Questõesde UFU-MG sobre Português

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UFU-MG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Coesão e coerência

Há uma pequena árvore na porta de um bar, todos passam e dão uma beliscada na desprotegida árvore. Alguns arrancam folhas, alguns só puxam e outros, às vezes, até arrancam um galho. O homem que vive na periferia é igual a essa pequena árvore, todos passam por ele e arrancam-lhe algo de valor. A pequena árvore é protegida pelo dono do bar, que põe em sua volta uma armação de madeira; assim, ela fica segura, mas sua beleza é escondida. O homem que vive na periferia, quando resolve buscar o que lhe roubaram, é posto atrás das grades pelo sistema. Tentam proteger a sociedade dele, mas também escondem sua beleza.

FERRÉZ. Capão Pecado. São Paulo: Labortexto, 2000.


Tomada, isoladamente, a proposição “Tentam proteger a sociedade dele” poderia ser considerada ambígua. Para explicitar o sentido que essa oração assume no contexto em que foi empregada, a expressão “a sociedade dele” deve ser substituída por

A
a sociedade contra ele.
B
a sociedade para ele.
C
a sociedade com ele.
D
a sua sociedade.
6a366af1-a5
UFU-MG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Fernanda é tudo que sobrou do que sempre me ensinaram. A sombra dos quarenta graus à sombra. Procurem os gestos no vocabulário, olhem Fernanda: estão todos lá. Sua vida é um palco iluminado. À direita as gambiarras do perfeccionismo. À esquerda os praticáveis do impossível. Em cima o urdimento geral de uma tentativa de enredo a ser refeita todas as noites, toda a vida. Atrás os bastidores, o mistério essencial. Embaixo, o porão, que torna viáveis os mágicos e onde, faz tanto tempo!, se ocultava o ponto. Em frente o diálogo, que é uma fé, e comove montanhas.

Disponível em:<https://goo.gl/ww4RDN> . Acesso em: 01 abr. 2018.


Na seção Retratos 3x4 de seu site, Millôr Fernandes escreve sobre alguns de seus amigos, dentre eles, a atriz Fernanda Montenegro.


Assinale o recurso em torno do qual o texto sobre a atriz foi construído.

A
Eufemismo.
B
Antítese.
C
Metonímia.
D
Metáfora.
6a326440-a5
UFU-MG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Parado, com a colher suspensa sobre a bancada de aço inox, o sujeito atravancava minha passagem. Ia enfiá-la no pote de ervilhas, arremeteu, pousou-a na bandeja de beterrabas, levantou uma rodela, soltou-a, duas gotas vermelhas respingaram no talo de uma couve-flor. Fosse mais para trás, lá pela travessa do agrião, eu poderia ultrapassá-lo e chegar aos molhos a tempo de colocar azeite e vinagre antes que ele se aproximasse, mas da beterraba aos temperos é um passo e então seria eu a atrapalhar sua cadência. (Segundo a etiqueta não escrita dos restaurantes por quilo, a ultrapassagem só é permitida se não for reduzir a velocidade do ultrapassado – o que seria equivalente a furar a fila).


Tudo é movimento, dizia Heráclito; o mundo gira, a lusitana roda, anunciava a televisão: só eu não me mexia, preso diante da cumbuca de grãos de bico com atum. Fiquei irritado. Aquele homem hesitante estava travando o fluxo de minha vida, dali para frente todos os eventos estariam quinze segundos atrasados: da entrega desta crônica ao meu último suspiro.

PRATA, A. A zona do agrião. Estadão, 23 dez. 2008. Disponível em: <https://goo.gl/oE4E42>. Acesso em: 30 mar. 2018.


Narrada na primeira pessoa do singular, a crônica parte de um evento corriqueiro na fila de um restaurante por quilo para elaborar uma reflexão sobre a passagem do tempo. No texto, a função metalinguística da linguagem é evidenciada no fragmento

A
“Segundo a etiqueta não escrita dos restaurantes por quilo, a ultrapassagem só é permitida se não for reduzir a velocidade do ultrapassado [...].”
B
“[...] dali para frente todos os eventos estariam quinze segundos atrasados: da entrega desta crônica ao meu último suspiro.”
C
“Parado, com a colher suspensa sobre a bancada de aço inox, o sujeito atravancava minha passagem.”
D
“Tudo é movimento, dizia Heráclito; o mundo gira, a lusitana roda, anunciava a televisão [...].”
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UFU-MG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Muitos paquistaneses acreditam que a mídia local e internacional promove a jovem ativista de forma exagerada e desnecessária. Partidos de direita afirmam que a "campanha" para promovê-la é a prova de que há um "lobby internacional" por trás de tudo isso. [...]


