Questõesde UECE sobre Filosofia

1
1
Foram encontradas 115 questões
132e4286-fd
UECE 2019 - Filosofia - Filosofia e a Grécia Antiga, Sócrates e a Maiêutica

“Talvez [...] a verdade nada mais seja do que uma certa purificação das paixões e seja, portanto, a temperança, a justiça, a coragem; e a própria sabedoria não seja outra coisa do que esse meio de purificação.”


                                                                                                      PLATÃO. Fédon, 69b-c, adaptado.

Nessa fala de Sócrates, a “purificação” das paixões ocorre na medida em que a alma se afasta do corpo pela “força” da sabedoria. Com base nisso, assinale a afirmação FALSA.

A
As virtudes são a eliminação das paixões através da sabedoria.
B
Temperança, justiça e coragem resultam da purificação das paixões.
C
A sabedoria é a potência da alma pela qual as virtudes se constituem.
D
A alma atinge a verdade através da virtude da sabedoria.
ce430fd4-b8
UECE 2019 - Filosofia - Conceitos Filosóficos

“Toda a obra de Francis bacon se destina a substituir uma cultura do tipo retórico-literário por uma do tipo técnico-científico. Bacon está perfeitamente consciente de que a realização deste programa de reforma comporta numa ruptura com a tradição. De que tal ruptura diz respeito não só ao modo de pensar, mas também ao modo de viver dos homens. O tipo de discurso filosófico elaborado no mundo clássico pressupõe, segundo Bacon, a superioridade da contemplação sobre as obras, da resignação diante da natureza sobre a conquista da natureza, da reflexão acerca da interioridade sobre a pesquisa voltada para os fatos e as coisas.”

ROSSI, Paolo. Os filósofos e as máquinas:1400-700. São
Paulo: Companhia das Letras, 1989, p.75/adaptado.

A passagem acima expõe a relação entre o pensamento filosófico moderno, representado por Francis Bacon, e o pensamento filosófico clássico. Sobre essa relação, é correto afirmar que

A
não houve nenhuma mudança substantiva entre a forma como os modernos pensavam o mundo e a forma como os antigos interpretavam a realidade, a não ser no aspecto da adoção de um processo metodológico diferenciado do pensamento.
B
a filosofia dos modernos buscava compreender a forma do pensamento e a partir de um raciocínio dedutivo, ao contrário dos antigos que baseavam o pensamento na forma indutiva e experimental de abordagem da realidade.
C
a mudança da maneira com que os filósofos da modernidade passaram a pensar a realidade foi radical em relação aos antigos, representando uma ruptura com um tipo de saber retórico e a adoção de um pensamento focado na pesquisa sobre os fatos e as coisas.
D
embora ancorada em raciocínio lógico e em um método mais preciso de análise, a filosofia dos modernos mostrava-se inferior ao pensamento antigo, em decorrência tanto de sua dependência excessiva da experiência, como do abandono do raciocínio.
ce470f91-b8
UECE 2019 - Filosofia - Maquiavel e O Príncipe, A Política

O florentino Nicolau Maquiavel é considerado pela maioria dos historiadores da política como o primeiro grande pensador moderno a romper com a visão aristotélica sobre o sentido da vida política. Se para o filósofo grego o exercício da vida na polis representava a consumação da natureza racional do homem e a manifestação maior da sua excelência e do bem, Maquiavel, nas palavras de Pierre Manent: “foi o primeiro dos mestres da suspeita... o primeiro a trazer a suspeita para o ponto estratégico da vida dos homens: seu convívio, sua vida política. Se empenhou, Maquiavel, em nos convencer do caráter central ou substancial do mal na coisa pública”.

MANENT, Pierre. História intelectual do liberalismo: dez
lições. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1990.
P. 28-29/ adaptado.

A partir da leitura do trecho acima e levando em consideração o surgimento do pensamento político moderno, em Maquiavel, analise as seguintes proposições:

I. O pensamento político de Maquiavel foi inovador em relação ao pensamento clássico, por considerar que não há um “bem” absoluto em contraposição a um “mal” a ser combatido. Em certas situações, o “bem” advém e é mantido pelo “mal”.

