Questõesde UEL
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Justiça e Estado apresentam-se como elementos indissociáveis na filosofia política hobbesiana. Ao romper
com a concepção de justiça defendida pela tradição aristotélico-escolástica. Hobbes propõe uma nova moralidade relacionada ao poder político e sua constituição jurídica. O Estado surge pelo pacto para possibilitar
a justiça e, na conformidade com a lei, se sustenta por meio dela. No Leviatã (caps. XIV-XV), a justiça hobbesiana fundamenta-se, em última instância, na lei natural concernente à autoconservação, da qual deriva a
segunda lei que impõe a cada um a renúncia de seu direito a todas as coisas, para garantir a paz e a defesa
de si mesmo. Desta, por sua vez, implica a terceira lei natural: que os homens cumpram os pactos que
celebrarem. Segundo Hobbes, “onde não há poder comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. Na
guerra, a força e a fraude são as duas virtudes cardeais”.
(HOBBES, T. Leviatã. Trad. J. Monteiro e M. B. N. da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1997. Coleção Os Pensadores, cap. XIII.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Hobbes, é correto afirmar:
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Aristóteles, no Livro IV da Metafísica, defende o sentido epistêmico do princípio de não contradição como o
princípio primário, incondicionado e absolutamente verdadeiro da “ciência das causas primeiras”, ou melhor,
o princípio que se apresenta como fundamento último (ou primeiro) de justificação para qualquer enunciado
declarativo em sua pretensão de verdade.
“É impossível que o mesmo atributo pertença e não pertença ao mesmo tempo ao mesmo sujeito, e na
mesma relação. [...] Não é possível, com efeito, conceber alguma vez que a mesma coisa seja e não seja,
como alguns acreditam que Heráclito disse [...]. É por esta razão que toda demonstração se remete a esse
princípio como a uma última verdade, pois ela é, por natureza, um ponto de partida, a mesma para os demais
axiomas.”
(ARISTÓTELES. Metafísica. Livro IV, 3, 1005b apud FARIA, Maria do Carmo B. de. Aristóteles: a plenitude como horizonte do ser. São
Paulo: Moderna, 1994. p. 93.)
Com base nos textos e nos conhecimentos sobre Aristóteles, é correto afirmar:
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Para esclarecer o que seja a imitação, na relação entre poesia e o Ser, no Livro X de A República, Platão
parte da hipótese das ideias, as quais designam a unidade na pluralidade, operada pelo pensamento. Ele
toma como exemplo o carpinteiro que, por sua arte, cria uma mesa, tendo presente a ideia de mesa, como
modelo. Entretanto, o que ele produz é a mesa e não a sua ideia. O poeta pertence à mesma categoria: cria
um mundo de mera aparência.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria das ideias de Platão, é correto afirmar::
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Platão, em A República, tem como objetivo principal investigar a natureza da justiça, inerente à alma, que,
por sua vez, manifesta-se como protótipo do Estado ideal. Os fundamentos do pensamento ético-político de
Platão decorrem de uma correlação estrutural com constituição tripartite da alma humana. Assim, concebe
uma organização social ideal que permite assegurar a justiça. Com base neste contexto, o foco da crítica às
narrativas poéticas, nos livros II e III, recai sobre a cidade e o tema fundamental da educação dos governantes. No Livro X, na perspectiva da defesa de seu projeto ético-político para a cidade fundamentada em um
logos crítico e reflexivo que redimensiona o papel da poesia, o foco desta crítica se desloca para o indivíduo
ressaltando a relação com a alma, compreendida em três partes separadas, segundo Platão: a racional, a
apetitiva e a irascível.
Com base no texto e na crítica de Platão ao caráter mimético das narrativas poéticas e sua relação com a alma
humana, é correto afirmar:
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Em Técnica e Ciência como “ideologia”, Habermas apresenta uma reformulação do conceito weberiano de
racionalização pela qual lança as bases conceptuais de sua teoria da sociedade. Neste sentido, postula a distinção irredutível entre trabalho ou agir instrumental e interação ou agir comunicativo, bem como a pertinência
da conexão dialética entre essas categorias, das quais deriva a diferenciação entre o quadro institucional de
uma sociedade e os subsistemas do agir racional com respeito a fins. Segundo Habermas, uma análise mais
pormenorizada da primeira parte da Ideologia Alemã revela que “Marx não explicita efetivamente a conexão
entre interação e trabalho, mas sob o título nada específico da práxis social reduz um ao outro, a saber, a
ação comunicativa à instrumental”.
(Adaptado: HABERMAS, J. Técnica e ciência como “ideologia”. Lisboa: Edições 70, 1994. p.41-42.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Habermas, é correto afirmar:
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Certamente, a brusca mudança de direção que encontramos nas reflexões de Maquiavel, em comparação
com os humanistas anteriores, explica-se em larga medida pela nova realidade política que se criara em
Florença e na Itália, mas também pressupõe uma grande crise de valores morais que começava a grassar.