Os defensores da ganhadora do Nobel da Paz acusam os "odiadores de Malala" de campanha de difamação contra ela. Até que a mentalidade das pessoas mude, argumentam, a jovem não poderá viver em sua terra natal de forma permanente.

Disponível em:<https://goo.gl/abhkYN>. Acesso em: 30 mar. 2018.


No texto sobre o retorno de Malala Yousafzai ao Paquistão pela primeira vez desde que foi baleada pelo Talibã, o emprego das aspas em "odiadores de Malala" tem o efeito de

A
aludir de forma pejorativa aos partidos de direita.
B
destacar uma expressão coloquial usada por paquistaneses.
C
delimitar palavras ditas por entrevistados.
D
veicular imparcialidade do enunciador.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

   Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que estava percebendo as coisas. Minha liberdade então se intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade.
   Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade, eu era por carinho a mãe do que existe. Soube também que se tudo isso "fosse mesmo" o que eu sentia – e não possivelmente um equívoco de sentimento – que Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez se deixaria acarinhar, e sem nenhum compromisso comigo. Ser-Lhe-ia aceitável a intimidade com que eu fazia carinho. O sentimento era novo para mim, mas muito certo, e não ocorrera antes apenas porque não tinha podido ser. Sei que se ama ao que é Deus. Com amor grave, amor solene, respeito, medo e reverência. Mas nunca tinham me falado de carinho maternal por Ele. E assim como meu carinho por um filho não o reduz, até o alarga, assim ser mãe do mundo era o meu amor apenas livre.
  E foi quando quase pisei num enorme rato morto. Em menos de um segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo estilhaçava-me toda em pânico, e controlava como podia o meu mais profundo grito. Quase correndo de medo, cega entre as pessoas, terminei no outro quarteirão encostada a um poste, cerrando violentamente os olhos, que não queriam mais ver. Mas a imagem colava-se às pálpebras: um grande rato ruivo, de cauda enorme, com os pés esmagados, e morto, quieto, ruivo. O meu medo desmesurado de ratos.
LISPECTOR, Clarice. Perdoando Deus. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 41.

O fragmento evidencia as percepções iniciais da personagem narradora. Tais percepções, no desenrolar do conto, são caracterizadas pela 

A
indagação a respeito da existência humana.
B
crescente soberba em relação aos semelhantes.
C
assimilação de variadas experiências grotescas.
D
intensificação do asco ao animal em decomposição.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

       Havia em Recife inúmeras ruas, as ruas dos ricos, ladeadas por palacetes que ficavam no centro de grandes jardins. Eu e uma amiguinha brincávamos muito de decidir a quem pertenciam os palacetes. “Aquele branco é meu. ” “Não, eu já disse que os brancos são meus. ” “Mas esse não é totalmente branco, tem janelas verdes. ” Parávamos às vezes longo tempo, a cara imprensada nas grades, olhando.
    [...] Numa das brincadeiras de “essa casa é minha”, paramos diante de uma que parecia um pequeno castelo. No fundo via-se o imenso pomar. E, à frente, em canteiros bem ajardinados, estavam plantadas as flores.
LISPECTOR, Clarice. Cem anos de perdão. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 60.

A narrativa de ficção joga com sentidos duplos e figurados e explora as variadas possibilidades da linguagem. Na obra de Clarice Lispector, para atingir uma maior expressividade na construção do texto, destaca-se ainda a epifania. Considerando-se o conceito de epifania na obra dessa autora, pode-se ler o conto Cem anos de perdão como

A
antítese do prazer da criança que desvela, por meio do ato de roubar, as possibilidades da transgressão das rígidas normas impostas pela sociedade, mas que sofre de forma antecipada devido à possibilidade da punição.
B
metáfora da passagem da infância para a adolescência, uma vez que a descoberta dos grandes jardins com suas rosas e pitangas acena, figurativamente, para a descoberta do erotismo e da sexualidade.
C
alegoria da dor da criança pobre que, ao andar pelas ruas ricas do espaço urbano, percebe a desigualdade social de Recife, o que autoriza e legitima o ato de roubar.
D
metonímia do mal que se manifesta, de forma inofensiva, nas crianças, por meio do roubo de rosas e de pitangas, mas que na vida adulta se manifestará em atos e atitudes que prejudicarão a sociedade.
40f2c2ce-b2
UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