II. Maquiavel e praticamente todos os filósofos da modernidade negavam a existência do bem comum. Uma característica marcante na concepção de política moderna era a de que a conquista e o exercício do poder político era o principal elemento a considerar.

III. Muito influenciado pelas disputas políticas de seu tempo, Maquiavel baseou-se na experiência concreta da coisa pública. Ao contrário dos antigos que viam a política como a realização do fim último da cidadania, ele procurou descrever o processo político de seu tempo.

É correto o que se afirma em

A
I e III apenas.
B
I e II apenas.
C
II e III apenas.
D
I, II e III.
ce3a7528-b8
UECE 2019 - Filosofia - Conceitos Filosóficos

“O silogismo é uma locução em que uma vez certas suposições sejam feitas, alguma coisa distinta delas se segue necessariamente devido à mera presença das suposições como tais. Por ‘devido à mera presença das suposições como tais’ entendo que é por causa delas que resulta a conclusão, e por isso quero dizer que não há necessidade de qualquer termo adicional para tornar a conclusão necessária”

ARISTÓTELES. Órganon: Categorias,
Da interpretação, Analíticos anteriores, Analíticos
posteriores, Tópicos, Refutações sofísticas.
Bauru, SP: EDIPRO, 2010, p. 111.

Considerando o enunciado acima, constante no livro I dos Analíticos anteriores, atente para o que se afirma a seguir, e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.

( ) Trata-se da definição de silogismo, termo filosófico com o qual Aristóteles designou a conclusão deduzida de premissas, a argumentação lógica perfeita.

( ) Expõe as bases do argumento indutivo com três proposições declarativas (duas premissas e uma conclusão) que se conectam de tal modo que, a partir de premissas, é possível induzir uma conclusão.

( ) Expressa a importância dada por Aristóteles à correção lógica do raciocínio empregado na construção do conhecimento do Ser das coisas.

( ) O silogismo não trata do conteúdo do que se afirma, mas permite se chegar a conclusões verdadeiras, desde que baseadas em princípios gerais verdadeiros.

A sequência correta, de cima para baixo, é:


A
F, F, V, F.
B
F, V, F, V.
C
V, V, F, F.
D
V, F, V, V.
ce403f4b-b8
UECE 2019 - Filosofia - Filosofia e a Grécia Antiga

Atente para a seguinte passagem, que trata do alvorecer da filosofia: “A derrocada do sistema micênico ultrapassa, largamente, em suas consequências, o domínio da história política e social. Ela repercute no próprio homem grego; modifica seu universo espiritual, transforma algumas de suas atitudes psicológicas. A Grécia se reconhece numa certa forma de vida social, num tipo de reflexão que definem a seus próprios olhos sua originalidade, sua superioridade sobre o mundo bárbaro: no lugar do Rei cuja onipotência se exerce sem controle, sem limite, no recesso de seu palácio, a vida política grega pretende ser o objeto de um debate público, em plena luz do Sol, na Ágora, da parte de cidadãos definidos como iguais e de quem o Estado é a questão comum; no lugar das antigas cosmogonias associadas a rituais reais e a mitos de soberania, um pensamento novo procura estabelecer a ordem do mundo em relações de simetria, de equilíbrio, de igualdade entre os diversos elementos que compõem o cosmos”.

VERNANT, J.-P. As
origens do pensamento grego. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1996, p.6/adaptado.

Com base na passagem acima, é correto afirmar que

A
a filosofia decorre fundamentalmente de um longo processo de evolução dos mitos antigos, não havendo relação direta entre seu desenvolvimento e o processo social e político dos povos que deram origem à civilização grega.
B
o poder despótico, característico dos povos da antiguidade, consolidou de forma gradual e constante o surgimento de movimentos sociais de contestação na Grécia antiga, o que foi fundamental para o surgimento da razão filosófica, no período clássico.
C
a mudança de pensamento do povo grego e a originalidade de sua reflexão sobre o cosmo se relacionam às transformações da vida política grega, na qual o debate público por parte de cidadãos iguais substituiu a onipotência do poder real ancorada em mitos de soberania.
D
não há diferenças significativas entre os sistema de organização social dos povos que viveram na Grécia micênica e os processos sociais que vigoraram nos períodos subsequentes, seja no período homérico, seja nos períodos arcaico e período clássico.
ce3d6f3c-b8
UECE 2019 - Filosofia - A Origem da Filosofia

“Aliada ao rompimento das ideias do mundo medieval, rompeu-se também a confiança nos velhos caminhos para a produção do conhecimento: a fé, a contemplação não eram mais consideradas vias satisfatórias para se chegar à verdade. Um novo caminho, um novo método precisava ser encontrado, que permitisse superar as incertezas.”

