“Os grandes cientistas de Tales a Demócrito e
Anaxágoras costumam ser descritos nos livros de
história ou de filosofia como ‘pré-socráticos’, como se
sua principal função fosse sustentar a fortaleza
filosófica até o advento de Sócrates, Platão e
Aristóteles, e talvez influenciá-los um pouco. Na
verdade, os antigos jônios representam uma tradição
diferente e bastante questionadora, muito mais
compatível com a ciência moderna.”
SAGAN, Carl. A espinha dorsal da noite. In: Cosmos. Trad.
bras. Paulo Seiger. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
É implícita a essa passagem de Carl Sagan (1934-
1996) acerca do surgimento e da história da filosofia
grega a visão de que
“Os grandes cientistas de Tales a Demócrito e Anaxágoras costumam ser descritos nos livros de história ou de filosofia como ‘pré-socráticos’, como se sua principal função fosse sustentar a fortaleza filosófica até o advento de Sócrates, Platão e Aristóteles, e talvez influenciá-los um pouco. Na verdade, os antigos jônios representam uma tradição diferente e bastante questionadora, muito mais compatível com a ciência moderna.”
SAGAN, Carl. A espinha dorsal da noite. In: Cosmos. Trad. bras. Paulo Seiger. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
É implícita a essa passagem de Carl Sagan (1934- 1996) acerca do surgimento e da história da filosofia grega a visão de que
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa B
1. Tema central
A questão trata da relação entre os chamados filósofos jônicos (pré-socráticos) e a virada socrática: Sagan sugere que os jônios representam uma tradição orientada à investigação da natureza, distinta e questionadora, enquanto a chegada de Sócrates marca uma mudança de enfoque. É preciso reconhecer que o texto implica um ruptura metodológica entre tradições.
2. Resumo teórico
- Filósofos jônicos (Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Heraclito, Parmênides, Demócrito, Anaxágoras) investigavam a physis — causas e princípios naturais — usando observação, abstração e argumentos racionais (ver coleção de fragmentos: Diels-Kranz).
- Sócrates desloca o foco para o humano: ética, definição de virtudes e método dialético (elenchus). Platão e Aristóteles herdam e transformam esses problemas, mas a ênfase socrática é clara (ver Platão, Diálogos; Aristóteles, Metafísica/Ética).
- Sagan, em Cosmos, destaca que os jônios se assemelham à ciência moderna por sua busca naturalista e crítica.
3. Justificativa da alternativa correta (B)
O trecho implica que Sócrates representa uma mudança de método e tema: os jônios não existem apenas para preparar o terreno, mas constituem uma tradição diferente — logo, a visão implícita é a de que Sócrates rompeu com os métodos dos filósofos jônicos. Essa é a inferência lógica do autor ao contrapor duas tradições (ionia vs. socrática).
4. Por que as demais alternativas estão erradas
A: Incorreta — é falso que depois de Sócrates ninguém estudou a natureza: Aristóteles desenvolveu extensa investigação natural (biologia, física).
C: Incorreta — o texto não nega que os jônios eram filósofos; ao contrário, reconhece sua relevância e proximidade com a ciência.
D: Incorreta — Platão e, sobretudo, Aristóteles conheciam e dialogaram com teses pré-socráticas (Aristóteles cita e critica numerosos pré-socráticos).
5. Estratégia para resolver questões assim
- Procure o verbo-chave do enunciado: aqui, “implícita…acerca” pede inferência.
- Identifique contraste/posição do autor (palavras como “diferente”, “rompimento”, “compatível com a ciência moderna”).
- Verifique factualidade histórica: relacionamentos entre pensadores (Sócrates, Platão, Aristóteles e pré-socráticos) e continuidade/ruptura.
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