I
(...)
O menino tinha no olhar um silêncio de chão
e na sua voz uma candura de Fontes.
O Pai achava que a gente queria desver o mundo
para encontrar nas palavras novas coisas de ver
assim: eu via a manhã pousada sobre as margens do
rio do mesmo modo que uma garça aberta na solidão
de uma pedra.
(...)
BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2015. p.13

 Em Menino do mato, um eu lírico menino tem o desejo de apreender, sem se preocupar com explicações, as coisas do mundo, criar novidades por meio das palavras e de sua inocência pueril. Essa mesma ideia perpassa o fragmento: 

A
“Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões da independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas. [...] Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça: - Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia. ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985. p. 24.
B
“Vai embora gato/ De cima do telhado/ Senão o papaizinho/ Te faz desintegrado/ Dorme, filhinho, / Que esta vida é cômica, / Estrôncio 90/ Mentalidade atômica/ Sonha querido/ Enquanto sobe o jato/ Vamos pairando/ Com nosso pé-de-pato/ Bicho-papão, bicho-papão, / Me multa esse Poláris/ Que parou na contramão/ Boi-boi-boi, / boi da cara preta/ Liquida o homem verde/ Que caiu doutro planeta. ” FERNANDES, Millôr. Papáverum Millôr. Rio de Janeiro: Nórdica, 1974. p. 142. 
C
“[...] Em meus tempos de criança, era aquela encantação. Lia-se continuamente e avidamente um mundaréu de histórias (e não estórias) principalmente as do Tico-Tico. Mas lia-se corrido, isto é, frase após frase, do princípio ao fim. Ora, as crianças de hoje não se acostumam a ler correntemente, porque apenas olham as figuras dessas histórias em quadrinhos, cujo ‘texto’ se limita a simples frases interjetivas e assim mesmo muita vez incorretas. No fundo, uma fraseologia de guinchos e uivos, uma subliteratura de homem das cavernas. ” QUINTANA, Mário. 80 anos de poesia. São Paulo: Globo, 2002. 
D
“Em meio a um cristal de ecos/ O poeta vai pela rua/ Seus olhos verdes de éter/ Abrem cavernas na lua. / A lua volta de flanco/ Eriçada de luxúria/ O poeta, aloucado e branco/ Palpa as nádegas da lua. / [...]/ O poeta todo se lava/ De palidez e doçura. / Ardente e desesperada/ A lua vira em decúbito. ” MORAES, Vinicius. Antologia poética. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Texto I

   Logo descobriu que não podia absolutamente mais se mexer. Não se admirou com esse fato, pareceu-lhe antes um pouco natural que até agora tivesse conseguido se movimentar com aquelas perninhas finas. No restante sentia-se relativamente confortável. Na realidade tinha dores no corpo, mas para ele era como se elas fossem ficar cada vez mais fracas e finalmente desaparecer por completo. A maçã apodrecida nas suas costas e a região inflamada em volta, inteiramente cobertas por uma poeira mole, quase não o incomodavam. Recordava-se da família com emoção e amor. Sua opinião de que precisava desaparecer era, se possível, ainda mais decidida que a da irmã. Permaneceu nesse estado de meditação vazia e pacífica até que o relógio da torre bateu a terceira hora da manhã. Ele vivenciou o início do clarear geral do dia lá do lado de fora da janela. Depois, sem intervenção da sua vontade, a cabeça afundou completamente e das suas ventas fluiu fraco o último fôlego.

KAFKA, Franz. A metamorfose. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 78. 

Texto II

     Saciada, espantada, continuou a passear com os olhos mais abertos, em atenção às voltas violentas que a água pesada dava no estômago, acordando pequenos reflexos pelo resto do corpo como luzes.      A estrada subia muito. A estrada era mais bonita que o Rio de Janeiro, e subia muito. Mocinha sentou-se numa pedra que havia junto de uma árvore, para poder apreciar. O céu estava altíssimo, sem nenhuma nuvem. E tinha muito passarinho que voava do abismo para a estrada. A estrada branca de sol estendia sobre um abismo verde. Então, como estava cansada, a velha encostou a cabeça no tronco da árvore e morreu.

