Questão e8d8cf45-0a
Prova:UECE 2021
Disciplina:Filosofia
Assunto:

Aristóteles afirma na Ética a Nicômaco que é possível, do ponto de vista moral, errar de muitas maneiras, mas só há uma maneira de acertar (EN, II, 6, 1106b 29-30). Erramos quando temos medo de tudo e não enfrentamos nada; erramos quando nos entregamos sem medida a todo tipo de prazer; erramos quando não restituímos o que é do outro por direito. Por outro lado, acertamos quando evitamos os excessos.

No que diz respeito à Ética de Aristóteles, é correto afirmar que

A
iremos voluntariamente cometer erros, porque não está em nosso poder evitá-los.
B
agimos com virtude se seguimos o exemplo do indivíduo dotado de sabedoria prática.
C
quem tem o conhecimento do que são as virtudes evitará as várias maneiras de errar.
D
basta que acertemos uma única vez para sermos considerados como seres virtuosos.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: Trata-se da ética aristotélica, em especial da doutrina da virtude como meio entre extremos e do papel da sabedoria prática (phronesis) como guia do agir virtuoso. Conhecer esse núcleo é essencial para responder corretamente.

Resumo teórico: Para Aristóteles (Ética a Nicômaco, II.6, 1106b29-30) a virtude moral é uma disposição adquirida por hábito que nos leva ao meio adequado entre dois vícios (excesso e defeito). A pessoa virtuosa age conforme a razão prática; o phronimos (o indivíduo dotado de sabedoria prática) sabe qual é o meio e serve de modelo. Virtude não é apenas saber teoricamente, nem um ato isolado, mas uma disposição estável orientada pela razão prática.

Justificativa da alternativa B: A alternativa B afirma que "agimos com virtude se seguimos o exemplo do indivíduo dotado de sabedoria prática". Isso está alinhado com Aristóteles: o phronimos mostra como situar-se no meio; imitar esse critério prático é condição para agir virtuosamente. Logo, B é correta.

Análise das alternativas incorretas:

A (errada) — "iremos voluntariamente cometer erros, porque não está em nosso poder evitá-los." Aristóteles distingue ações voluntárias e involuntárias e defende que a virtude se forma pelo hábito e pela deliberação; não somos impotentes para evitar erros morais. A alternativa confunde contingência com inevitabilidade.

C (errada) — "quem tem o conhecimento do que são as virtudes evitará as várias maneiras de errar." Ter conhecimento teórico não é suficiente. Aristóteles diferencia conhecimento intelectual de phronesis e hábito: é preciso prática e formação do caráter, não só saber conceitual.

D (errada) — "basta que acertemos uma única vez para sermos considerados como seres virtuosos." Virtude, para Aristóteles, é uma disposição estável; um único ato correto não constitui virtude. Exige repetição e constância.

Dica de prova: Procure termos-chave no enunciado (meio, phronesis, hábito). Se a alternativa enfatiza conhecimento puro ou ato isolado, provavelmente é armadilha.

Fonte principal: Aristóteles, Ética a Nicômaco, Livro II (cap. 6), referência clássica: EN II.6, 1106b29-30.

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