Questão b0cafdaa-0a
Prova:UECE 2021
Disciplina:Filosofia
Assunto:

“O movimento, repleno de contradições, da sociedade capitalista faz-se sentir ao burguês prático de modo mais contundente nos vaivéns do ciclo periódico que a indústria moderna percorre e em seu ponto culminante – a crise geral.”

Marx, Karl. Posfácio à Segunda Edição [1873] de O capital: Crítica da economia política, I/1. Trad. br. Flávio R. Kothe e Régis Barbosa. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 21.

Essa concepção de Marx, de que o capitalismo é um “repleno de contradições”, tem base em uma

A
cosmologia em que tudo muda, nada permanecendo como está.
B
mecânica de oposições entre forças que se chocam, se sobrepõem e se deslocam.
C
contraposição entre os desejos subjetivos e um mundo reificado que nega a subjetividade.
D
negatividade que é imanente à forma histórica particular das relações sociais modernas.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Resposta correta: alternativa D

Tema central: a questão aborda a concepção marxiana de capitalismo como um sistema “repleno de contradições” cuja dinâmica interna gera crises periódicas. É preciso entender o sentido de contradição em Marx: não algo acidental, mas uma negatividade própria ao modo de produção capitalista.

Resumo teórico: para Marx (Posfácio à 2ª ed. de O Capital, 1873) as contradições são imanentes — isto é, nascem das próprias relações sociais (por exemplo, entre forças produtivas e relações de produção, ou entre produção social e apropriação privada). Essas contradições explicam fenômenos como superprodução, queda tendencial da taxa de lucro e crises sistêmicas, não meros choques externos.

Justificativa da alternativa D: a alternativa D afirma que a contradição é uma negatividade imanente à forma histórica das relações sociais modernas. Isso corresponde exatamente à leitura marxiana: a crise geral é expressão das tensões internas do capitalismo, não efeito de uma “lei natural” abstrata nem só de conflitos subjetivos.

Análise das outras alternativas:
A — “cosmologia em que tudo muda” é vaga e metafísica; reduz a análise social a mudança genérica, sem captar a explicação estrutural marxiana.
B — descreve um mecanismo de forças em choque, mas trata a oposição como mera dinâmica mecânica; falta a ênfase na historicidade e na forma social do capitalismo, isto é, na imanência das contradições.
C — aproxima-se de temas de alienação (Marx jovem e teoria da reificação), mas foca na subjetividade e negação dela; o trecho citado refere-se à crise econômica estrutural, não primariamente à contraposição sujeito/reificado.

Estratégia de resolução: ao ver expressões como “repleno de contradições” e “crise geral”, pergunte: a contradição é externa ou interna ao sistema? Se a alternativa fala em “forma histórica” ou “imanente”, sinaliza leitura marxiana correta.

Fonte recomendada: Marx, K., O Capital, Volume I — Posfácio à 2ª edição (1873).

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