ANDERY, Maria Amália, et al. Para compreender a
ciência. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1988, p.173.

Considerando o surgimento da ciência moderna e sua forma de abordagem da realidade, assinale a opção que completa correta e respectivamente as lacunas do seguinte enunciado:

O ____________1 e o ____________2 foram correntes filosófico-científicas que contribuíram para o surgimento das ciências modernas. O primeiro valoriza o raciocínio como fonte do verdadeiro conhecimento e aborda a realidade a partir do ____________3 . O segundo, por sua vez, valoriza a experiência e procura produzir conhecimentos na lida com os fatos e as coisas humanas e naturais, e analisa a realidade através do ____________ 4 .

A
empirismo1; humanismo2; método dedutivo3; método qualitativo4
B
racionalismo1; empirismo2; método dedutivo3; método indutivo4
C

racionalismo1; empirismo2; método empírico3; método indutivo4

D
empirismo1; racionalismo2; método racional3; método matemático4
99f61523-b9
UECE 2019 - Filosofia - Os Contratualistas (Hobbes, Locke e Rousseau), A Política

Analise as seguintes passagens que se referem ao princípio fundamental do contratualismo — a existência de um pacto social como fundamento da sociedade:

     “As cláusulas desse contrato são de tal modo determinadas pela natureza do ato, que a menor modificação as tornaria vãs e de nenhum efeito. Violando-se o pacto social, cada um volta aos seus primeiros direitos e retoma sua liberdade natural, perdendo a liberdade convencional pela qual renunciara àquela”.

ROUSSEAU, J. J. Do contrato social. 2ª ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978. Coleção “Os Pensadores”.

     “E os pactos sem espada não passam de palavras, sem força para dar qualquer segurança a ninguém. Portanto, apesar das leis da natureza (que cada um respeita quando tem vontade de as respeitar e quando o pode fazer com segurança), se não for instituído um poder suficientemente grande para nossa segurança, cada um confiará, e poderá legitimamente confiar, apenas em sua própria força e capacidade”.

HOBBES, Thomas. LEVIATÃ ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Trad. João P. Monteiro e Maria B. Nizza. 3ª ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. 

Considere as seguintes proposições sobre o conceito de pacto social:

I. Para Rousseau, pelo pacto social, o homem abre mão de sua liberdade, mas, ao fazê-lo, abre espaço ao surgimento da soberania e da lei, e obedecer a lei é obedecer a si mesmo, o que o torna livre novamente.
II. Diferente de Hobbes, Locke não via o estado de natureza dominado pelo egoísmo. O contrato social era necessário para garantir o direito de propriedade que, segundo Locke, era anterior à própria sociabilidade.
III. Hobbes e Rousseau concordavam ser necessário um pacto ou contrato social, que decorria da necessidade humana de controlar os instintos e impedir a guerra de todos contra todos do estado de natureza.

É correto o que se afirma em

A
I, II e III.
B
I e III apenas.
C
I e II apenas.
D
II e III apenas.
99f330ab-b9
UECE 2019 - Filosofia - Conceitos Filosóficos, Razão: Inata ou Adquirida?

Observe as seguintes citações, que refletem posições divergentes, colocadas por empiristas e racionalistas, sobre o método que deveria ser usado para o estabelecimento do correto processo de conhecimento da realidade: 

     “Primeiramente, considero haver em nós certas noções primitivas, as quais são como originais, sob cujo padrão formamos todos os nossos outros conhecimentos”.

DESCARTES, R. Carta a Elisabeth. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Col. Os Pensadores.

     “De onde a mente apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo numa palavra, da experiência. Todo o conhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento”.

LOCKE, J. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Col. Os pensadores.

