Questõesde UECE 2021 sobre Filosofia

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UECE 2021 - Filosofia

“Ciência e poder do homem coincidem, uma vez que, sendo a causa ignorada, frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence, se não quando se lhe obedece. E o que à contemplação apresenta-se como causa é regra na prática.”

Bacon, F. Novum organum, Livro I, Aforismo I. Trad. brs. José Aluysio Reis de Andrade. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

Nessa passagem, o filósofo Francis Bacon, considerado o fundador do empirismo, defende

A
uma relação contemplativa com a natureza, com foco no conceito de causa.
B
que é possível dominar a natureza, com base no conhecimento das causas.
C
que é preciso saber obedecer à natureza, mas não conhecê-la ou dominá-la.
D
que a causa não é cognoscível, mas apenas objeto de uma prática costumeira.
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“Não existe, para Hegel, o momento em que a arte morre, ou deixa de ser arte. O que ele concebe é apenas o movimento da perda de uma espécie de ‘tarefa’ originária da intuição estética enquanto lugar de plenitude ou de satisfação plena do espírito.”

Gonçalves, Márcia C. F. A morte e a vida da arte. In: Kriterion, vol. 45, nº 109, Jan./Jun. 2004.

Segundo a interpretação acima apresentada, o tema da “morte da arte”, em Hegel, pode ser corretamente entendido da seguinte forma:

A
A arte permanece empiricamente, realmente, mas deixa de dar a conhecer a realidade do espírito.
B
Somente algumas obras de arte, que imitam as originárias, ainda permitem conhecer o espírito.
C
A arte permanece como representação sensível do espírito, mas há formas mais elevadas de conhecimento dele.
D
Face à complexidade da presente vida social, espiritual, esta não pode mais ser representada artisticamente.
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Atente para o seguinte excerto do Tratado teológico-político de Baruch Espinosa: “Tudo o que até agora afirmei resulta da própria Escritura. E em parte alguma eu li que Deus apareceu a Cristo, ou que lhe falou, mas sim que ele foi revelado por Cristo aos apóstolos, que Cristo é o caminho da salvação e, finalmente, que a lei antiga foi anunciada por um anjo e não diretamente por Deus etc. Por conseguinte, enquanto Moisés falava com Deus face a face, tal como um homem fala habitualmente com um seu companheiro (isto é, mediante os seus corpos), Cristo comunicou-se com Deus de mente para mente”.

Espinosa, B. Tratado teológico-político, capítulo I: Da profecia. Trad. bras. Diogo Pires Aurélio. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

Considerando os trechos “Moisés falava com Deus face a face” e “Cristo comunicou-se com Deus de mente para mente”, é correto concluir que

A
Moisés teve um conhecimento imaginativo de Deus e Cristo, intuitivo.
B
Moisés teve um conhecimento racional de Deus e Cristo, intuitivo.
C
Moisés teve um conhecimento racional de Deus e Cristo, imaginativo.
D
Moisés teve um conhecimento imaginativo de Deus e Cristo, racional.
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“Na origem, mythos não se opõe a logos. As duas palavras significam ‘palavra’, ‘relato’, qual seja seu conteúdo. É somente no curso do século V que, entre certos autores, seus campos de aplicação vão se dissociar, mythos passando a designar [...] o que se opõe [...] aos domínios do demonstrado, do verificado, do verossímil, do conveniente”.

Vernant, J.-P. Fronteiras do mito. In: Vernant, J.-P.; Funari, P. P.; Hingley, R. Repensando o mundo antigo. Trad. bras. Renata C. Beleboni e Renata S. Garraffoni. Campinas, SP: IFCH/Unicamp, 2005.

Acerca das relações históricas, filológicas e filosóficas entre mythos e lógos, é correto afirmar, com base em Jean-Pierre Vernant, que 

A
mythos e lógos mantêm o mesmo significado, permanecendo para toda forma de discurso, apesar das tentativas de alguns autores de os diferenciar.
B
mythos e lógos se diferenciam quando surgem a filosofia e a oposição entre verdade e falsidade, com toda a forma de mito recusada como falsa.
C
lógos se diferencia do mythos no processo histórico de constituição da pólis grega, com o aumento de importância da argumentação e da demonstração.
D
mythos antecede e prepara o lógos, de modo que o discurso argumentativo é apenas a forma política das antigas representações narradas de mundo.
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Considere o seguinte trecho da obra de John Burnet sobre o surgimento da filosofia na Grécia:

“Foi somente após se desarticularem a visão tradicional do mundo e as normas costumeiras de vida que os gregos começaram a sentir as necessidades que a filosofia da natureza e da conduta procuram satisfazer”.

Burnet, J. A aurora da filosofia grega. Trad. bras. Vera Ribeiro. Rio de janeiro: Editora PUC-Rio, 2006.

No que diz respeito ao surgimento da filosofia na Grécia, a tese de John Burnet defende que

A
a filosofia rearticula a visão tradicional do mundo e as formas de conduta.
B
há uma ruptura entre a filosofia da natureza e da conduta e a visão tradicional.
C
a filosofia mantém, transmutando-a numa nova forma dircursiva, a mitologia.
D
a filosofia, embora tenha mudado a visão da natureza, mantém a ética anterior.
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Atente para o seguinte excerto da teoria do governo, de Aristóteles, que é a base de sua teoria da justiça: “[N]ão são a mesma coisa o governo despótico e o governo político e [...] nem todas as formas de governo são as mesmas, como alguns dizem. Com efeito, uma das formas de governo exerce-se sobre homens naturalmente livres, a outra sobre escravos. O governo de uma casa (oíkos) é uma monarquia, já que um só governa toda a casa, enquanto o governo político é exercido pelos que são livres e iguais”.

