Sobre o conceito de experiência em Kant, o
filósofo Manfredo de Oliveira afirma:
“[P]ara Kant, experiência não é, acima de tudo, nem
somente, a recepção de dados, mas a
transformação destes dados em objeto para o homem. Com isto, afirma-se que a experiência do
mundo é mediada por uma atividade prévia da
subjetividade humana. É neste sentido que se pode
afirmar que o mundo só existe através do homem:
não evidentemente em sua realidade física, mas
como objeto do qual falamos e fazemos afirmações.”
Oliveira, M. A. A antropologia na filosofia de Kant. Revista
de Ciências Sociais, Vol. IX, nº 1-2 UFC, 1978.
Com base na citação acima, assinale a opção que
corresponde ao conceito de experiência em Kant.
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: trata-se do conceito de experiência em Kant, isto é, como os dados sensoriais tornam‑se objetos de conhecimento. Esse é um tópico recorrente em provas de filosofia porque exige distinguir recepção sensorial pura e a atividade cognitiva que a organiza.
Resumo teórico (claro e progressivo):
- Kant (Crítica da Razão Pura) distingue duas faculdades: sensibilidade (recebe dados, intuições) e entendimento (aplica conceitos/categorias).
- Por meio da síntese — atividade espontânea do sujeito — os dados brutos tornam‑se objetos de experiência: somente assim há conhecimento empírico.
- Logo, a experiência é mediada por uma atividade cognitiva prévia; não é mero registro passivo dos dados.
- Fontes relevantes: Immanuel Kant, Crítica da Razão Pura; comentários contemporâneos (p.ex. P. Guyer, A. Wood) e a citação de Manfredo de Oliveira utilizada como apoio.
Justificativa da alternativa correta (B):
A alternativa B afirma que a experiência é "a atividade do sujeito em que as coisas se tornam objeto de conhecimento". Isso reflete com precisão a ideia kantiana de que o sujeito não apenas recebe impressões: ele as organiza por meio das categorias e da síntese aperceptiva, transformando dados em objetos cognoscíveis. Ou seja, experiência = sensibilidade + atividade do entendimento.
Análise das alternativas incorretas:
- A — fala apenas da apreensão pela sensibilidade. Falha por reduzir experiência à receptividade; ignora o papel ativo do entendimento e das categorias.
- C — afirma que o mundo é "existência puramente subjetiva". Isso é exagero: Kant propõe idealismo transcendental, que não equivale a negar a realidade física, mas a dizer que conhecemos o mundo como objeto para nós, mediado por estruturas subjetivas — não é subjetivismo absoluto.
- D — trata a experiência como processo histórico de formação da subjetividade. Kant trata a condição do conhecimento de forma transcendental, não como desenvolvimento histórico (essa interpretação é anacrônica para o autor).
Dica de prova: procure termos-chave no enunciado: "atividade do sujeito", "transformação dos dados", "mediação" indicam leitura kantiana correta; desconfie de alternativas que usem "somente", "puramente" ou que revertam a tese para historicismo.
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