Leia o texto a seguir.
Habermas distingue entre racionalidade instrumental e racionalidade comunicativa. A racionalidade comunicativa ocorre quando os seres humanos recorrem à linguagem com o intuito de alcançar o entendimento não
coagido sobre algo, por exemplo, decidir sobre a maneira correta de agir (ação moral). A racionalidade instrumental, por sua vez, ocorre quando os seres humanos utilizam as coisas do mundo, ou até mesmo outras
pessoas, como meio para se alcançar um fim (raciocínio meio e fim).
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria da ação comunicativa de Habermas, é correto afirmar:
Contar uma mentira para outra pessoa buscando obter algo que desejamos e que sabemos que não receberíamos
se disséssemos a verdade é um exemplo de racionalidade comunicativa.
Gabarito comentado
Alternativa correta: D
Tema central: trata-se da distinção entre racionalidade comunicativa e racionalidade instrumental em Jürgen Habermas (Teoria da Ação Comunicativa, 1981). A questão exige reconhecer se a ação visa entendimento mútuo e consenso através da linguagem (comunicativa) ou se visa meios para um fim, tratando coisas/pessoas como instrumentos (instrumental).
Resumo teórico: segundo Habermas, a racionalidade comunicativa orienta-se por pretensões de validade (verdade, justiça, sinceridade) e busca acordo não-coagido por meio do diálogo. A racionalidade instrumental concentra-se em eficiência e controle — planejar meios para atingir fins, independentemente do diálogo racional.
Justificativa da alternativa D: “Decidir economizar por vários anos para viajar aos EUA” é claramente uma ação orientada a um fim (viagem). O agente planeja meios (poupança contínua) para alcançar esse objetivo — típica estrutura meios-fins da racionalidade instrumental. Logo, D está correta.
Análise das alternativas incorretas:
A (mentira para obter algo): isso exemplifica uso de outrem como meio e comportamento estratégico — é instrumental, não comunicativo. Portanto A está errada.
B (debate entre alunos para decidir democraticamente arrecadação): o enunciado indica diálogo e decisão democrática visando entendimento e consenso — caracteriza racionalidade comunicativa, não instrumental. B está errada.
C (adolescente mentindo à família): semelhante a A, é ação estratégica e voltada para fim pessoal, tratando os pais como meio; enquadra-se na racionalidade instrumental, portanto C está errada por indicar comunicativa.
E (grupo decide democraticamente sobre prêmio do bolão): novamente há reunião deliberativa e decisão coletiva — exemplo de racionalidade comunicativa. Como a alternativa afirma que é instrumental, está incorreta.
Estratégias de interpretação:
- Procure verbos/expressões: “debater”, “decidir democraticamente”, “buscar entendimento” → comunicativa.
- Expressões como “usar para”, “atingir um fim”, “planejar meios” → instrumental.
- Se houver mentira/engano com objetivo próprio, desconfie de instrumentalidade.
Fonte principal: J. Habermas, A Theory of Communicative Action / Teoria da Ação Comunicativa (1981).
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