Atente para a seguinte máxima de Epicuro:
“A carne considera ilimitados os limites do prazer e
seria necessário um tempo também infinito para
satisfazê-la. Mas a inteligência que se tornou capaz
de compreender qual é o fim e o limite da carne e
nos liberou do temor em relação à eternidade
proporciona-nos uma vida perfeita e não sentimos
mais necessidade de uma duração infinita. Ela não
foge do prazer, todavia, nem considera, diante das
circunstâncias anunciadoras de que deixaremos de
viver, ter sido privada daquilo que oferece a melhor
vida”.
Epicuro. Máximas, XX. Trad. bras. João Quartim de Morais.
São Paulo: Edições Loyola, 2010.
Conforme a máxima acima, a “vida perfeita”, a
“melhor vida” (a vida feliz), consiste
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa C
Tema central: ética epicurista — o que constitui a “vida feliz” segundo Epicuro. É preciso conhecer a distinção epicurista entre prazer sensível imediato e prazer regulado pela razão (inteligência/prudência).
Resumo teórico (essencial): Epicuro defende que o bem supremo é o prazer entendido como ausência de dor e perturbação (ataraxia). Contudo, a razão determina quais prazeres devem ser buscados, quais evitar e aceita limites finitos da vida. A felicidade resulta do agir prudente, não de um hedonismo acrítico nem de fuga total aos prazeres.
Justificativa da alternativa correta (C): A máxima mostra que a “inteligência” compreende limites da carne, liberta-nos do temor da eternidade e torna a vida perfeita. Ou seja, a felicidade se alcança quando agimos guiados pela razão/prudência — regulando prazeres e evitando medos inúteis. Portanto, “em agir pela inteligência” expressa corretamente a posição epicurista.
Análise das incorretas:
- A — na recusa dos prazeres. Errado: Epicuro não recusa prazeres; distingue prazeres naturais/necessários de desejos vãos. A recusa total contradiz seu hedonismo racional.
- B — na duração infinita de vida. Errado: o texto critica a necessidade de duração infinita; a inteligência torna desnecessária a vida eterna. Epicuro não valoriza a eternidade como condição da felicidade.
- D — em espiritualizar os prazeres. Errado: Epicuro trata prazeres corporais e mentais, mas não “espiritualiza” prazeres; valoriza a regulação racional, não a transformação metafísica dos prazeres.
Estratégias para resolver: identifique termos-chave do enunciado (“inteligência”, “limite”, “eternidade”) e compare com doutrina conhecida: se o autor é hedonista racional, procure alternativa que contenha prudência/razão. Desconfie de opções absolutas como “recusa total” ou “duração infinita”.
Fonte recomendada: Epicuro, Máximas; para estudo crítico, leia a entrada “Epicurus” na Stanford Encyclopedia of Philosophy.
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