Leia com atenção o seguinte diálogo entre
Galileu e o garoto Andrea, personagens da peça Vida
de Galileu (1938-39), do dramaturgo alemão Bertolt
Brecht (1898-1956):
“GALILEU – Você entendeu o que eu lhe expliquei
ontem?
ANDREA – O quê? Aquela história de Copérnico e da
rotação da Terra?
GALILEU – É.
ANDREA – Por que o senhor quer que eu entenda? É
muito difícil, e eu ainda não fiz onze anos,
vou fazer em outubro.
GALILEU – Mas eu quero que você entenda. É para
que se entendam essas coisas que eu
trabalho e compro livros caros em vez de
pagar o leiteiro.
ANDREA – Mas eu vejo que o Sol de noite não está
onde estava de manhã. Quer dizer que ele
não pode ficar parado! Nunca, jamais...
GALILEU – Você vê?! O que você vê? Você não vê
nada! Você arregala os olhos, mas
arregalar os olhos não é ver.
Galileu põe a bacia de ferro no centro do quarto e diz:
GALILEU – Bem, isto é o Sol (aponta para a bacia).
Sente-se aí (aponta para a cadeira).
Andrea se senta na única cadeira, tendo a bacia à sua
esquerda; Galileu fica de pé, atrás dele, e pergunta:
GALILEU – Onde está o Sol, à direita ou à esquerda?
ANDREA – À esquerda.
GALILEU – Como fazer para ele passar para a direita?
ANDREA – O senhor carrega a bacia para a direita,
claro.
GALILEU – E não tem outro jeito?
Galileu levanta Andrea e a cadeira do chão, coloca-os
do outro lado da bacia e pergunta:
GALILEU – Agora, onde está o Sol?
ANDREA – À direita.
GALILEU – E ele se moveu?
ANDREA – Ele, não.
GALILEU – O que é que se moveu?
ANDREA – Eu.
GALILEU (gritando) – Errado, seu desatencioso! A
cadeira! A cadeira se moveu!
ANDREA – Mas eu com ela!
GALILEU – Claro, a cadeira é a Terra. Você está em
cima dela.”
BRECHT, B. A vida de Galileu. Trad. Roberto Schwartz. In:
Bertolt Brecht. Teatro completo, vol. 6.– 3ª ed.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. Adaptado.
Com base no diálogo acima, é correto afirmar que,
para o personagem Galileu, para compreender os
fenômenos astronômicos acima discutidos,
Leia com atenção o seguinte diálogo entre Galileu e o garoto Andrea, personagens da peça Vida de Galileu (1938-39), do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956):
“GALILEU – Você entendeu o que eu lhe expliquei ontem?
ANDREA – O quê? Aquela história de Copérnico e da rotação da Terra?
GALILEU – É.
ANDREA – Por que o senhor quer que eu entenda? É muito difícil, e eu ainda não fiz onze anos, vou fazer em outubro.
GALILEU – Mas eu quero que você entenda. É para que se entendam essas coisas que eu trabalho e compro livros caros em vez de pagar o leiteiro.
ANDREA – Mas eu vejo que o Sol de noite não está onde estava de manhã. Quer dizer que ele não pode ficar parado! Nunca, jamais...
GALILEU – Você vê?! O que você vê? Você não vê nada! Você arregala os olhos, mas arregalar os olhos não é ver.
Galileu põe a bacia de ferro no centro do quarto e diz:
GALILEU – Bem, isto é o Sol (aponta para a bacia).
Sente-se aí (aponta para a cadeira).
Andrea se senta na única cadeira, tendo a bacia à sua esquerda; Galileu fica de pé, atrás dele, e pergunta:
GALILEU – Onde está o Sol, à direita ou à esquerda?
ANDREA – À esquerda.
GALILEU – Como fazer para ele passar para a direita?
ANDREA – O senhor carrega a bacia para a direita, claro.
GALILEU – E não tem outro jeito?
Galileu levanta Andrea e a cadeira do chão, coloca-os do outro lado da bacia e pergunta:
GALILEU – Agora, onde está o Sol?
ANDREA – À direita.
GALILEU – E ele se moveu?
ANDREA – Ele, não.
GALILEU – O que é que se moveu?
ANDREA – Eu.
GALILEU (gritando) – Errado, seu desatencioso! A cadeira! A cadeira se moveu!
ANDREA – Mas eu com ela!
GALILEU – Claro, a cadeira é a Terra. Você está em cima dela.”
BRECHT, B. A vida de Galileu. Trad. Roberto Schwartz. In: Bertolt Brecht. Teatro completo, vol. 6.– 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. Adaptado.
Com base no diálogo acima, é correto afirmar que, para o personagem Galileu, para compreender os fenômenos astronômicos acima discutidos,
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa C
Tema central: a questão explora o modo como se compreende fenômenos astronômicos — isto é, a combinação entre observação empírica e raciocínio matemático, característica do método científico galileano.
Resumo teórico: Galileu representa a ruptura com explicações apenas tradicionais ou puramente intuitivas. A ciência moderna usa observação controlada (experimentos) aliada a modelos e cálculos que tornam as observações inteligíveis e previsíveis (ver: Galileu, Two New Sciences, 1638; princípios do método científico e do método hipotético-dedutivo).
Justificativa da alternativa C: No diálogo, Galileu não aceita só "ver" superficialmente; ele monta um experimento simples (a bacia/ cadeira) para mostrar que a mudança de posição pode ser explicada por movimento relativo da Terra (representada pela cadeira). Isso une observação e raciocínio/cálculo: observa-se um fato e usa-se argumento teórico para interpretá-lo. Logo, é necessária a observação fundamentada por raciocínios e cálculos corretos.
Análise das alternativas incorretas:
A — Errada: afirma que basta só raciocinar. Sem verificação empírica, raciocínios podem ser infundados; Galileu enfatiza demonstração experimental.
B — Errada: afirma que basta só observar melhor. Observações sem modelo explicativo (matemático) não produzem explicações científicas nem previsões confiáveis.
D — Errada: leva ao apelo à tradição. Galileu critica exatamente aceitar o que a tradição diz sem testar; tradição pode estar equivocada.
Dica de prova: desconfie de alternativas extremas (“só” raciocinar; “só” observar). Procure responder que integração observação + teoria é requisito da ciência. Identifique nas palavras-chave pistas como “compreender” (implica explicar, portanto teoria + dados).
Fontes/Referências rápidas: Galileu, Two New Sciences (1638); discussões sobre método científico (Bacon/Popper) — para contextualizar a relação observação + teoria.
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