LISPECTOR, Clarice. O grande passeio. In: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 37-38 


Embora de épocas e nacionalidades distintas, os protagonistas de A metamorfose e do conto O grande passeio têm em comum a 

A
a incapacidade de decisão ante as instabilidades sociais.
B
o isolamento social devido ao descaso dos familiares.
C
o devaneio filosófico a respeito dos fenômenos da natureza.
D
a passividade diante das vicissitudes do curso da vida.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Com o intuito de compreender as razões do comportamento humano, a narradora do conto Felicidade clandestina, de livro homônimo de Clarice Lispector, atém-se a um fato de sua infância, em que uma menina, filha do dono de uma livraria, percebendo o gosto da narradora pelos livros e pela leitura, promete lhe emprestar o livro As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Entretanto, numa atitude de crueldade, sempre adia o empréstimo. Para a narradora personagem, o comportamento da menina advém

A
da vingança fracassada, que se originou da desagregação familiar da menina e do rompimento com o namorado.
B
da inveja, que a corroía em função da contraposição de sua feiura à beleza das outras meninas.
C
do transtorno de conduta, que depois levou a menina à demonstração de sentimento de remorso.
D
do distúrbio de dupla personalidade, que instaurava na menina a dúvida quanto ao empréstimo do livro.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Na obra Felicidade clandestina, de Clarice Lispector, há contos em que crianças são protagonistas, ora diante de situações densas, ora leves, com suas alegrias e tristezas na relação com o outro. Nessa tessitura, o fio condutor do conto

A
Miopia progressiva indica a manipulação das coisas e das pessoas por parte do protagonista para garantir a sua entrada no mundo adulto.
B
Restos de Carnaval destaca o desejo da personagem menina de divertir-se como centro das atenções na festa de momo.
C
Tentação evidencia a importância do olhar entre os protagonistas para representar a comunicação entre eles.
D
Come, meu filho prioriza o discurso autoritário da mãe para contrapor-se ao fluxo de consciência do filho.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso

DIONISOS DENDRITES


Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.


Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.


As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.


E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.


SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

A
As bocas mordem colos e flancos desnudados” revela o séquito de animais presentes.
B
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos” subverte a ambientação diurna de Dionisos.
C
Ramos nascem de seu peito” indica a relação de simbiose do deus Dioniso com a natureza.
D
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio” põe em evidência as vítimas imoladas pelo deus.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Depreende-se, da leitura de O santo e a porca, que Ariano Suassuna, ao dialogar com a tradição, retomando a comédia Aululária, de Plauto, e O avarento, de Moliére, recriando-as a partir de aspectos regionais e universais, associa 

A
o popular ao erudito.
B
a arte renascentista ao pós-moderno.
C
o grotesco ao sublime.
D
o cômico ao trágico.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

   O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
  O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
  Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
  Só afrouxa a rédea depois do gozo.
 Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

  Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina 

A
constata a violência do mundo adulto e desiste do embate contra o Homem.
B
revive na vida adulta o trauma da infância e sucumbe aos desejos do Homem.
C
reage à perseguição do Homem e pragueja contra a mulher mascarada.
D
descobre a cilada armada pela mulher mascarada e tenta em vão aliar-se ao Homem.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Considerando a leitura do poema e o uso dos recursos expressivos, em Dionisos Dendrites,

DIONISOS DENDRITES


Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.


Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.


As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.


E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.


SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

A
a aliteração no verso “Pés percutem a pedra enegrecida” indica um som reproduzido como o dos tambores do verso subsequente.
B
a gradação em ‘bocas’, ‘faces’ e ‘corpos’, nos três primeiros versos da 3ª estrofe, aponta para a opulência do ritual.
C
a metonímia em “seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas” revela o embate estabelecido entre a vida e a morte.
D
a metáfora em ‘taças incendiadas’, no verso “o vinho espuma nas taças incendiadas”, denota o sentimento de enfado dos presentes em relação ao ritual.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

[...] Há uma velha máxima no universo da internet que diz: “Não alimente os trolls (aqueles que praticam a trolagem – brincadeiras ofensivas que, muitas vezes, ferem as leis).” Segundo essa teoria, quanto mais a população se incomoda e quanto mais a mídia divulga as ações desses grupos, mais eles se tornam populares e engajados. Os defensores da máxima dizem que ela deveria valer também para a Justiça. Há quem defenda que a ideia de que, à medida que as autoridades perseguem esses grupos (gangues virtuais), mais malucos se dispõem a desafiá-las, devido à sensação de impunidade inerente ao anonimato na rede. Mas, sejam eles alimentados ou não, muitos desses baderneiros virtuais estão cometendo crimes no mundo real. [...]
FERRARI, Bruno. In: Época, 25 de janeiro de 2016, p. 69 (fragmento adaptado). 

