Leia o texto a seguir.
É precisamente nos ritmos e nas melodias que nos deparamos com as imitações mais perfeitas da verdadeira
natureza da cólera e da mansidão, e também da coragem e da temperança, e de todos os seus opostos e
outras disposições morais (a prática prova-o bem, visto que o nosso estado de espírito se altera consoante a
música que escutamos).
(Aristóteles. Política. Ed: bilíngue. Trad. A. C. Amaral e C. C. Gomes. Lisboa: Vega, 1998. Livro VIII, p. 579.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a música e a teoria política de Aristóteles, considere as afirmativas a seguir.
I. A música pode incitar um certo estado de espírito, por isso deve-se escolher aquela que forme bem o
caráter do cidadão.
II. A música, por ter ritmo e melodia, incita paixões e mesmo qualidades éticas, sendo desnecessário cuidar
de sua escolha.
III. A música é a arte que melhor imita paixões e qualidades éticas, por isso ela é importante para a formação
do cidadão.
IV. A música incita a formação das virtudes e deve também ser estendida aos estratos inferiores da sociedade.
Assinale a alternativa correta.
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa B
Tema central: a relação entre música, formação moral e educação política em Aristóteles — ou seja, como ritmos e melodias moldam os afetos e, por consequência, o caráter dos cidadãos (Política, Livro VIII).
Resumo teórico sucinto: Para Aristóteles, a música imita estados de alma (ethos) por meio de ritmo e melodia; essa imitação influencia paixões e hábitos. Daí decorre que a música integra a paideia: deve ser escolhida para formar virtudes nos jovens, pois molda o caráter e a coragem. (Aristóteles, Política, Livro VIII.)
Por que a alternativa B é correta: as afirmativas I e III refletem com fidelidade o pensamento aristotélico. I. Correta — Aristóteles defende seleção musical para "formar bem o caráter do cidadão". III. Correta — o texto afirma que ritmo e melodia imitam paixões e disposições morais; por isso a música é relevante na formação do cidadão.
Análise das afirmativas incorretas: II. Incorreta — contradiz explicitamente o texto/aristotelismo: se a música incita paixões e qualidades éticas, torna-se justamente necessário cuidar de sua escolha; afirmar que é “desnecessário cuidar” é oposto ao argumento aristotélico. IV. Incorreta — Aristóteles recomenda música na educação dos cidadãos livres para formar virtude, mas não defende extensão irrestrita a “estratos inferiores” (por exemplo, escravos ou classes não-cidadãs). A afirmação amplia indevidamente o alcance da recomendação.
Dica de interpretação para provas: atente para palavras-chaves e contradições internas: termos como “por isso deve-se escolher” vs. “é desnecessário” revelam apoio ou negação do texto. Verifique também se a afirmação extrapola o alcance do autor (p. ex., “estender a todos os estratos” é uma ampliação frequente de enunciados).
Fonte principal: Aristóteles, Política, Livro VIII — estudos sobre educação, música e ethos.
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