“Como a composição das tragédias mais belas
não é simples, mas complexa, e, além disso, deve
imitar casos que suscitam o terror e a piedade
(porque tal é o próprio fim desta imitação),
evidentemente se segue que [nelas] não devem ser
representados nem homens muito bons que passem
da boa para a má fortuna – caso que não suscita
terror nem piedade, mas repugnância – nem
homens muito maus, que passem da má para a boa
fortuna, pois não há coisa menos trágica, faltando-lhe todos os requisitos para tal efeito; não é
conforme aos sentimentos humanos, nem desperta
terror ou piedade.”
ARISTÓTELES. Poética, XIII, 1452b 31. Trad. de Eudoro de
Souza. São Paulo: Ars Poética, 1993.
Considerando a concepção de poética de Aristóteles,
assinale com V ou F conforme seja verdadeiro ou
falso o que se afirma a seguir:
( ) Aristóteles concebe que toda poesia
trágica é uma imitação (mimese ou
mímesis).
( ) A imitação trágica deve ser tal que
provoque nos espectadores terror e
piedade.
( ) Para atingir seus fins, a tragédia deve ser
conforme aos sentimentos humanos.
( ) A tragédia representa homens muito bons
que passaram da boa para a má fortuna.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
ARISTÓTELES. Poética, XIII, 1452b 31. Trad. de Eudoro de
Souza. São Paulo: Ars Poética, 1993.
Considerando a concepção de poética de Aristóteles, assinale com V ou F conforme seja verdadeiro ou falso o que se afirma a seguir:
( ) Aristóteles concebe que toda poesia trágica é uma imitação (mimese ou mímesis).
( ) A imitação trágica deve ser tal que provoque nos espectadores terror e piedade.
( ) Para atingir seus fins, a tragédia deve ser conforme aos sentimentos humanos.
( ) A tragédia representa homens muito bons que passaram da boa para a má fortuna.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa B (V, V, V, F).
Tema central: trata-se da concepção aristotélica de tragédia (Poética): a tragédia é uma mimese que, por meio da representação, deve provocar medo e piedade (visando à catarse) e escolher personagens adequados para que esses efeitos ocorram.
Resumo teórico essencial (de forma progressiva):
- Aristóteles define a tragédia como imitação (mímese) de uma ação séria, completa e de certa magnitude.
- O objetivo da tragédia é suscitar medo (terror) e compaixão (piedade), purgando essas emoções (catarse).
- Para produzir esse efeito, a trama deve ser conforme aos sentimentos humanos — verossímil e apropriada às reações do público.
- Os protagonistas trágicos devem ser nem extremamente bons nem extremamente maus, mas pessoas de certa qualidade que, por erro (hamartia) ou circunstância, caem em desgraça; homens muito bons caindo em infortúnio causam repugnância; homens muito maus que melhoram não despertam a tragédia.
Justificativa da alternativa correta (B):
As três primeiras afirmações são verdadeiras segundo a Poética: a tragédia é mimeses; deve provocar terror e piedade; e precisa ser conforme aos sentimentos humanos para alcançar seu efeito. A quarta é falsa: Aristóteles afirma exatamente que não se deve representar homens muito bons que passam da boa para a má fortuna (isso causa repugnância, não piedade/terror). Portanto a sequência V, V, V, F corresponde ao gabarito B. (Fonte: Aristóteles, Poética, cap. XIII — trad. Eudoro de Souza.)
Análise das alternativas incorretas:
- A (F, F, V, V): contradiz a ideia central de mímese e do efeito emotivo; marca como verdadeiras duas afirmações que Aristóteles rejeita.
- C (V, F, F, V): erra ao negar que a tragédia deva provocar terror e piedade e que deva ser conforme aos sentimentos humanos — elementos centrais da Poética.
- D (F, V, F, F): nega a mímese e a conformidade com sentimentos humanos — também incompatível com o texto aristotélico.
Dica de prova: ao ver termos-chave como mímese, medo e piedade ou referências a “homens muito bons/muito maus”, lembre-se das passagens da Poética sobre quem deve ser o herói trágico (nem excessivamente virtuoso, nem muito perverso) e do objetivo da catarse — isso resolve rapidamente questões sobre tragédia aristotélica.
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