Considerando o que propunham o empirismo e o racionalismo, atente para o que se afirma a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.

( ) O racionalismo é a forma de compreensão do conhecimento que prioriza a razão e recorre à indução como método de análise.
( ) O empirismo, ao contrário do racionalismo, parte da experiência para a construção de afirmações gerais a respeito da realidade.
( ) Para o racionalismo, sobretudo o cartesiano, a verdade deveria ser buscada fora dos sentidos, visto que eles são enganosos e podem nos equivocar em qualquer experiência de percepção.
( ) O empirismo, vertente de compreensão da qual Locke fazia parte, aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao negar a existência de ideias inatas. 

A sequência correta, de cima para baixo, é:

A
V, F, V, F.
B
V, V, F, V.
C
F, F, F, V.
D
F, V, V, F.
99f04f44-b9
UECE 2019 - Filosofia - Filosofia e a Grécia Antiga

Leia a seguinte passagem, que relaciona o regramento democrático ao desenvolvimento de uma prática social baseada na razão:

     “A democracia representa exatamente a possibilidade de se resolverem, através do entendimento mútuo, e de leis iguais para todos, as diferenças e divergências existentes em nome de um interesse comum. As decisões serão tomadas por consenso, o que acarreta persuadir, convencer, justificar, explicar. Anteriormente, havia a imposição, a violência, a obediência. A linguagem, o diálogo e a discussão rompem com a violência na medida em que todos os falantes têm, no diálogo, os mesmos direitos (isegoria): interrogar, questionar, contra-argumentar. A razão se sobrepõe à força”.

MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar Ed.1998. Adaptado.

Considerando a passagem acima, analise as seguintes afirmações: 

I. O surgimento de todas as formas de manifestação cultural, entre elas a filosofia, a arte e a narrativa histórica deve ser entendido a partir do contexto social e histórico no qual determinada sociedade está imersa.
II. O alvorecer da filosofia, no mundo antigo, teve como motivação o desenvolvimento de uma vida social democrática, mais voltada à harmonia e conciliação de interesses diversos, o que requeria o uso do argumento racional.
III O processo democrático na Grécia antiga inaugurou a obediência ao poder de todos e para todos e isso se refletiu no surgimento de um pensamento racional que, embora fosse inovador, continuava prisioneiro de uma visão autoritária de sociedade.

É correto o que se afirma em

A
I e III apenas.
B
I e II apenas.
C
II e III apenas.
D
I, II e III.
99e9efb1-b9
UECE 2019 - Filosofia


A refilmagem, deste ano, do clássico personagem “Coringa” provocou discussões sobre seus significados no plano sociopolítico. Analisando as várias versões inspiradas no HQ da DC Comics, Fabrício Moraes descreve o Coringa como o id, o impulso destrutivo e caótico, mas também criativo e artístico. Batman seria o superego, o juiz punitivo e ordenador da cidade, o arquétipo do guardião que afronta e interpõe limites a um território. O Coringa seria a face da comédia, Batman não se livra da face da tragédia. Neste sentido, o filme Coringa nos mostraria que o aspecto lúdico só tem pleno sentido se coexiste com a vida da sobriedade. Coringa e Batman são indissociáveis.
Ver: MORAES, Fabrício. ‘Coringa’: A raiva de Caliban por se ver no espelho. In Revista Amálgama. Disponível em: https://www.revistaamalgama.com.br/10/2019/resenhacoringa/. 2019.

Considerando a análise acima, é correto dizer que está amparada teoricamente

A
na noção estético-moral de Nietzsche em O nascimento da tragédia, onde ordem e caos se equilibram e fazem nascer o humano: Coringa e Batman são indissociáveis como Dionísio (loucura) e Apolo (razão).
B
na teoria política marxista, que concebe as relações sociais mascaradas pela ideologia de classe, o que necessariamente provoca o conflito social: Coringa e Batman são representações da luta de classes.
C
na definição de arte dos filósofos gregos como Aristóteles, cuja ideia fundamental era a de mímesis, ou seja, de imitação ou representação da realidade: Coringa e Batman são representações do ser e do não ser.
D
na concepção moral agostiniana, na qual o bem e o mal, o pecado e a graça, a cidade dos homens e a cidade de Deus coabitam no interior de cada indivíduo: Coringa e Batman são representações dessa contradição.
99ed698a-b9
UECE 2019 - Filosofia - A Experiência do Sagrado

