Leia o texto a seguir.
Para esclarecer o que seja a imitação, na relação entre poesia e o Ser, no Livro X de A República, Platão
parte da hipótese das ideias, as quais designam a unidade na pluralidade, operada pelo pensamento. Ele
toma como exemplo o carpinteiro que, por sua arte, cria uma mesa, tendo presente a ideia de mesa, como
modelo. Entretanto, o que ele produz é a mesa e não a sua ideia. O poeta pertence à mesma categoria: cria
um mundo de mera aparência.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria das ideias de Platão, é correto afirmar::
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa C
Tema central. A questão explora a teoria das Ideias (Formas) em Platão e a noção de imitação (mimesis) — especialmente como o poeta se relaciona com a realidade verdadeira segundo o Livro X de A República.
Resumo teórico (claro e progressivo). Para Platão, as Ideias são realidades eternas e inteligíveis que explicam e são as causas verdadeiras das coisas sensíveis. Os objetos do mundo físico participam das Ideias, mas são cópias imperfeitas. O artífice (carpinteiro) produz um objeto inspirado pela ideia, mas não alcança a Idea em si. O poeta, por sua vez, imita não a Idea, nem mesmo a coisa sensível diretamente, mas a imagem da coisa — ou seja, está “duas vezes afastado” da verdade e, portanto, não produz conhecimento (episteme), apenas aparência. (Referência: Platão, A República, Livro X.)
Por que a alternativa C é correta. Ela afirma que os poetas são imitadores de simulacros e, por isso, não alcançam o conhecimento das Ideias como verdadeiras causas. Isso corresponde exatamente ao argumento platônico de que a poesia mímética não leva ao conhecimento das Formas, pois trabalha com imagens e emoções, não com a investigação racional das causas.
Análise das alternativas incorretas.
A: Mistura linguagem teísta e noção de “co-participação” que pertence a correntes posteriores (neoplatonismo/teologia). Platão não descreve Deus como criador último das Ideias nesse sentido nem dá ao artífice uma participação criadora divina.
B: Inverte a relação platônica: as realidades sensíveis não são as causas verdadeiras; as Ideias é que o são e são acessíveis à razão, não às aparências sensíveis.
D: Reduz a beleza à matéria (cor, figura). Platão postula a Beleza em Si (Forma da Beleza) como princípio inteligível, superior às características físicas.
E: A alma, para Platão, é mais próxima do inteligível e pode recordar/alcançar as Ideias por razão, não porque tenha a mesma natureza das coisas sensíveis; perceber aparências não equivale a conhecimento.
Estratégia de prova. Procure termos-chave: “idéia/forma”, “imitação/mimesis”, “conhecimento vs aparência”. Desconfie de alternativas que introduzem vocabulário anacrônico (teológico cristão) ou que invertem a prioridade entre sensível e inteligível.
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