Aristóteles. A política (Edição Bilíngue), 1255b. Trad. port. e notas Antonio Carlos Amaral e Carlos de Carvalho Gomes. Lisboa: Vega, 1998 [Adaptado].

Sobre a teoria do governo de Aristóteles, exposta parcialmente acima, é correto afirmar que

A
o governo político é semelhante ao governo sobre a família (oikía), pois se exerce sobre pessoas iguais.
B
o governo monárquico é a forma de governo político em que aquele que governa é senhor (despotés) dos cidadãos.
C
o governo político, exercido sobre outros homens, se baseia na igualdade entre governantes e governados.
D
o governo despótico, de caráter doméstico, é o governo de um só homem sobre mulher, filhos e escravos.
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“O movimento, repleno de contradições, da sociedade capitalista faz-se sentir ao burguês prático de modo mais contundente nos vaivéns do ciclo periódico que a indústria moderna percorre e em seu ponto culminante – a crise geral.”

Marx, Karl. Posfácio à Segunda Edição [1873] de O capital: Crítica da economia política, I/1. Trad. br. Flávio R. Kothe e Régis Barbosa. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 21.

Essa concepção de Marx, de que o capitalismo é um “repleno de contradições”, tem base em uma

A
cosmologia em que tudo muda, nada permanecendo como está.
B
mecânica de oposições entre forças que se chocam, se sobrepõem e se deslocam.
C
contraposição entre os desejos subjetivos e um mundo reificado que nega a subjetividade.
D
negatividade que é imanente à forma histórica particular das relações sociais modernas.
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Referindo-se a Walter Benjamin, a filósofa Jeanne Marie Gagnebin afirma que “seu primeiro texto traduzido no Brasil foi A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica. O ensaio introduz hipóteses essenciais para uma teoria da arte contemporânea, marcada, segundo Benjamin, pela ‘reprodutibilidade técnica’, central na fotografia e no cinema, que abole progressivamente ‘aura’ de unicidade e de autenticidade da obra de arte”.

Gagnebin, J. M. Walter Benjamin na era da reprodutibilidade técnica. In: Folha de São Paulo, em 07/10/2012. Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/ilustrissima/2012/10/1164782wa lter-benjamin-na-era-da-reprodutibilidade-tecnica.shtml.

Sobre o conceito benjaminiano de reprodutibilidade técnica, é correto afirmar que

A
doravante não podemos mais distinguir, entre as obras imagéticas autorais da tradição, as que são autênticas ou não.
B
as obras, cujas técnicas de reprodução são também técnicas de produção, não possuem mais autores nem contexto histórico.
C
suas obras diferem das da tradição, porque, à diferença destas últimas, não testemunham uma transmissão cultural.
D
se constitui na única possibilidade de obras de arte realmente autênticas na experiência social, cultural e estética atual.
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Considere a seguinte afirmação do pensador indígena Ailton Krenak: “Nas narrativas tradicionais do nosso povo, das nossas tribos, não tem data, é quando foi criado o fogo, é quando foi criada a lua, quando nasceram as estrelas, quando nasceram as montanhas, quando nasceram os rios. Antes, antes, já existia uma memória puxando o sentido das coisas, relacionando o sentido dessa fundação do mundo com a vida, com o comportamento nosso, como aquilo que pode ser entendido como o jeito de viver”.

Krenak, Ailton. Antes o mundo não existia. In: Novaes, Adauto (org.). Tempo e história. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

A afirmação, acima apresentada, se baseia em uma concepção de narrativas tradicionais, segundo a qual elas

A
se fundam numa memória coletiva, constituída na transmissão oral, de geração em geração, dando um sentido ético para a existência natural e social.
B
se originam antes do tempo, são anteriores à história e à vida social, por isso não possuem descrições e explicações argumentadas sobre a realidade.
C
têm uma função ética, orientam a vida comum e a relação com o cosmo, com base numa argumentação válida que, contudo, não é lógica.
D
se opõem à narrativa histórica, pois tratam dos mesmos temas e assuntos, mas desprezam a datação, porque esta é um meio de dominação.
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Segundo Diógenes Laércio, “convencido de que o estudo da natureza nada tem a ver conosco, Sócrates passou a discutir questões éticas na praça do mercado, e costumava dizer que o objeto de suas indagações era ‘como se age, se mal ou bem, em casa’”.

Laêrtios, D. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, II, 21. Trad. bras. Mário da Gama Kury. Brasília: Editora da UnB, p. 52 [Adaptado].

Considerando a teoria das virtudes de Sócrates, assinale a afirmação verdadeira.

A
A ética socrática trata dos assuntos da oikonomía (economia), por isso fazia discussões no mercado.
B
Ao situar sua pesquisa sobre a ação humana, Sócrates se conduz da physiología (estudo sobre a natureza) à ēthiké (ética).
C
A discussão das questões morais significa que elas não podem ser, de modo algum, objeto de estudo, como o é a phýsis.
D
O método dos estudos dos physiólogoi, tendo fracassado em sua aplicação à natureza, deve ser usado na Ética.