Ela não apenas constatava a divisão entre “ser” e “dever ser”, mas também elevava essa divisão a princípio e
a colocava como base da nova visão dos fatos políticos.
(REALE, G.; ANTISERI, D. História da Filosofia. São Paulo: Paulinas, 1990. V. II, p. 127.)
Dentre as contribuições de Maquiavel à Filosofia Política, é correto afirmar:
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Na Primeira Secção da Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Kant analisa dois conceitos fundamentais de sua teoria moral: o conceito de vontade boa e o de imperativo categórico. Esses dois conceitos
traduzem as duas condições básicas do dever: o seu aspecto objetivo, a lei moral, e o seu aspecto subjetivo,
o acatamento da lei pela subjetividade livre, como condição necessária e suficiente da ação.
(DUTRA, D. V. Kant e Habermas: a reformulação discursiva da moral kantiana. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. p. 29.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria moral kantiana, é correto afirmar:
Para que possa ser qualificada do ponto de vista moral, uma ação deve ter como condição necessária e suficiente
uma vontade condicionada por interesses e inclinações sensíveis.
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[...] seria possível reconstituir a história da arte a partir do confronto de dois pólos, no interior da própria obra
de arte, e ver o conteúdo dessa história na variação do peso conferido seja a um pólo, seja a outro. Os dois
pólos são o valor de culto da obra e seu valor de exposição. [...] À medida que as obras de arte se emancipam
do seu uso ritual, aumentam as ocasiões para que elas sejam expostas. (p. 172).
(BENJAMIN, W. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica - Primeira versão. In: Magia e técnica, arte e política: ensaios
sobre literatura e história da cultura. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Walter Benjamin, é correto afirmar:
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A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consiste numa mediania, isto é, a
mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria
prática.
(Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Livro II, p. 273.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a situada ética em Aristóteles, pode-se dizer que a virtude ética
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É precisamente nos ritmos e nas melodias que nos deparamos com as imitações mais perfeitas da verdadeira
natureza da cólera e da mansidão, e também da coragem e da temperança, e de todos os seus opostos e
outras disposições morais (a prática prova-o bem, visto que o nosso estado de espírito se altera consoante a
música que escutamos).
(Aristóteles. Política. Ed: bilíngue. Trad. A. C. Amaral e C. C. Gomes. Lisboa: Vega, 1998. Livro VIII, p. 579.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a música e a teoria política de Aristóteles, considere as afirmativas a seguir.
I. A música pode incitar um certo estado de espírito, por isso deve-se escolher aquela que forme bem o
caráter do cidadão.
II. A música, por ter ritmo e melodia, incita paixões e mesmo qualidades éticas, sendo desnecessário cuidar
de sua escolha.
III. A música é a arte que melhor imita paixões e qualidades éticas, por isso ela é importante para a formação
do cidadão.
IV. A música incita a formação das virtudes e deve também ser estendida aos estratos inferiores da sociedade.
Assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir.
Homero, sendo digno de louvor por muitos motivos, é-o em especial porque é o único poeta que não ignora
o que lhe compete fazer. De fato, o poeta, em si, deve dizer o menos possível, pois não é através disso que
faz a imitação. Os outros intervêm, eles mesmos, durante todo o poema e imitam pouco e raramente. Ele,
pelo contrário, depois de fazer um breve preâmbulo, põe imediatamente em cena um homem, uma mulher ou
qualquer outra personagem e nenhum sem caráter, mas cada uma dotada de caráter próprio.
(ARISTÓTELES. Poética. Trad. A. M. Valente. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2004. p. 94-95.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a mímesis em Aristóteles, assinale a alternativa correta.
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Homero, sendo digno de louvor por muitos motivos, é-o em especial porque é o único poeta que não ignora o que lhe compete fazer. De fato, o poeta, em si, deve dizer o menos possível, pois não é através disso que faz a imitação. Os outros intervêm, eles mesmos, durante todo o poema e imitam pouco e raramente. Ele, pelo contrário, depois de fazer um breve preâmbulo, põe imediatamente em cena um homem, uma mulher ou qualquer outra personagem e nenhum sem caráter, mas cada uma dotada de caráter próprio.
(ARISTÓTELES. Poética. Trad. A. M. Valente. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2004. p. 94-95.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a mímesis em Aristóteles, assinale a alternativa correta.
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Que seja portanto ele a considerar-se a si mesmo, que quando empreende uma viagem se arma e procura ir
bem acompanhado; que quando vai dormir fecha suas portas; que mesmo quando está em casa tranca seus
cofres; e isso mesmo sabendo que existem leis e funcionários públicos armados, prontos a vingar qualquer
injúria que lhe possa ser feita.