Atente para a seguinte passagem, em que Santo Agostinho se questiona sobre a origem do mal: 

     “Quem me criou? Não foi o meu Deus, que é bom, e é também a mesma bondade? Donde me veio, então, o querer, eu, o mal e não querer o bem? Qual a sua origem, se Deus, que é bom, fez todas as coisas? Sendo o supremo e sumo Bem, criou bens menores do que Ele; mas, enfim, o Criador e as criaturas, todos são bons. Donde, pois, vem o mal?” 

AGOSTINHO, Santo. Confissões; De magistro. São Paulo: Nova Cultural, 1987. Coleção “Os Pensadores”. Livro VII. Adaptado.

Sobre esse aspecto da filosofia do bispo de Hipona, considere as seguintes afirmações: 
I. Como os maniqueístas, de quem sofreu forte influência, Agostinho afirmava a existência do Bem e do Mal e que os homens não eram culpados de ações classificadas como más. O mal lhes era inato, portanto, não havia culpa, mas poderiam obter a salvação da alma por intermédio da graça divina.
II. Para Agostinho, não se deveria atribuir a Deus a origem do Mal, visto que, como Sumo Bem, ele não o poderia criar. São os homens os responsáveis pela presença do Mal e cabe a estes fazerem uso de sua liberdade e escolherem entre a boa e a má ação.
III. Dispondo do livre arbítrio, o ser humano pode optar por bens inferiores. Mas o livre arbítrio não pode ser visto como um mal em si, pois foi Deus quem o criou. Ter recebido de Deus uma vontade livre é para o ser humano um grande bem. O mal é o mau uso desse grande bem. 

É correto o que se afirma em

A
I, II e III.
B
I e III apenas.
C
II e III apenas.
D
I e II apenas.
99e44c9c-b9
UECE 2019 - Filosofia - Filosofia e a Grécia Antiga

Leia atentamente os trechos a seguir, que são fragmentos das análises de Platão e Aristóteles sobre os sistemas de governo – suas opiniões sobre a democracia: 

     “A democracia se divide em várias espécies. Nas cidades que se tornaram maiores ela exibe a igualdade absoluta, a lei coloca os pobres no mesmo nível que os ricos e pretende que uns não tenham mais direitos do que os outros. O Estado cai no domínio da multidão indigente. Tal gentalha desconhece que a lei governa, mas onde as leis não têm força pululam os demagogos”.

ARISTÓTELES. A política. Trad. Roberto L. F. São Paulo: Martins Fontes, 1998. Adaptado. 

     “A passagem da democracia para a tirania não se fará da mesma forma que a da oligarquia para a democracia? Do desejo insaciável de riquezas? De tão-somente ganhar dinheiro, proveio a ruína da oligarquia. E o que destruiu a democracia, não foi a avidez do bem que ela a si mesma propusera? Qual foi o bem a que ela se propôs? — A liberdade. Da extrema liberdade nasce a mais completa e selvagem servidão”. 

PLATÃO: as grandes obras. A república. Livro VIII. Tradução Carlos A. Nunes, Maria L. Souza, A. M. Santos. Edição do Kindle, 2019. Adaptado.


Considerando o trecho acima, e o pensamento político dos dois filósofos da antiguidade, atente para o que se diz a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.

( ) Para Platão, a melhor forma de governança era a aristocracia, na qual os melhores, por serem mais sábios, deveriam governar; entretanto, esta poderia se corromper e tornar-se uma timocracia.
( ) Aristóteles considerava a monarquia a pior das formas de governo. O governo de um só seria errado por corromper a natureza política dos indivíduos, um desvio para o governante. ( ) Diferente de Platão, Aristóteles entendia que a democracia era a melhor forma de governo, desde que não se corrompesse e se transformasse em uma demagogia.
( ) Tanto Platão como Aristóteles buscaram estabelecer, cada um a seu modo, os parâmetros de um bom e justo governo. Nenhum deles, entretanto, tinha admiração pela democracia, sobretudo em seu formato puro.

