A dialética não é um mero método que
organiza, mentalmente, na cabeça do filósofo, a
realidade que lhe é exterior. Ao contrário, a dialética
é, para autores como Hegel e Marx, a única forma
de ler a realidade sem traí-la ou distorcê-la, pois é
na própria realidade que se situam as contradições
dialéticas. Ciente dessa compreensão, assinale a
opção que exprime corretamente essa identificação
da contradição do real com a forma de pensar.
Gabarito comentado
Resposta correta: C
Tema central: a questão trabalha a noção de dialética — isto é, a ideia de que a contradição existe na própria realidade e que a forma de pensar deve captar essas contradições sem distorcê‑las. É fundamento em Hegel (dialética idealista) e em Marx (dialética materialista).
Resumo teórico sucinto: - Heráclito: “tudo flui” (panta rhei) — a realidade é mudança e tensão permanente; contradição é constitutiva. - Hegel: a dialética é o movimento interno do conceito/ser (tese → antítese → síntese) — a contradição é motor do desenvolvimento. (Ver: Fenomenologia do Espírito.) - Marx: aplica a dialética ao mundo material e social; as contradições sociais e econômicas explicam transformações históricas (ver: O Capital, Manuscritos).
Por que a alternativa C é correta? Porque identifica corretamente a postura heraclitiana (e a afinidade com a leitura dialética de Hegel/Marx): a realidade é mutável e contraditória, logo a forma de pensar deve reconhecê‑la como tal. A alternativa expressa o núcleo da resposta: contradição imanente ao real.
Análise das incorretas: A — Invoca Parmênides: ser imutável e ausência de negações; é o oposto da dialética aqui proposta. B — Remete a Platão: as ideias são imutáveis; embora haja participação, Platão não descreve o real como contraditório de forma dialética como Heráclito/Hegel. D — Demócrito: cosmologia atomista mecanicista (átomos + vazio) — explica movimento, mas não enfatiza a contradição interna da realidade como princípio explicativo dialético.
Dica de interpretação: ao ver palavras como “contradição do real” ou “forma de pensar que não o trai”, associe imediatamente a Heráclito/Hegel/Marx. Desconfie de referências a imutabilidade (Parmênides) ou essências eternas (Platão).
Fontes sugeridas: Heráclito (fragmentos), Parmênides (poema), Hegel — Fenomenologia do Espírito, Marx — O Capital / Manuscritos.
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