Questõesde UECE sobre Filosofia
Leia com atenção a seguinte passagem:
“Diz-se livre a coisa que existe exclusivamente pela
necessidade de sua natureza e que por si só é
determinada a agir. E diz-se necessária, ou melhor,
coagida, aquela coisa que é determinada por outra a
existir e a operar de maneira definida e
determinada”.
SPINOZA, Benedictus de. Ética. Tradução e Notas de
Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, parte I,
definição 7, p. 13. – Texto adaptado.
Sobre a questão da liberdade divina e humana em
Spinoza, considere as seguintes afirmações:
I. Somente Deus é livre.
II. A liberdade de Deus consiste em
determinar-se por si só a operar.
III. O homem é coagido, pois é determinado por
outra coisa a operar de maneira definida e
determinada.
É correto o que se afirma em
Leia, abaixo, uma passagem do diálogo de
Platão, intitulado Fédon, em que Sócrates expõe a
Símias sua teoria da verdade:
“SÓCRATES – Quando é que a alma atinge a
verdade? Temos de um lado que, quando ela deseja
investigar com a ajuda do corpo qualquer questão
que seja, o corpo, é claro, a engana radicalmente.
SÍMIAS – Dizes uma verdade.
SÓCRATES – Não é, pois, no ato de raciocinar, e não
de outro modo, que a alma apreende, em parte, a
realidade de um ser?
SÍMIAS – Sim”.
PLATÃO. Fédon, 65b-c. Tradução de Jorge Paleikat e João
da Cruz Costa. São Paulo: Abril Cultural, 1972. Coleção Os
Pensadores.
Com base nessa passagem do diálogo, é correto
afirmar que
“Como a composição das tragédias mais belas
não é simples, mas complexa, e, além disso, deve
imitar casos que suscitam o terror e a piedade
(porque tal é o próprio fim desta imitação),
evidentemente se segue que [nelas] não devem ser
representados nem homens muito bons que passem
da boa para a má fortuna – caso que não suscita
terror nem piedade, mas repugnância – nem
homens muito maus, que passem da má para a boa
fortuna, pois não há coisa menos trágica, faltando-lhe todos os requisitos para tal efeito; não é
conforme aos sentimentos humanos, nem desperta
terror ou piedade.”
ARISTÓTELES. Poética, XIII, 1452b 31. Trad. de Eudoro de
Souza. São Paulo: Ars Poética, 1993.
Considerando a concepção de poética de Aristóteles,
assinale com V ou F conforme seja verdadeiro ou
falso o que se afirma a seguir:
( ) Aristóteles concebe que toda poesia
trágica é uma imitação (mimese ou
mímesis).
( ) A imitação trágica deve ser tal que
provoque nos espectadores terror e
piedade.
( ) Para atingir seus fins, a tragédia deve ser
conforme aos sentimentos humanos.
( ) A tragédia representa homens muito bons
que passaram da boa para a má fortuna.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
ARISTÓTELES. Poética, XIII, 1452b 31. Trad. de Eudoro de
Souza. São Paulo: Ars Poética, 1993.
Considerando a concepção de poética de Aristóteles, assinale com V ou F conforme seja verdadeiro ou falso o que se afirma a seguir:
( ) Aristóteles concebe que toda poesia trágica é uma imitação (mimese ou mímesis).
( ) A imitação trágica deve ser tal que provoque nos espectadores terror e piedade.
( ) Para atingir seus fins, a tragédia deve ser conforme aos sentimentos humanos.
( ) A tragédia representa homens muito bons que passaram da boa para a má fortuna.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
“Em situações de crise econômica, social,
institucional, moral, aquilo que era aceito porque
não havia outra possibilidade deixa de sê-lo. E
aquilo que era um modelo de representação
desmorona na subjetividade das pessoas. Só resta o
poder descarnado de que as coisas são assim, e
aqueles que não aceitarem que saiam às ruas, onde
a polícia os espera. Essa é a crise de legitimidade.”
CASTELLS, Manuel. Ruptura: a crise da democracia liberal.
Trad. Joana Angélica d’Avila Melo. Rio de Janeiro: Zahar,
2018, p.14.
O texto acima adverte para a crise do modelo
político representativo pensado e legitimado por
pensadores como Thomas Hobbes, Locke e outros.
Trata-se da crise da república representativa, na
qual o poder é exercido por representantes eleitos.
