É no plano político que a Razão, na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou-se. A experiência social só pôde tornar-se entre os gregos objetos de uma reflexão positiva, porque se prestava, na cidade, a um debate público de argumentos. O declínio do mito data do dia em que os primeiros Sábios puseram em discussão a ordem humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la em fórmulas acessíveis à sua inteligência, aplicar-lhe a norma do número e da medida.”
VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 1989, p. 94.
Com base nessa citação, é correto afirmar que a filosofia nasce
É no plano político que a Razão, na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou-se. A experiência social só pôde tornar-se entre os gregos objetos de uma reflexão positiva, porque se prestava, na cidade, a um debate público de argumentos. O declínio do mito data do dia em que os primeiros Sábios puseram em discussão a ordem humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la em fórmulas acessíveis à sua inteligência, aplicar-lhe a norma do número e da medida.”
VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 1989, p. 94.
Com base nessa citação, é correto afirmar que a filosofia nasce
Gabarito comentado
Tema central: A questão avalia o nascimento da Filosofia na Grécia Antiga, associando-a à passagem do pensamento mítico ao pensamento racional, especialmente no contexto da vida política da polis.
Comentando o conceito-chave: Segundo Jean-Pierre Vernant, a Filosofia nasce da experiência do debate público nas cidades gregas. Era por meio da argumentação e contra-argumentação que os gregos começaram a questionar a ordem estabelecida pelos mitos e a propor explicações baseadas na razão e em princípios verificáveis. Este ambiente de discussão crítica e normas coletivas foi determinante para o surgimento da reflexão filosófica.
Justificativa da alternativa correta (D):
A alternativa D está correta pois está de acordo com Vernant: a Filosofia surge na experiência política da polis, onde o debate de ideias, o uso do raciocínio lógico e o questionamento racional das tradições criaram o ambiente favorável para a transição do mito à razão. Assim, a reflexão filosófica emerge do exercício da cidadania ativa e do confronto de argumentos.
Análise das alternativas incorretas:
A) Incorreta: Fala que não há continuidade entre mito e filosofia, contudo, a transição foi gradual e dialética, com questões míticas sendo discutidas e reinterpretadas racionalmente (pegadinha comum: negar totalmente uma influência).
B) Incompleta: Reduz o surgimento da Filosofia a uma simples transposição do mito à cosmologia, quando Vernant reforça o papel do debate público e não apenas mudanças conceituais internas à religião.
C) Parcial: Embora o “espanto” (thaumazein) seja mencionado por Aristóteles como origem da Filosofia, Vernant destaca o ambiente político e a prática argumentativa como as condições mais específicas e marcantes do contexto grego.
Estratégias de prova: Atenção aos termos “debate”, “argumentação”, “crise das representações míticas” – eles identificam o foco de Vernant. Evite cair em respostas que apresentam cortes bruscos (“nenhuma continuidade”) ou reduzam a Filosofia ao mito ou ao mero espanto.
Conclusão: A alternativa D expressa, com precisão, a influência do contexto político da polis no surgimento do pensamento filosófico racional, conforme defendido por Jean-Pierre Vernant.
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