visão contratualista de que os indivíduos possuem direitos naturais pré-políticos.
B
a visão grega de que o homem, por natureza, pertence a uma comunidade humana livre.
C
a visão marxista de que a igualdade e a liberdade são naturais e garantidas pelo Estado.
D
a visão medieval de que o direito natural é divino, devendo haver liberdade e igualdade.