A sequência correta, de cima para baixo, é:

A
V, F, V, F.
B
V, F, F, V.
C
F, V, F, V.
D
F, V, V, F.
99e736ef-b9
UECE 2019 - Filosofia

Atente para o seguinte excerto, em que o autor, discutindo a significação social do filme, identifica a liquidação do valor da tradição e a deteriorização do que chamava de aura, característica das obras de arte do passado:

     “... a técnica reprodutiva desliga o reproduzido do campo da tradição. Ao multiplicar a reprodução, ela substitui sua existência única por uma existência massiva. E, na medida em que ela permite à reprodução ir ao encontro do espectador em sua situação particular, atualiza o reproduzido. Ambos os processos levam a um abalo violento do que é transmitido – um abalo da tradição, que é o outro lado da crise e da renovação atuais da humanidade. Ambos se põem em uma relação íntima com os movimentos de massa de nossos tempos. Seu agente mais poderoso é o cinema”.

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. L&PM Editores. Edição do Kindle. Paginação irregular. 

Considerando o trecho acima e o que diz Benjamin em seu mais famoso texto, é correto afirmar que

A
no que se refere ao processo de criação artística, há uma mudança substancial com o desenvolvimento das modernas técnicas de produção; a novidade é a popularização das obras de arte do passado e seu oferecimento às massas sedentas por cultura.
B
a produção artística do passado e a produção e reprodução técnica do mundo contemporâneo, embora substancialmente distintas, preservam o conceito grego de mimesis – representação – em sua inteireza; a diferença estaria no caráter massificador das obras de arte contemporâneas.
C
para Benjamin, a sala de cinema pode ser vista como a representação atualizada do conhecido mito da caverna, de Platão. O cinema e sua imensa capacidade técnica teriam transformado o processo de ilusão e aparência muito mais convincentes.
D
o cinema, por ser uma arte dependente da técnica, representa uma forma de arte sui generis, oposta à arte tradicional: se a obra de arte da tradição é imitação, cópia da realidade, o cinema é ele mesmo uma nova realidade em si, autônoma e independente, que cria uma segunda realidade.
99d9e790-b9
UECE 2019 - Filosofia - Filosofia e a Grécia Antiga

A filosofia helenística é profundamente marcada por uma preocupação central com a ética, entendida em um sentido prático, como o estabelecimento de regras do bem viver, da ‘arte de viver’. É ilustrativo disso o famoso Manual de Epicteto, filósofo estoico do período romano.
Considere as seguintes afirmações sobre a doutrina ética das principais correntes de pensamento helenísticas:

I. Para se ter uma conduta ética que assegure a felicidade, o estoicismo propõe o agir de acordo com os princípios da natureza, em equilíbrio com o cosmo e em busca da tranquilidade – ataraxia.
II. Agir eticamente, segundo o epicurismo, significa dar vazão aos desejos naturais de forma intensa e total. A vida ética requer o exercício pleno da paixão que não se opõe à razão, mas a complementa.
III. A ética estoica influenciou fortemente a ética cristã em virtude de seu caráter determinista e por sua valorização do autocontrole e da submissão.

É correto o que se afirma em

A
I e III apenas.
B
I, II e III
C
II e III apenas.
D
I e II apenas.
99e16ee9-b9
UECE 2019 - Filosofia

Considere o seguinte excerto a respeito da desumanização dos imigrantes latinos:

     “Estou estarrecido pelo que vejo acontecer hoje nos EUA – filhos de imigrantes, sendo arrancados de seus pais e enviados a centros de detenção. Laura Ingraham, da rede de notícias Fox News disse que as crianças imigrantes presas estavam ‘praticamente numa colônia de férias’, a despeito do áudio em que se ouvem crianças chorando. Quase 60% dos republicanos aprovam a prática de separar crianças imigrantes de seus pais e não é difícil entender os motivos. Há alguns anos Donald Trump vem aproveitando todas as oportunidades de desumanizar os latinos que atravessam a fronteira, chamando-os de animais, assassinos e estupradores. Essa etapa é essencial, a de reduzir imigrantes a um status sub-humano. Aconteceu durante o Holocausto. Sempre que um grupo de pessoas sofre opressão e horrores, os grupos no poder, primeiramente as reduzem e desumanizam, de forma a aliviar a consciência dos poderosos enquanto dure a opressão”. 

