Theodor Adorno diagnostica que “os
pressupostos dos movimentos fascistas, apesar de
seu colapso, ainda perduram socialmente, mesmo
se não perduram de forma imediatamente política.
[...] Esses grupos continuam a tender a um ódio ao
socialismo ou àquilo que eles chamam de
socialismo, isto é, transferem a culpa de sua própria
perda de posição social potencial não ao sistema
que a causa, mas àqueles que se opuseram
criticamente a este sistema no qual outrora eles
possuíam status”.
Adorno, Theodor. Aspectos do novo radicalismo de direita.
Trad. bras. Felipe Catalani. São Paulo:
Editora Unesp, 2020. Adaptado.
Considerando o trecho acima, assinale com V ou F
conforme seja verdadeiro ou falso o que se afirma a
seguir.
( ) O “radicalismo de direita”, segundo Adorno,
desapareceu com a queda do nazismo na
Alemanha, em 1945.
( ) Os movimentos fascistas foram derrotados,
mas as condições sociais do seu surgimento
ainda existem.
( ) O fascista se coloca contra quem combate o
sistema cuja crise, contudo, causa sua
perda de posição social.
( ) O “radical de direita” se opõe a um inimigo
difuso, posto que não reconhece as
condições concretas de sua própria crise.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
Gabarito comentado
Resposta correta: C — F, V, V, V
Tema central: Adorno analisa como o “radicalismo de direita” (novo radicalismo/fascismo) não desaparece automaticamente com derrotas políticas: suas bases sociais e representações persistem e geram deslocamento de culpa para inimigos identificados (p.ex. “socialismo”). Compreender isso exige conhecer conceitos da Escola de Frankfurt, autoritarismo e dinâmica de scapegoating.
Resumo teórico essencial: Para Adorno, grupos reacionários podem perder poder institucional, mas mantêm atitudes e afetos (ódio, ressentimento) que se manifestam em novas formas políticas. A perda de posição social é reinterpretada como culpa de “inimigos” (quem critica o sistema), não do sistema em crise.
Avaliação das afirmações (ordem dada):
(F) — “O radicalismo de direita desapareceu com a queda do nazismo em 1945.” Justificativa: Adorno afirma o contrário: o fenômeno social persiste além da derrota política. Logo, a afirmação é falsa.
(V) — “Os movimentos fascistas foram derrotados, mas as condições sociais do seu surgimento ainda existem.” Justificativa: Corresponde diretamente ao trecho: derrota política ≠ eliminação das condições sociais e ideológicas.
(V) — “O fascista se coloca contra quem combate o sistema cuja crise, contudo, causa sua perda de posição social.” Justificativa: Adorno aponta que o ressentimento é direcionado a críticos do sistema (acusados de causar sua perda), portanto a frase é verdadeira.
(V) — “O radical de direita se opõe a um inimigo difuso, posto que não reconhece as condições concretas de sua própria crise.” Justificativa: Verdadeiro — há uma transferência de responsabilidade para inimigos identificáveis em vez de análise estrutural da crise.
Por que a alternativa C é a correta: Porque apenas a primeira assertiva contradiz o argumento de Adorno; as demais reproduzem suas ideias sobre persistência social, deslocamento de culpa e identificação de inimigos difusos. As outras opções (A, B, D) contêm combinações que não coincidem com essas verdades/falsidades.
Dica para concursos: Atente a enunciados que negam continuidade histórica (p. ex. “desapareceu com...”) — frequentemente são armadilhas. Busque a ideia central do autor no trecho: palavras-chave como “ainda perduram”, “transferem a culpa”, “não reconhecem” sinalizam continuidade e deslocamento de responsabilidade.
Fonte principal: Adorno, Theodor — Aspectos do novo radicalismo de direita (adaptado).
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