[...] Há uma velha máxima no universo da internet que diz: “Não alimente os trolls (aqueles que praticam a trolagem – brincadeiras ofensivas que, muitas vezes, ferem as leis).” Segundo essa teoria, quanto mais a população se incomoda e quanto mais a mídia divulga as ações desses grupos, mais eles se tornam populares e engajados. Os defensores da máxima dizem que ela deveria valer também para a Justiça. Há quem defenda que a ideia de que, à medida que as autoridades perseguem esses grupos (gangues virtuais), mais malucos se dispõem a desafiá-las, devido à sensação de impunidade inerente ao anonimato na rede. Mas, sejam eles alimentados ou não, muitos desses baderneiros virtuais estão cometendo crimes no mundo real. [...]

FERRARI, Bruno. In: Época, 25 de janeiro de 2016, p. 69 (fragmento adaptado). 

Com o objetivo de introduzir o tema do texto, o autor cita uma máxima da internet e, na sequência, explicita-a. O processo constitutivo dessa explicação baseia-se em uma relação 

Tema central: Interpretação de Texto — Argumentação

Esta questão avalia a capacidade de compreensão e análise das estratégias argumentativas utilizadas pelo autor ao introduzir o tema. É importante identificar como a máxima da internet (“Não alimente os trolls”) é empregada para fundamentar o argumento central do texto.

Justificativa da alternativa correta — D) consensual e necessária para a aceitação do que será postulado:

O autor cita uma máxima já conhecida e consensual no universo digital, ou seja, aceita coletivamente nesse contexto. Ela serve como base argumentativa para justificar a discussão posterior sobre a reação da sociedade e da justiça. De acordo com a norma-padrão e a teoria textual (vide Bechara, Moderna Gramática Portuguesa), uma afirmação consensual fortalece a coerência do texto, pois estabelece um ponto de partida comum ao interlocutor e ao leitor. Assim, tal máxima é essencial para que o argumento subsequente faça sentido, funcionando como sustentação inicial do raciocínio do autor.

Análise das alternativas incorretas:

A) “demonstrada e aceita como verdade para o que será defendido.” — O texto não traz nenhuma demonstração ou prova empírica; apenas expõe uma expressão popular. Não há apresentação de evidência objetiva, portanto, é inadequada.

B) “derivada de outras já comprovadas anteriormente.” — O fragmento não relaciona a máxima a outras teorias comprovadas. Trata-se de uma tradição do universo on-line, não de uma ideia decorrente de confirmação anterior.

C) “presumida como real no domínio de sua aplicação.” — A máxima não é tratada apenas como presunção, mas sim como um acordo tácito, um saber comum, o que transcende a simples presunção de realidade.

Estratégia de resolução: Ao ler enunciados que envolvem o modo como conceitos ou máximas são inseridos no texto, busque por elementos que indiquem consenso, necessidade argumentativa, fundamentação ou opinião — isso revela o papel da frase no contexto global do texto.

Dica: Palavras como “maxima”, “consenso”, “fundamento” sinalizam argumentação baseada em aceitação comum, não em comprovação empírica.

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