Considerando o texto de Castells, é correto dizer
que o modelo representativo está em crise de
legitimidade, o que quer dizer que
“Age de tal maneira que uses a humanidade,
tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer
outro, sempre e simultaneamente, como fim e
nunca como meio.”
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos
Costumes. Lisboa: Edições 70, 1992, p. 69.
O imperativo moral acima citado, que, nos termos
da filosofia moral kantiana, deve servir “de lei
prática universal”, nos indica que
Atente para o seguinte trecho de Locke sobre
o pacto social:
“Se todos os homens são, como se tem dito, livres,
iguais e independentes por natureza, ninguém pode
ser retirado deste estado e se sujeitar ao poder
político de outro sem o seu próprio consentimento. A
única maneira pela qual alguém se despoja de sua
liberdade natural e se coloca dentro das limitações
da sociedade civil é através de acordo com outros
homens para se associarem e se unirem em uma
comunidade para uma vida confortável, segura e
pacífica uns com os outros, desfrutando com
segurança de suas propriedades e melhor protegidos
contra aqueles que não são daquela comunidade”.
LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. Petrópolis:
Vozes, 1994, p. 139. Coleção clássicos do pensamento
político. – Citação adaptada.
No que diz respeito ao estabelecimento da sociedade
civil em John Locke, considere as seguintes
afirmações:
I. O estabelecimento da sociedade civil amplia
a liberdade dos homens.
II. O estabelecimento da sociedade civil funda-se no consentimento.
III. O estabelecimento da sociedade civil funda-se na liberdade e igualdade que existe entre
todos os homens.
É correto o que se afirma em
Na sua Crítica ao programa de Gotha, Karl
Marx afirma que “numa fase superior do
comunismo, quando tiver sido eliminada a
subordinação escravizadora dos indivíduos à divisão
do trabalho”, a bandeira do comunismo, no que diz
respeito à produção e à distribuição das riquezas
sociais, será: “de cada um segundo suas
capacidades, a cada um segundo suas
necessidades”.
MARX, Karl. Crítica do programa de Gotha. Trad. Rubens
Enderle. São Paulo: Boitempo, 2012, p. 31s.
Assinale a opção que expressa corretamente o
enunciado acima.
“O massacre físico do povo palestino se
sustenta na sua eliminação simbólica. Armas,
imagens e palavras são dispositivos bélicos, cada
um com sua especificidade, mas todos articulados
em torno de um objetivo estratégico: o povo
palestino deve desaparecer. É da imaterialidade das
palavras e imagens que Israel estrutura a
legitimação da violência. Em que consiste esta
violência simbólica? Há dois eixos discursivos
conectados: o não reconhecimento da existência de
um povo que habitava as terras que serviriam para
o território-cemitério de Israel (‘cemitério’ porque
em cada pedaço de metro quadrado construído por
Israel há uma história assassinada, memórias
negadas, corpos palestinos enterrados). Por outro, a
ressignificação do ‘árabe’ como ser genérico, sem
rosto, sem singularidade.”
BENTO, Berenice. Os muros que separam os palestinos do
mundo. In: Outras palavras. Publicado em 28/05/2019.
Disponível em:
https://outraspalavras.net/geopoliticaeguerra/cartilhapara-riscar-os-palestinos-do-mapa/
Na passagem acima, as expressões “imagens e
palavras são dispositivos bélicos” e “eixos
discursivos conectados” correspondem à concepção
de poder
A filósofa brasileira Rosa Dias diz o seguinte
sobre a filosofia da arte de Nietzsche:
“[O] ponto mais importante da estética nietzschiana
do seu primeiro livro [O nascimento da tragédia] é o
desenvolvimento dos aspectos apolíneo e dionisíaco
na arte grega, considerados como impulsos
antagônicos, como duas faculdades fundamentais do
homem: a imaginação figurativa, que produz as
artes da imagem (a escultura, a pintura e parte da
poesia), e a potência emocional, que encontra sua
voz na linguagem musical. Cada um desses
impulsos manifesta-se na vida humana por meio de
dois estados fisiológicos, o sonho e a embriaguez,
que se opõem como o apolíneo e o dionisíaco. O
sonho e a embriaguez são condições necessárias
para que a arte se produza; por isso, o artista, sem
entrar em um desses estados, não pode criar”.
DIAS, Rosa Maria. Arte e vida no pensamento de
Nietzsche. In: Cadernos Nietzsche, São Paulo, v. 36 nº 1,
p. 228, 2015.
