Questão 1370c8eb-fd
Prova:UECE 2019
Disciplina:Filosofia
Assunto:Vontade Divina e Liberdade Humana, A Experiência do Sagrado

Em diálogo com Evódio, Santo Agostinho afirma: “parecia a ti, como dizias, que o livre-arbítrio da vontade não devia nos ter sido dado, visto que as pessoas servem-se dele para pecar. Eu opunha à tua opinião que não podemos agir com retidão a não ser pelo livre-arbítrio da vontade. E afirmava que Deus no-lo deu, sobretudo em vista desse bem. Tu me respondeste que a vontade livre devia nos ter sido dada do mesmo modo como nos foi dada a justiça, da qual ninguém pode se servir a não ser com retidão”.

                                                                       AGOSTINHO. O livre-arbítrio, Introdução, III, 18, 47.

Com base nessa passagem acerca do livre-arbítrio da vontade, em Agostinhoé correto afirmar que

A
o livre-arbítrio é o que conduz o homem ao pecado e ao afastamento de Deus.
B
o poder de decisão ‒ arbítrio ‒ da vontade humana é o que permite a ação moralmente reta.
C
é da vontade de Deus que o homem não tenha capacidade de decidir pelo pecado, já que o Seu amor pelo homem é maior do que o pecado.
D
a ação justa é aquela que foi praticada com o livre-arbítrio; injusta é aquela que não ocorreu por meio do livre-arbítrio.

Gabarito comentado

L
Lucas MartinsMonitor do Qconcursos

Tema central: O tema abordado é o livre-arbítrio em Santo Agostinho, conceito fundamental para compreender como, para o autor, a liberdade de escolha é condição necessária tanto para o bem quanto para o mal, sendo essencial na responsabilidade moral do indivíduo diante de Deus.

Fundamentação teórica: Agostinho, em De libero arbitrio, argumenta que Deus concedeu ao homem o livre-arbítrio para que este possa agir com moralidade, escolhendo livremente entre o bem e o mal. A liberdade de escolha (arbítrio) é a base para a virtude e para a correta prática da justiça. Sem ela, não haveria mérito nas boas ações, pois faltaria verdadeiro comprometimento e responsabilidade do sujeito.

Justificativa da alternativa correta (B): A alternativa B está correta porque expressa exatamente o ensinamento agostiniano: o poder de decisão (arbítrio) da vontade humana é o que possibilita realizar ações moralmente retas. Ou seja, a liberdade é necessária para escolher o bem — não existe verdadeira justiça sem liberdade para agir.

Detalhamento das incorretas:

A) Afirma que o livre-arbítrio conduz ao pecado. Incorreta, pois, para Santo Agostinho, o livre-arbítrio permite tanto o bem quanto o mal; o problema está no uso, não na existência dessa liberdade.
C) Diz que Deus não quis que o homem pudesse escolher pecar. Errado: Deus concede liberdade real, incluindo a possibilidade de escolha equivocada. Negar isso é negar o próprio conceito de livre-arbítrio defendido por Agostinho.
D) Diferencia ações justas e injustas pela presença do livre-arbítrio, mas segundo Agostinho, todas as ações humanas pressupõem o arbítrio: a diferença está na direção (bem ou mal) escolhida, não na existência ou ausência de liberdade.

Estratégia de prova: Atenção a expressões generalizadoras (“conduz”, “é da vontade de Deus”) e sinta segurança para distinguir quando o item fala sobre o uso correto da liberdade (agir com justiça) versus sua simples existência.

Resumo: Para Agostinho, o livre-arbítrio é a condição para agir moralmente bem. Logo, a alternativa B é a correta.

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