Há uma pequena árvore na porta de um bar, todos passam e dão uma beliscada na
desprotegida árvore. Alguns arrancam folhas, alguns só puxam e outros, às vezes, até arrancam
um galho. O homem que vive na periferia é igual a essa pequena árvore, todos passam por ele e
arrancam-lhe algo de valor. A pequena árvore é protegida pelo dono do bar, que põe em sua volta
uma armação de madeira; assim, ela fica segura, mas sua beleza é escondida. O homem que vive
na periferia, quando resolve buscar o que lhe roubaram, é posto atrás das grades pelo sistema.
Tentam proteger a sociedade dele, mas também escondem sua beleza.
FERRÉZ. Capão Pecado. São Paulo: Labortexto, 2000.
Tomada, isoladamente, a proposição “Tentam proteger a sociedade dele” poderia ser
considerada ambígua. Para explicitar o sentido que essa oração assume no contexto em que foi
empregada, a expressão “a sociedade dele” deve ser substituída por
Há uma pequena árvore na porta de um bar, todos passam e dão uma beliscada na desprotegida árvore. Alguns arrancam folhas, alguns só puxam e outros, às vezes, até arrancam um galho. O homem que vive na periferia é igual a essa pequena árvore, todos passam por ele e arrancam-lhe algo de valor. A pequena árvore é protegida pelo dono do bar, que põe em sua volta uma armação de madeira; assim, ela fica segura, mas sua beleza é escondida. O homem que vive na periferia, quando resolve buscar o que lhe roubaram, é posto atrás das grades pelo sistema. Tentam proteger a sociedade dele, mas também escondem sua beleza.
FERRÉZ. Capão Pecado. São Paulo: Labortexto, 2000.
Tomada, isoladamente, a proposição “Tentam proteger a sociedade dele” poderia ser considerada ambígua. Para explicitar o sentido que essa oração assume no contexto em que foi empregada, a expressão “a sociedade dele” deve ser substituída por
Gabarito comentado
Tema central da questão: Interpretação de texto e ambiguidade pronominal
A questão avalia sua habilidade em identificar e eliminar ambiguidade provocada por pronomes possessivos, tema recorrente em provas de vestibular e concursos. Segundo a norma-padrão da Língua Portuguesa, é essencial garantir clareza e precisão na referência dos pronomes, sobretudo ao empregar pronomes possessivos de terceira pessoa ("seu", "sua", "dele", "dela"), pois podem gerar duplo sentido conforme o contexto.
No trecho “Tentam proteger a sociedade dele”, surge uma ambiguidade: "dele" pode indicar tanto que a sociedade pertence ao homem da periferia quanto que é a sociedade em geral que está sendo protegida dele. A interpretação correta, conforme o contexto do texto (proteção da sociedade em relação ao homem marginalizado), requer uma reformulação que elimine qualquer dúvida de sentido.
Análise da alternativa correta (A) – “a sociedade contra ele”
Selecionar “a sociedade contra ele” elimina a ambiguidade e esclarece a ideia de que a proteção visa defender a sociedade do próprio homem da periferia, não em benefício dele. Essa é a relação de sentido explicitamente estabelecida no texto. Bechara e Cunha & Cintra recomendam sempre reformular períodos ambíguos com expressões claras e explícitas, sobretudo quando o pronome pode ter mais de um referente no contexto.
Análise das alternativas incorretas:
- B) "a sociedade para ele": Sugere proteção da sociedade em benefício do homem, contrariando o sentido original, que evidencia isolamento e repressão.
- C) "a sociedade com ele": Indica parceria ou união, completamente fora do contexto, já que o texto mostra separação e segregação.
- D) "a sua sociedade": Mantém o problema de ambiguidade, pois "sua" pode remeter ao homem ou a terceiros. A Gramática Normativa condena este tipo de construção ambígua em textos formais.
Estratégia para evitar erros: Leia sempre o trecho analisando quem é o referente do pronome. Se houver dúvidas, imagine o texto substituindo o pronome por um termo explícito e veja se o sentido permanece coerente dentro do contexto.
Resumo da regra: Para evitar ambiguidade, troque pronomes possessivos vagos por expressões claras e explícitas. É essencial para garantir sentido único e límpido.
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