Com base na citação acima, é correto afirmar que
Numa postagem do Facebook, um usuário
afirma:
Alguém apagou o vídeo em que mostra
imagens de mulher nua
Arregou
Uma amiga comenta:
Todo covarde é arregão... Todo estuprador é
covarde... logo, todo estuprador é arregão...
Observe que esse comentário constitui um
argumento, com premissas e conclusão. Supondo
que a palavra “covarde” tenha o mesmo significado
nas duas premissas, a forma do argumento é
O filósofo esloveno Slavoj Zizék, em uma
crônica sobre o último episódio de Games of
thrones, afirma: “O que está em jogo no conflito
final é, para resumir de maneira simples, o
seguinte: a revolta contra a tirania deveria se dar no
marco de uma mera luta pelo retorno à versão
antiga, mais bondosa, da mesma ordem hierárquica,
ou deveria evoluir no sentido de uma busca por uma
nova ordem necessária? [...] O embate final da série
combina a rejeição a uma transformação radical
com um velho mote antifeminista. [...] Aqui vale
lembrar que o enredo foi escrito por dois homens. A
figura Daenerys como rainha tresloucada é
rigorosamente uma fantasia masculina (os críticos
acertaram ao apontar que sua descida à loucura não
se justificava psicologicamente). A cena em que ela,
tomada por um olhar de fúria e loucura, sobrevoa a
cidade em seu dragão incendiando casas e pessoas
é simplesmente a expressão da ideologia patriarcal
com seu medo de uma mulher politicamente forte”.
ŽIŽEK, Slavoj. Feminilidade tóxica em “Game of Thrones”.
Disponível em: Blog da Boitempo.
https://blogdaboitempo.com.br/2019/05/21/feminilidadetoxica-em-game-of-thrones-zizek-escreve-sobre-odesfecho-da-serie/. Publicado em 21/05/2019.
Com base na passagem citada acima, é correto
afirmar que
“O homem é no sentido mais literal do termo
um zoon politikon, não só um animal social, mas
animal que só pode isolar-se em sociedade. A
produção do indivíduo isolado fora da sociedade [...]
é uma coisa tão absurda como o desenvolvimento
da linguagem sem indivíduos que vivam juntos e
falem entre si.”
MARX, Karl. Introdução à crítica da economia política.
Trad. Edgard Malagodi et al. São Paulo: Abril Cultural,
1982, p. 3-4. Texto modificado.
Com base nessa passagem, é correto afirmar que,
para Marx,
“Toda polis é uma forma de comunidade. [...]
O homem é, por natureza, um ser vivo político (zoon
politikon). [...] Além disso, a polis é anterior à
família e a cada um de nós, individualmente
considerado; é que o todo é, necessariamente,
anterior à parte. [...] É evidente que a polis é, por
natureza, anterior ao indivíduo; como um indivíduo
separado não é autossuficiente, ele permanece em
relação à cidade como uma parte em relação ao
todo. Quem for incapaz de ser em comunidade ou
que não sente essa necessidade por causa de sua
autossuficiência será um bicho ou um deus; e não
faz parte de qualquer polis”.
ARISTÓTELES. Política, 1252a1; 1253a5-30 –
Texto adaptado.
Com base na citação acima, é correto afirmar que,
para Aristóteles,
Chamo de princípio de demonstração às convicções comuns das quais todos partem para demonstrar: por exemplo, que todas as coisas devem ser afirmadas ou negadas e que é impossível ser e não ser ao mesmo tempo.”
ARISTÓTELES. Metafísica, 996b27-30.
Em sua Metafísica, Aristóteles apresenta um conjunto de princípios lógico-metafísicos que ordenam a realidade e nosso conhecimento acerca dela. Dentre eles está o princípio de não contradição, o qual
Chamo de princípio de demonstração às convicções comuns das quais todos partem para demonstrar: por exemplo, que todas as coisas devem ser afirmadas ou negadas e que é impossível ser e não ser ao mesmo tempo.”
ARISTÓTELES. Metafísica, 996b27-30.
Em sua Metafísica, Aristóteles apresenta um conjunto de princípios lógico-metafísicos que ordenam a realidade e nosso conhecimento acerca dela. Dentre eles está o princípio de não contradição, o qual
Em diálogo com Evódio, Santo Agostinho afirma: “parecia a ti, como dizias, que o livre-arbítrio da vontade não devia nos ter sido dado, visto que as pessoas servem-se dele para pecar. Eu opunha à tua opinião que não podemos agir com retidão a não ser pelo livre-arbítrio da vontade. E afirmava que Deus no-lo deu, sobretudo em vista desse bem. Tu me respondeste que a vontade livre devia nos ter sido dada do mesmo modo como nos foi dada a justiça, da qual ninguém pode se servir a não ser com retidão”.
