Questõesde UFU-MG 2016

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Foram encontradas 105 questões
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UFU-MG 2016 - Sociologia - Estratificação e desigualdade social, Desigualdade social no Brasil

O acesso à internet cresceu 143,8% entre a população com mais de dez anos entre os anos de 2005 e 2011, enquanto o crescimento populacional foi de 9,7%. Apesar desses números, apenas 53,5% brasileiros da mesma faixa etária não utilizam a internet.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/05/1279552-acesso-a-internet-no-brasil-cresce-mas-53-da-populacao-ainda-nao-usa-a-rede.shtml


Em vista dos dados apresentados, quais dos conceitos a seguir deveriam ser utilizados para analisar e mostrar que esses dados podem ser um problema sociológico?

A
Gênero e Homofobia.
B
Desigualdade Social e Inclusão Digital.
C
Solidariedade Mecânica e Solidariedade Orgânica.
D
Movimento Social e Participação Política.
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UFU-MG 2016 - Sociologia - Política, poder e Estado

A política neoliberalista é, segundo alguns estudiosos, uma resposta à crise do capitalismo na segunda metade do século XX. Tal política ganharia força e visibilidade com o Consenso de Washington, em 1989, apoiada naquele momento principalmente pela primeira-ministra do Reino Unido, Margareth Thatcher, e pelo presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan.
Qual das características abaixo NÃO está ligada às propostas neoliberais?

A
Redução de gastos governamentais.
B
Preservação econômica da soberania nacional frente às importações.
C
Liberação para entrada do capital estrangeiro.
D
Privatizações.
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UFU-MG 2016 - Sociologia - Karl Marx e as Classes Sociais, Relação entre Indivíduo e Sociedade

Marx e Engels (http://www.culturabrasil.org/manifestocomunista.htm), em seu Manifesto do Partido Comunista, consideram que “a nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se por ter simplificado os antagonismos de classes. A sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado.”
Em vista disso, assinale a alternativa que define corretamente a burguesia e o proletariado.

A
Os burgueses utilizam o trabalho escravo para a produção, e o proletariado é desprovido de liberdade para vender sua força de trabalho.
B
Os burgueses são proprietários que utilizam da manufatura do proletariado para a produção de mercadorias, e o proletariado impulsiona o desenvolvimento da manufatura.
C
Os burgueses são os grandes proprietários de terras, e o proletariado detém o poder social e econômico.
D
Os burgueses são os detentores dos meios de produção, e o proletariado vende sua força de trabalho.
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UFU-MG 2016 - Sociologia - Max Weber e a Ação Social, Relação entre Indivíduo e Sociedade

Para Weber, “A dominação, ou seja, a probabilidade de encontrar obediência a um determinado mandato, pode fundar-se em diversos motivos de submissão.” (COHN, 1991. p. 128).
Nesse sentido, as ações de Mahatma Gandhi, líder no movimento de independência da Índia, representam qual tipo de dominação na análise weberiana?

A
Dominação Legal
B
Dominação Anômica
C
Dominação Carismática
D
Dominação Altruísta
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UFU-MG 2016 - Sociologia - Émile Durkheim e os Fatos Sociais, Relação entre Indivíduo e Sociedade

   A Sociologia surge no século XIX, momento marcado por uma intensa crise social na Europa. Émille Durkheim não deixou de ser influenciado por esse contexto. Nesse sentido, um dos seus objetivos era fazer da Sociologia uma disciplina científica capaz de criar repostas aos desafios enfrentados pela sociedade moderna.
   Entre os desafios, colocava-se a crescente contradição entre capital e trabalho, entendida pelo autor como um exemplo dos efeitos de um estado de anomia, caracterizado 

A
pela excessiva regulamentação estatal sobre as atividades econômicas.
B
pela intensificação dos laços de solidariedade mecânica no interior das corporações.
C
pela ausência de instituições capazes de exercerem um poder moral sobre os indivíduos.
D
pelo aprofundamento da desigualdade econômica.
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UFU-MG 2016 - Sociologia - Estratificação e desigualdade social, Desigualdades de raça, classe e gênero, Cidadania e movimentos sociais, Movimentos sociais no Brasil