King, Shaun. Separar famílias de migrantes é uma barbaridade. E os EUA fazem isso há séculos com não brancos. Publicado em 21/06/2018. Disponível em: https://theintercept.com/2018/06/21/eua-familiasmigrantes-trump/. Adaptado.

No texto acima, a referência ao processo de desumanização dos imigrantes latinos corresponde a uma ação política baseada em uma concepção de poder que é encontrada

A
no pensamento marxista e em sua percepção das disputas ideológicas e de poder entre estratos sociais distintos (classes sociais), marcadas que são pelas diferenças de posicionamento na estrutura da produção material e histórica, representados pelos imigrantes, de um lado, e os nativos americanos, do outro.
B
na obra filosófica de Michel Foucault, que discute as diferentes maneiras de exercício do poder, paralelas ao poder do estado, que se exercem de formas variadas e em vários níveis institucionais, entre as quais estão os meios formadores de discursos e narrativas voltadas a disciplinar e ressignificar percepções sociais.
C
na visão contratualista de Rousseau e na sua concepção de uma natureza humana boa, corrompida pela sociedade (os imigrantes que agem como animais e assassinos), bem como na supremacia do poder que se origina da vontade geral e do interesse coletivo sobre as vontades dos indivíduos que emigram.
D
na noção hobbesiana de poder, que defende o combate ao estado de natureza – representado pela situação dos imigrantes latinos – e a necessária instituição da sociabilidade política, com o exercício da força de um líder que tem que ser forte e respeitado para impor a ordem (o Presidente norte-americano Donald Trump).
99dcc1e5-b9
UECE 2019 - Filosofia - Do que Trata a Política?, A Política

Relacione, corretamente, as definições sobre o papel do poder político ou do Estado, com seus respectivos pensadores, numerando os parênteses abaixo, de acordo com a seguinte indicação:
1. Karl Marx
2. John Locke
3. Thomas Hobbes
4. Agostinho de Hipona
( ) Poder político do Estado, como resultante de um pacto de consentimento, constituído para consolidar os direitos naturais e individuais de cada homem.
( ) Poder do Estado, como poder de origem espiritual, voltado às necessidades mundanas e à vigilância da retidão dos indivíduos.
( ) Poder político do Estado, originário da necessidade de um grupo manter seu domínio econômico, pelo domínio político, sobre outros grupos.
( ) Poder político do Estado, com poder absoluto, fruto da renúncia de direitos naturais originários e garantidores da paz.

A sequência correta, de cima para baixo, é:

A
3, 1, 4, 2.
B
2, 3, 4, 1.
C
2, 4, 1, 3.
D
4, 1, 3, 2.
99d43d9f-b9
UECE 2019 - Filosofia

Considere o trecho a seguir, que descreve uma definição sobre como se estabelecem as normas de ação a partir de uma determinada situação vivida no mundo: 

     “O mundo vivido é considerado a partir do processo de entendimento no qual diferentes pessoas se entendem sobre algo no mundo objetivo dos fatos, no mundo social das normas de ação e mundo subjetivo das vivências. O mundo vivido garante aos sujeitos de uma comunidade de comunicação convicções a partir das quais se forma o contexto dos processos de entendimento”. 
OLIVEIRA, M. A. de. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea. São Paulo: Edições Loyola, 1996. Adaptado.
 
A passagem acima apresenta uma visão da moralidade, sobre a qual é correto afirmar que 

A
se trata da ideia de moral do iluminismo, sobretudo da filosofia de Immanuel Kant, na qual o agir moral e o princípio da eticidade se fundamentam na razão dos sujeitos, que se universaliza após o entendimento.
B
representa uma eticidade nos moldes do pensamento aristotélico, em que o sujeito moral só pode ser compreendido como membro de uma comunidade de cidadãos, e a ética está intimamente ligada à política.
C
expressa a visão marxista de moralidade, visto que esta define que qualquer perspectiva de uma moral autêntica requer a superação da moral de classe e a instituição de uma justiça social baseada no diálogo.
D
define a conceituação de moral na perspectiva de Jürgen Habermas, para quem a ética é discursiva e origina-se das relações intersubjetivas, da construção de consenso entre os indivíduos e de uma ação comunicativa.
99d70b4c-b9
UECE 2019 - Filosofia