AGOSTINHO. O livre-arbítrio, Introdução, III, 18, 47.
Com base nessa passagem acerca do livre-arbítrio da vontade, em Agostinho, é correto afirmar que
Em diálogo com Evódio, Santo Agostinho afirma: “parecia a ti, como dizias, que o livre-arbítrio da vontade não devia nos ter sido dado, visto que as pessoas servem-se dele para pecar. Eu opunha à tua opinião que não podemos agir com retidão a não ser pelo livre-arbítrio da vontade. E afirmava que Deus no-lo deu, sobretudo em vista desse bem. Tu me respondeste que a vontade livre devia nos ter sido dada do mesmo modo como nos foi dada a justiça, da qual ninguém pode se servir a não ser com retidão”.
AGOSTINHO. O livre-arbítrio, Introdução, III, 18, 47.
Com base nessa passagem acerca do livre-arbítrio da vontade, em Agostinho, é correto afirmar que
“Portanto, deve-se dizer que como a lei escrita não dá força ao direito natural, assim também não pode diminuir-lhe nem suprimir-lhe a força; pois, a vontade humana não pode mudar a natureza. Portanto, se a lei escrita contém algo contra o direito natural, é injusta e não tem força para obrigar. Pois, só há lugar para o direito positivo, quando, segundo o direito natural, é indiferente que se proceda de uma maneira ou de outra, como já foi explicado acima. Por isso, tais textos não hão de chamar leis, mas corrupções da lei, como já se disse. E portanto, não se deve julgar de acordo com elas.”
Tomás de Aquino, Suma Teológica, II, Questão 60, Art. 5.
Com base na passagem acima, é correto afirmar que
“Portanto, deve-se dizer que como a lei escrita não dá força ao direito natural, assim também não pode diminuir-lhe nem suprimir-lhe a força; pois, a vontade humana não pode mudar a natureza. Portanto, se a lei escrita contém algo contra o direito natural, é injusta e não tem força para obrigar. Pois, só há lugar para o direito positivo, quando, segundo o direito natural, é indiferente que se proceda de uma maneira ou de outra, como já foi explicado acima. Por isso, tais textos não hão de chamar leis, mas corrupções da lei, como já se disse. E portanto, não se deve julgar de acordo com elas.”
Tomás de Aquino, Suma Teológica, II, Questão 60, Art. 5.
Com base na passagem acima, é correto afirmar que
Da premissa “Se estudo filosofia, então gosto de ler”, é logicamente correto, segundo o modus tollens, tirar a seguinte conclusão
O maniqueísmo é uma filosofia religiosa sincrética e dualística fundada e propagada por Manesou Maniqueu, filósofo cristão do século III, que divide o mundo simplesmente entre Bom, ou Deus, e Mau, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má e o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do Bem e do Mal.
”Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Manique%C3%ADsmo.
Contra o maniqueísmo, Agostinho de Hipona (Santo Agostinho) afirmava que
O maniqueísmo é uma filosofia religiosa sincrética e dualística fundada e propagada por Manesou Maniqueu, filósofo cristão do século III, que divide o mundo simplesmente entre Bom, ou Deus, e Mau, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má e o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do Bem e do Mal.
”Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Manique%C3%ADsmo.
Contra o maniqueísmo, Agostinho de Hipona (Santo Agostinho) afirmava que
É no plano político que a Razão, na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou-se. A experiência social só pôde tornar-se entre os gregos objetos de uma reflexão positiva, porque se prestava, na cidade, a um debate público de argumentos. O declínio do mito data do dia em que os primeiros Sábios puseram em discussão a ordem humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la em fórmulas acessíveis à sua inteligência, aplicar-lhe a norma do número e da medida.”
VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 1989, p. 94.
Com base nessa citação, é correto afirmar que a filosofia nasce
É no plano político que a Razão, na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou-se. A experiência social só pôde tornar-se entre os gregos objetos de uma reflexão positiva, porque se prestava, na cidade, a um debate público de argumentos. O declínio do mito data do dia em que os primeiros Sábios puseram em discussão a ordem humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la em fórmulas acessíveis à sua inteligência, aplicar-lhe a norma do número e da medida.”
VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 1989, p. 94.
Com base nessa citação, é correto afirmar que a filosofia nasce