“[...] Se o homem carecesse de livre-arbítrio
da vontade, como poderia existir esse bem, que
consiste em manifestar a justiça, condenando os
pecados e premiando as boas ações? Visto que a
conduta desse homem não seria pecado nem boa
ação, caso não fosse voluntária. Igualmente o
castigo, como a recompensa, seria injusto, se o
homem não fosse dotado de vontade livre.”
Santo Agostinho. O livre arbítrio, II, 1, 3. Trad. bras. Nair
de Assis Oliveira. São Paulo: Paulus, 1995.
Considerando a citação acima e o seguinte trecho da
mesma obra que afirma “não só possuímos o livrearbítrio da vontade, mas acontece ainda que é por
ele que pecamos” (O livre arbítrio, II, 1, 1), é correto
concluir que, dotados de livre-arbítrio, nós
Gabarito comentado
Gabarito: Alternativa A — podemos pecar ou não
1. Tema central e relevância: A questão trata do livre‑arbítrio em Santo Agostinho — conceito crucial em ética e teologia: se somos livres, somos moralmente responsáveis por ações boas ou más. Para concursos, é importante distinguir liberdade como capacidade de escolha da ideia de necessidade ou condenação moral prévia.
2. Resumo teórico: Em "O livre arbítrio" (De libero arbitrio), Agostinho afirma que a vontade humana é livre e que essa liberdade permite optar por bem ou mal. A liberdade é condição da justiça divina: só faz sentido premiar ou punir se os atos forem voluntários. Assim, o livre‑arbítrio não determina que sempre façamos o mal, mas possibilita tanto o pecado quanto a virtude.
3. Justificativa da alternativa correta (A): A frase citada indica que, sendo a ação voluntária, ela pode ser pecado ou boa ação — portanto, dotados de livre‑arbítrio, temos a capacidade de escolher entre pecar ou não pecar. Agostinho diz explicitamente: "é por ele que pecamos", sem afirmar que somos obrigados a pecar; afirma sim a possibilidade moral de pecar por escolha.
4. Por que as demais alternativas estão incorretas:
B — precisamos pecar: Implica inevitabilidade do pecado. Agostinho não afirma necessidade causal; afirma responsabilidade por escolhas, não determinismo moral.
C — temos a permissão de pecar: “Permissão” é ambígua; sugere autorização externa. Agostinho trata de capacidade e responsabilidade interior, não de permissão de alguém além da vontade.
D — queremos pecar: Generaliza a intenção humana como dirigida ao mal. Agostinho reconhece que às vezes escolhemos o mal, mas não que sempre ou necessariamente o desejamos.
5. Estratégia para interpretar enunciados: Procure termos-chave (voluntário, possibilidade, necessidade). Diferencie “poder/possibilidade” (capacidade de escolher) de “precisar/necessidade” (determinismo). Em citações filosóficas, relacione afirmações isoladas ao sentido global do autor.
Referência: Santo Agostinho, O livre arbítrio (De libero arbitrio), livros II, passagens citadas.
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