O trecho abaixo apresentado se refere à influência da indústria cultural e seus produtos, em relação à ordem social e política contemporânea, sob a ótica dos pensadores da Escola de Frankfurt:

     “O desenvolvimento da indústria cultural ocasionou a incorporação dos indivíduos numa totalidade social racionalizada e reificada; frustrou sua imaginação e tornou-os vulneráveis à manipulação por ditadores e demagogos. A propaganda fascista necessitou apenas ativar e reproduzir a mentalidade existente das massas; ela simplesmente tomou as pessoas pelo que eram – os filhos da indústria cultural – e empregou as técnicas dessa indústria para mobilizá-las por trás dos objetivos agressivos e reacionários do fascismo”. 

THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis, RJ:Vozes. Adaptado. 

Considerando o trecho acima e o conceito de indústria cultural, atente para o que se diz a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.
( ) Os produtos da indústria cultural são, geralmente, construções simbólicas impregnadas de estereótipos que suprimem a reflexão crítica sobre a ordem social, podendo abrir espaço para uma visão autoritária.
( ) Aqueles indivíduos que foram capturados pela retórica autoritária do fascismo são os que já haviam sucumbido à influência da indústria cultural e à sua capacidade de manipulação das massas.
( ) Os produtos da indústria cultural desafiam as normas sociais e possuem um caráter antirrealista que se torna fonte de fascínio por parte das massas que aderem ao seu falso caráter revolucionário.
( ) Exemplificada na indústria de entretenimento, a indústria cultural padronizou e mercantilizou as formas culturais, o que resultou em uma arte banal e repetitiva, incapaz de provocar um olhar crítico. 

A sequência correta, de cima para baixo, é: 

A
F, F, V, F.
B
V, V, F, V.
C
V, F, F, V.
D
F, V, V, F.
99caa2dc-b9
UECE 2019 - Filosofia

Observe a seguinte frase atribuída a Otto Von Bismarck, estadista e diplomata alemão do século XIX:
“Os tolos dizem que aprendem com os seus próprios erros; eu prefiro aprender com os erros dos outros”.
Tendo como base a definição estabelecida por Aristóteles, em sua Metafísica, sobre os graduais níveis de conhecimento (sentidos, memória, experiência e ciência), é correto dizer que a frase acima, proferida pelo líder Prussiano, da República de Weimar, representa

A
a demonstração do conhecimento que é dado pelos sentidos, pois Bismarck revela ter sensibilidade para perceber como agir a partir dos erros alheios.
B
o conhecimento propiciado pela memória quando o líder alemão demonstra decidir suas ações a partir da lembrança do que fizeram de errado os seus interlocutores.
C
o conhecimento da experiência de um político de anos de atuação, que jamais agiu sem aguardar a ação de seus opositores.
D
um saber no nível da ciência, mais precisamente, de uma das ciências práticas, a política: um saber de caráter universal, obtido a partir das várias experiências singulares.
99d0b182-b9
UECE 2019 - Filosofia

As seguintes máximas exemplificam a solução apresentada por Immanuel Kant na formulação do princípio supremo da moralidade: 

    “Age como se a máxima de tua ação se devesse tornar, pela tua vontade, em lei universal da natureza”.

      “Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio”.

KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70.1997. 

Essas máximas são imperativos categóricos, sobre os quais é correto afirmar que 

A
estabelecem, segundo Kant, a universalização da ação moral através de uma finalidade a ser atingida fora da razão e estabelecida a partir do processo de análise racional da realidade.
B
são, inicialmente, de caráter hipotético, ao buscar avaliar as ações possíveis, como meio de alcançar alguma coisa que se deseja ou que se queira atingir concretamente.
C
são chamados categóricos, por serem mandamentos da própria razão autônoma e por servirem de procedimento para testar o caráter universalizável e, portanto, moral de uma máxima.
D
determinam, categoricamente, que, para atingir um determinado fim, é necessário que se usem certos meios, o que expressa a universalização da moral pragmática kantiana.