Leia os textos a seguir.
[...] seria possível reconstituir a história da arte a partir do confronto de dois pólos, no interior da própria obra
de arte, e ver o conteúdo dessa história na variação do peso conferido seja a um pólo, seja a outro. Os dois
pólos são o valor de culto da obra e seu valor de exposição. [...] À medida que as obras de arte se emancipam
do seu uso ritual, aumentam as ocasiões para que elas sejam expostas. (p. 172).
(BENJAMIN, W. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica - Primeira versão. In: Magia e técnica, arte e política: ensaios
sobre literatura e história da cultura. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Walter Benjamin, é correto afirmar:
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa C
Tema central: a questão trabalha o conceito benjaminiano de aura e a oposição entre valor de culto e valor de exposição diante da reprodutibilidade técnica. Compreender essa oposição é essencial para responder corretamente.
Resumo teórico (essencial): Walter Benjamin, em "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica", afirma que na arte tradicional a obra tem um caráter aurático ligado ao uso ritual e ao valor de culto. Com a reprodução técnica (fotografia, cinema, reprodução em série), a aura tende a se diluir, deslocando o peso para o valor de exposição — ou seja, maior circulação e acessibilidade, bem como novas relações políticas e sociais da arte (Benjamin, 1936; edição: "Magia e técnica, arte e política").
Justificativa da alternativa C: A alternativa afirma que, na sociedade primitiva, a arte tinha função ritual e caráter aurático (valor de culto) e que esse caráter se perde com a reprodutibilidade técnica — exatamente a tese central de Benjamin. Portanto, C sintetiza corretamente o argumento benjaminiano.
Análise das alternativas incorretas:
A — Incorreta: diz que a reprodutibilidade técnica resgata a aura. Pelo contrário, para Benjamin a reprodução técnica tende a perder a aura, embora aumente o acesso.
B — Incorreta: afirma que o declínio da aura decorre de elitização e que reforça valor de culto — em oposição à tese de Benjamin, que liga o declínio da aura à massificação e à reprodução técnica, deslocando o culto para exposição.
D — Incorreta: apresenta o cinema como obra aurática e de experiência singular. Benjamin vê o cinema como exemplar da reprodutibilidade técnica que dilui a aura e promove experiência coletiva e politizada, não uma relação única e aurática.
E — Incorreta: associa esvaziamento da aura à reclusão e perda do valor de exposição. Na leitura de Benjamin, é justamente a ampla exposição possibilitada pela reprodução que contribui para o enfraquecimento da aura.
Estrategia de prova: Procure na frase-chave termos como "aura", "culto" e "exposição" e lembre que Benjamin vincula perda da aura à reprodução técnica (não à sua restauração). Eliminando alternativas que invertem essa relação chega-se rapidamente à C.
Fonte recomendada: Benjamin, W. "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica" (1936). Edição em: Magia e técnica, arte e política.
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