(HOBBES. Leviatã. Trad. J. P. Monteiro e M. B. N. da Silva. São Paulo: Abril Cultural, 1974. p. 80.)
O texto de Hobbes diverge de uma ideia central da filosofia política de Aristóteles.
Assinale a alternativa que identifica essa ideia aristotelica.
Leia o texto a seguir.
Locke divide o poder do governo em três poderes, cada um dos quais origina um ramo de governo: o poder
legislativo (que é o fundamental), o executivo (no qual é incluído o judiciário) e o federativo (que é o poder
de declarar a guerra, concertar a paz e estabelecer alianças com outras comunidades). Enquanto o governo
continuar sendo expressão da vontade livre dos membros da sociedade, a rebelião não é permitida: é injusta
a rebelião contra um governo legal. Mas a rebelião é aceita por Locke em caso de dissolução da sociedade e
quando o governo deixa de cumprir sua função e se transforma em uma tirania.
(LOCKE, John. In: MORA, J. F. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2001. V. III. p. 1770.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre John Locke, é correto afirmar:
I. O direito de rebelião é um direito natural e legítimo de todo cidadão sob a vigência da legalidade.
II. O Estado deve cuidar do bem-estar material dos cidadãos sem tomar partido em questões de matéria
religiosa.
III. O poder legislativo ocupa papel preponderante.
IV. Na estrutura de poder, dentro de certos limites, o Estado tem o poder de fazer as leis e obrigar que sejam
cumpridas.
Assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir.
[...] é manifestamente contra a lei da natureza, seja qual for a maneira por que a definamos, uma criança
mandar num velho, um imbecil conduzir um sábio, ou um punhado de pessoas regurgitar superfluidades
enquanto à multidão faminta falta o necessário.
(ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Trad. L. S. Machado. São Paulo: Abril
Cultural, 1991. p. 282.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a distinção entre homem natural e homem social em Rousseau,
é correto afirmar:
I. A necessidade de autopreservação do homem primitivo é contrabalanceada pelo sentimento de piedade, o
que o demove de praticar o mal sem necessidade.
II. O homem natural sente medo de tudo o que é desconhecido, mantendo-se, desse modo, ávido para o
ataque.
III. O homem social é ambicioso e deseja elevar sua fortuna e posses, menos por necessidade e mais para
colocar-se acima dos outros numa expressão de poder e superioridade.
IV. O homem social vive em paz e igualdade, de forma tranquila e harmoniosa com todos os cidadãos.
Assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir.
Na tradição liberal, a ênfase é posta no caráter impessoal das leis e na proteção das liberdades individuais, de
tal modo que o processo democrático é compelido pelos (e está a serviço dos) direitos pessoais que garantem
a cada indivíduo a liberdade de buscar sua própria realização. Na tradição republicana, a primazia é dada
ao processo democrático enquanto tal, entendido como uma deliberação coletiva que conduz os cidadãos à
procura do entendimento sobre o bem comum.
(Adaptado de: ARAÚJO, L. B. L. Moral, direito e política. Sobre a Teoria do Discurso de Habermas. In: OLIVEIRA, M.; AGUIAR, O. A.;
SAHD, L. F. N. de A. e S. (Orgs.). Filosofia Política Contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2003. p. 214-235.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia política na teoria do discurso, é correto afirmar que
Habermas
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Francis Bacon, em sua obra Nova Atlântida, imagina uma utopia tecnocrática na qual o sofrimento humano poderia ser removido pelo desenvolvimento e pelo aperfeiçoamento do conhecimento científico, o qual permitiria
uma crescente dominação da natureza e um suposto afastamento do mito. Na obra Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer defendem que o projeto iluminista de afastamento do mito foi convertido, ele
próprio, em mito, caindo no dogmatismo e em numa forma de mitologia. O progresso técnico-científico consiste, para Adorno e Horkeheimer, no avanço crescente da racionalidade instrumental, a qual é incapaz de
frear iniciativas que afrontam a moral, como foram, por exemplo, os campos de concentração nazistas.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o desenvolvimento técnico-científico, é correto afirmar:
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Habermas distingue entre racionalidade instrumental e racionalidade comunicativa. A racionalidade comunicativa ocorre quando os seres humanos recorrem à linguagem com o intuito de alcançar o entendimento não
coagido sobre algo, por exemplo, decidir sobre a maneira correta de agir (ação moral). A racionalidade instrumental, por sua vez, ocorre quando os seres humanos utilizam as coisas do mundo, ou até mesmo outras
pessoas, como meio para se alcançar um fim (raciocínio meio e fim).
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria da ação comunicativa de Habermas, é correto afirmar:
Contar uma mentira para outra pessoa buscando obter algo que desejamos e que sabemos que não receberíamos
se disséssemos a verdade é um exemplo de racionalidade comunicativa.