“O bom senso é a coisa do mundo melhor
partilhada [...] o poder de bem julgar e distinguir o
verdadeiro do falso, que é propriamente o que se
denomina o bom senso ou a razão, é naturalmente
igual em todos os homens; e, destarte, [...] a
diversidade de nossas opiniões não provém do fato
de serem uns mais racionais do que outros, mas
somente de conduzirmos nossos pensamentos por
vias diversas e não considerarmos as mesmas
coisas.”
DESCARTES, René. Discurso do método, I. Tradução de J.
Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Abril Cultural,
1979. Coleção Os Pensadores.
Tomando-se por base o que diz Descartes na citação
acima, explica-se a diversidade de opiniões em que
I. alguns são mais racionais do que os outros.
II. usamos de modos distintos nossa razão.
III. as emitimos sobre coisas diferentes.
Estão corretas as complementações contidas em
Gabarito comentado
Gabarito: D — II e III apenas
Tema central: a passagem de Descartes trata do chamado «bom senso» ou razão comum, afirmando que a capacidade de julgar é naturalmente igual em todos; a diversidade de opiniões decorre, portanto, não de maior racionalidade de uns sobre outros, mas de caminhos diversos de pensamento e de não considerarmos as mesmas coisas.
Resumo teórico e fontes: Descartes (Discurso do Método, I) defende que o poder de bem julgar é universal; o problema epistemológico é metodologia: opiniões discordantes surgem por diferenças de procedimento e de objeto considerado. Para ampliar: ver Discourse on Method (Descartes, 1637) e entradas sobre Descartes na Stanford Encyclopedia of Philosophy.
Justificativa da alternativa correta (D): II está correta porque “conduzirmos nossos pensamentos por vias diversas” equivale a usarmos a razão de modos distintos (diferentes métodos, premissas ou atenções). III está correta porque “não considerarmos as mesmas coisas” significa que emitimos juízos sobre objetos distintos ou aspectos diferentes da realidade. Esses dois pontos explicam diretamente a diversidade de opiniões segundo o texto.
Análise das alternativas incorretas:
- A (I e III): inválida porque inclui I; o texto afirma explicitamente que a razão é “naturalmente igual em todos”, negando que alguns sejam mais racionais.
- B (I e II): inclui I, logo contradiz a afirmação cartesiana de igualdade natural da razão.
- C (I, II e III): também incorreta por conter I, que o próprio autor rejeita.
Dicas de interpretação para provas: atente a expressões universais (“igual em todos”) e a negações; ligue frases do enunciado a conceitos (por ex., “vias diversas” → método/uso da razão; “não considerarmos as mesmas coisas” → objeto/assunto das opiniões). Pergunte: o autor atribui a divergência a falta de capacidade ou a diferenças de procedimento/assunto?
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