Questão e60c5325-75
Prova:UECE 2021
Disciplina:Filosofia
Assunto:

“Agostinho faz um contraponto ao dualismo maniqueísta ao refutar que o mal não existe enquanto ser. Ele refuta o dualismo ontológico do bem e do mal dos maniqueístas e desenvolve a teoria da origem do mal como uma negação do Sumo Bem, na qual o mal não tem ser, não existe, mas é resultado do livre-arbítrio da vontade do homem que o utiliza em vista de si mesmo. Ou seja, o mal é moral; é um ato voluntário do homem ao negar seu Criador, Deus, Bem universal, em vista de si mesmo.”

GOMES, I. S. G. A origem do mal no pensamento de agostinho de hipona. In: Anais do III Congresso Nordestino de Ciências da Religião e Teologia. Disponível em: http://www.unicap.br/ocs/index.php/cncrt/cncrt/paper/vie wFile/277/61. Acessado em 18-10-2021 – Adaptado.


Segundo essa passagem, a origem do mal está 

A
na liberdade do homem, dotado por Deus de livre-arbítrio.
B
na ação sobre os homens de um ente que personifica o mal.
C
na natureza humana, que, por ser finita, é próxima do mal.
D
no mau uso do livre-arbítrio, orientado pelo amor-próprio.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: D

Tema central: origem do mal segundo Santo Agostinho. É importante saber que Agostinho combate o dualismo maniqueísta e concebe o mal não como um ser independente, mas como decorrente da ação livre da vontade humana — sobretudo quando orientada pelo amor-próprio.

Resumo teórico (claro e progressivo):

Privatio boni: para Agostinho o mal é privação do bem, não uma substância positiva. Obras-chave: Confissões; De libero arbitrio (Sobre o Livre-Arbítrio); De civitate Dei (A Cidade de Deus).

A liberdade (livre-arbítrio) é dom de Deus e, em si, boa. O problema surge quando a vontade se volta para si mesma — amor-próprio desordenado — e nega o Sumo Bem (Deus). Assim o mal é moral: ato voluntário que escolhe o bem particular em detrimento do bem universal.

Por que a alternativa D está correta:

A afirmação D — “no mau uso do livre-arbítrio, orientado pelo amor-próprio” — sintetiza a posição agostiniana: o mal resulta do uso inadequado da liberdade humana, movido por amor a si mesmo (amor sui) que desvia a vontade de Deus. Isso corresponde diretamente ao trecho indicado (negação do Criador, mal como ato voluntário).

Análise das alternativas incorretas:

A — "na liberdade do homem, dotado por Deus de livre-arbítrio." Parcialmente verdadeira: Agostinho aceita o livre-arbítrio, mas não identifica a liberdade em si como origem do mal. O erro é confundir dom (bom) com seu mau uso.

B — "na ação sobre os homens de um ente que personifica o mal." Incorreta: corresponde ao maniqueísmo (dualismo ontológico) que Agostinho refuta explicitamente; ele nega um princípio do mal independente.

C — "na natureza humana, que, por ser finita, é próxima do mal." Incorreta: a criação é boa; a finitude não implica essência má. O mal, para Agostinho, é corrupção moral da vontade, não consequência metafísica da finitude.

Dica de interpretação para provas: procure palavras-chave no enunciado — "negação do Sumo Bem", "não tem ser", "livre-arbítrio", "amor-próprio" — que remetem diretamente à doutrina agostiniana. Elimine alternativas que retomam termos típicos do maniqueísmo (ser autônomo do mal) ou que confundem dom com abuso do dom.

Fontes sugeridas: Santo Agostinho, Confissões; De libero arbitrio; De civitate Dei.

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