“Não existe, para Hegel, o momento em que a
arte morre, ou deixa de ser arte. O que ele concebe
é apenas o movimento da perda de uma espécie de
‘tarefa’ originária da intuição estética enquanto lugar
de plenitude ou de satisfação plena do espírito.”
Gonçalves, Márcia C. F. A morte e a vida da arte. In:
Kriterion, vol. 45, nº 109, Jan./Jun. 2004.
Segundo a interpretação acima apresentada, o tema
da “morte da arte”, em Hegel, pode ser
corretamente entendido da seguinte forma:
Gabarito comentado
Alternativa correta: C
Tema central: trata-se da famosa ideia hegeliana da “morte da arte”. Importa entender que Hegel não afirma o fim literal da arte, mas que a arte perde seu papel privilegiado como a forma suprema pela qual o Espírito Absoluto se conhece plenamente. A arte continua existindo, porém deixa de ser a forma intelectual mais adequada para a autorreflexão do espírito.
Resumo teórico progressivo:
- Para Hegel (Leções sobre Estética), há uma hierarquia de formas de expressão do Espírito: arte → religião → filosofia. Cada etapa supera a anterior em capacidade de apreensão conceitual.
- A arte oferece uma representação sensível do conteúdo espiritual (intuição estética), proporcionando “plenitude” enquanto essa era a tarefa originária.
- Com o desenvolvimento do espírito, formas mais elevadas (religião simbólica e, sobretudo, a filosofia conceitual) passam a explicitar o conteúdo de modo mais completo e racional. Logo, a arte permanece, mas já não é o supremo meio de conhecimento do Espírito.
Justificativa da alternativa C: A alternativa diz que “a arte permanece como representação sensível do espírito, mas há formas mais elevadas de conhecimento dele.” Isso sintetiza corretamente a posição hegeliana: a arte continua existindo sensivelmente, porém é suplantada por formas superiores (religião e filosofia) na tarefa de conhecer plenamente o espírito.
Análise das alternativas incorretas:
A (erro): afirma que a arte “deixa de dar a conhecer a realidade do espírito”. Hegel não exclui que a arte conheça o espírito; apenas afirma que não é mais a forma mais elevada ou completa.
B (erro): reduz a questão a “algumas obras que imitam originárias” — interpretação muito restrita e estranha ao sistema hegeliano, que fala de mudança de função e posição histórica, não de imitação parcial.
D (erro): justifica a perda pela “complexidade da vida social” — isso é uma explicação sociológica que não coincide com a tese filosófico-histórica de Hegel sobre a evolução das formas do espírito.
Dica de prova: Busque termos-chave no enunciado — “perda da tarefa originária”, “intuição estética”, “formas mais elevadas”. Se a alternativa admitir que a arte continua, mas perde seu papel supremo, é muito provável que esteja alinhada com Hegel.
Fontes: Hegel, Lectures on Aesthetics (Aesthetic Lectures); Gonçalves, M. C. F., citado no enunciado.
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