Com o objetivo de introduzir o tema do texto, o autor cita uma máxima da internet e, na sequência, explicita-a. O processo constitutivo dessa explicação baseia-se em uma relação 

A
demonstrada e aceita como verdade para o que será defendido.
B
derivada de outras já comprovadas anteriormente.
C
presumida como real no domínio de sua aplicação.
D
consensual e necessária para a aceitação do que será postulado.
40d7abea-b2
UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Uma das melhores interpretações já feitas do verbo “coitadinhar”, neologismo que aprendi durante um papo-furado com uma grande amiga que é cega, foi feita no feita no filme “Shrek”. Ela acontece no momento em que o Gato de Botas, para fugir de uma situação em que estava encurralado, esbugalhou os olhos, comprimiu o pescoço, ensaiou um choro e conseguiu, por fim, amolecer o coração dos malvados que o cercavam ilesos. [...]
MARQUES, Jairo. Folha de S. Paulo, 16 de dezembro de 2015, B2 Cotidiano (fragmento).

Entende-se por neologismo a criação ou atribuição de um novo sentido a uma palavra ou expressão já existente, por meio de processos também existentes na língua. Com base nessa definição e na contextualização em que o termo “coitadinhar” foi utilizado no filme “Shrek”, deduz-se que ele significa, EXCETO

A
Criar subterfúgios para ser considerado inocente.
B
Criar condições para ser avaliado como ser inferior.
C
Culpar os outros pelas próprias carências.
D
Ressaltar as carências para obter favores.
40cc38c2-b2
UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

O texto tece reflexões acerca do passado, do futuro e do presente, argumentando a favor da ideia de que se deve


A
ter esperança no futuro, pois o passado não existe mais.
B
viver o presente parcimoniosamente, pois o presente é real.
C
ignorar o passado para que se viva bem o presente.
D
experienciar o presente, a fim de saboreá-lo.
40d0027b-b2
UFU-MG 2016 - Português - Uso das aspas, Pontuação

O emprego das aspas em “nadas” (linha 11) deve-se ao fato de que o autor deseja


A
assinalar o emprego inadequado do termo segundo prescrições gramaticais.
B
enfatizar, apenas, o uso do termo, como se o estivesse sublinhando ou destacando-o em negrito.
C
chamar a atenção para a acepção equivocada do termo, no contexto em que foi empregado.
D
remeter o leitor ao sentido que essa palavra tem no dicionário.
40c55a06-b2
UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Na Olimpíada da crise, os convidados especiais não vão contar assim com tanta mordomia. Graças à baixa procura e ao desinteresse dos patrocinadores, o comitê organizador dos Jogos está com dificuldade de erguer camarotes para algumas modalidades. O de vôlei de praia, esporte no qual o Brasil é destaque, não vai dispor da estrutura. O camarote para o tênis, no Parque Olímpico, também foi cancelado. A construção ocorre apenas se os pedidos são suficientes para compensar os custos.
Veja, ed. 2460, ano 49, nº. 2, 13 de janeiro de 2016, p. 29.

No último período do texto, as formas verbais em destaque foram empregadas para 

A
expressar temporalmente o futuro.
B
representar eventos sem historicidade.
C
expressar fatos que independem do tempo cronológico.
D
expressar atitude do enunciador.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

O vírus zika segue sua escalada. Ele é suspeito de causar boa parte dos 3.611 casos de microcefalia em bebês no Brasil desde outubro de 2015, segundo o levantamento mais recente do Ministério da Saúde. No dia 17 de janeiro, a Organização Pan-Americana da Saúde na região, declarou que 18 países, praticamente toda a América Latina, já detectaram casos de infecção pelo vírus. O invasor chegou até a América do Norte. Durante a última semana, apareceram notificações de casos nos Estados Unidos. Foram duas gestantes em Illinois, outra com suspeita de zika na Califórnia e três pessoas diagnosticadas na Flórida. Esses casos se somam aos primeiros registrados no início do mês: uma mulher no Texas e um bebê que nasceu com microcefalia no Havaí. [...] Um novo estudo, elaborado por um grupo internacional de pesquisadores, sugere que é questão de tempo até que o vírus comece a se disseminar dentro dos Estados Unidos e, possivelmente, da Europa. [...]
BUSCATO, Marcela. Época, 25 de janeiro de 2016, p. 42 (fragmento).

Ao descrever a crescente trajetória do vírus zika, por meio de dados oficiais, a produtora do texto tem por objetivo: 

A
Informar a população sobre a gravidade do vírus.
B
Ressaltar o fato de que o vírus prefere os trópicos para se disseminar.
C
Enfatizar o fato de que o vírus é uma ameaça global.
D
Alertar sobre a expansão do vírus pela Europa.