Questão 40db2b2d-b2
Prova:UFU-MG 2016
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Considerando a leitura do poema e o uso dos recursos expressivos, em Dionisos Dendrites,

DIONISOS DENDRITES


Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.


Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.


As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.


E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.


SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

A
a aliteração no verso “Pés percutem a pedra enegrecida” indica um som reproduzido como o dos tambores do verso subsequente.
B
a gradação em ‘bocas’, ‘faces’ e ‘corpos’, nos três primeiros versos da 3ª estrofe, aponta para a opulência do ritual.
C
a metonímia em “seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas” revela o embate estabelecido entre a vida e a morte.
D
a metáfora em ‘taças incendiadas’, no verso “o vinho espuma nas taças incendiadas”, denota o sentimento de enfado dos presentes em relação ao ritual.

Gabarito comentado

B
Bruno Oliveira Monitor do Qconcursos

Tema central da questão: Figuras de linguagem aplicadas à interpretação poética. Esse tipo de questão exige o conhecimento formal das principais figuras, além da leitura atenta do contexto textual para não se iludir com alternativas plausíveis, mas incorretas.

Alternativa Correta: A

No verso "Pés percutem a pedra enegrecida", ocorre a aliteração — figura de linguagem que consiste na repetição de sons consonantais, neste caso, o fonema /p/ (“Pés”, “percutem”, “pedra”). Esse efeito sonoro sugere o som ritmado, semelhante ao dos tambores citados no verso seguinte (“Cantos ecoam tambores...”): a relação entre os versos é reforçada auditivamente, recurso muito explorado em poesia. Segundo Bechara e Fiorin, a aliteração auxilia a criar atmosfera, musicalidade ou imitar sons reais no texto.

Análise das alternativas incorretas:

B) Gradação – A progressão (“bocas”, “faces”, “corpos”) não configura gradação de fato, pois não há avanço ou intensificação explícita; os termos não são apresentados em ordem crescente ou decrescente de intensidade, ideia ou parte para o todo, como estabelece Cunha & Cintra. É apenas uma enumeração.

C) Metonímia – No verso “seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas”, há uso de linguagem figurada, mas não de metonímia. A frase é, na verdade, exemplo de metáfora, pois associa elementos (“olhar verde” e “penetra a noite”) de forma não literal, e não de substituição por relação de contiguidade, como requer a metonímia.

D) Metáfora + Sentimento – “Taças incendiadas” de fato exemplifica uma metáfora, transmitindo o fervor e intensidade ritualística, não o “enfado” (tédio), como erroneamente sugere a alternativa. O contexto do poema é de energia e celebração, não de cansaço.

Dica estratégica: Em questões sobre figuras de linguagem, sempre releia o exemplo atentando à palavra-chave e tente identificar a intenção sonora ou de sentido do trecho. Lembre-se: aliteração = repetição de sons; gradação = progressão de ideias; metonímia = troca por relação de sentido próximo; metáfora = comparação implícita.

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