Até a noite de 28 de junho, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) eram, sistematicamente, acuados e sofriam todo tipo de preconceitos, agressões e represálias por parte do departamento de polícia de Nova Iorque. Mas nesta noite, a população LGBT, presente no bar Stonewall Inn, se revoltou contra as provocações e investidas da polícia e, munida de coragem, deu um basta àquela triste realidade de opressão. Por três dias e por três noites, pessoas LGBT, e aliadas, resistiram ao cerco policial e a data ficou conhecida como a Revolta de Stonewall. Surgiu o Gay Pride e a resistência conseguiu a atenção de muitos países, em especial a do governo estadunidense, para os seus problemas.
Disponível em:<http://www.cepac.org.br/agentesdacidadania/?page_id=185>.

Considerando o texto, é correto afirmar que os novos movimentos sociais:  

A
São definidos por sua associação às organizações de classe e defesa da população marginalizada.
B
Ampliam e redefinem as formas de participação política em regimes democráticos.
C
Lutam exclusivamente em defesa de seus interesses econômicos a partir de estruturas partidárias.
D
Reivindicam a extensão de direitos sociais, civis e políticos, necessariamente universalizáveis.
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UFU-MG 2016 - Sociologia - Cultura e sociedade, Etnocentrismo e diversidade cultural

A humanidade cessa nas fronteiras da tribo, do grupo linguístico, às vezes mesmo da aldeia; a tal ponto, que um grande número de populações ditas primitivas se autodesigna com um nome que significa 'os homens' (ou às vezes - digamo-lo com mais discrição? - os 'bons', os 'excelentes', 'os completos'), implicando assim que as outras tribos, grupos ou aldeias não participam das virtudes ou mesmo da natureza humana, mas são, quando muito, compostos de 'maus', 'malvados', 'macacos da terra' ou de 'ovos de piolho'.
LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História. Antropologia Estrutural Dois. São Paulo: Tempo Brasileiro, 1989: 334.

   Nesse trecho, o antropólogo Claude Lévi-Strauss descreve a reação de estranhamento que é comum às das sociedades humanas quando defrontadas com a diversidade cultural.
   Tal reação pode ser definida como uma tendência: 

A
Etnocêntrica
B
Iluminista
C
Relativista
D
Ideológica
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UFU-MG 2016 - Sociologia - Émile Durkheim e os Fatos Sociais, Relação entre Indivíduo e Sociedade

   Em 1987, a então Primeira-Ministra da Grã-Bretanha, Margaret Thatcher, deu uma declaração durante uma entrevista que resumia, em parte, o seu ideário político liberal: “A sociedade não existe. Existem homens, existem mulheres e existem famílias”.
  O governo de Thatcher ficaria conhecido como um dos precursores do chamado Estado neoliberal, que enfatizava, entre outros ideais, o individualismo. Assim, esta concepção de governo contradiz os fundamentos da Sociologia de Durkheim, segundo o qual a sociedade poderia ser identificada 

A
como a soma de indivíduos que definem seus valores em comum, unindo-se por laços de solidariedade voluntária.
B
a partir da existência de um contrato social que dá origem ao Estado e à sociedade civil.
C
como o resultado da ação da classe dominante, capaz de reunir e controlar as massas.
D
pela síntese de ações e sentimentos individuais que originam uma vida psíquica sui generis.
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UFU-MG 2016 - Sociologia - Estratificação e desigualdade social, Desigualdades de raça, classe e gênero

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) liberou nesta quarta-feira (25) o uso de todos os banheiros da instituição por qualquer pessoa, conforme o gênero com que se identifica. A iniciativa se deu pela adoção da campanha “Libera meu xixi”, voltada ao combate da transfobia em espaços públicos. Nos próximos dias, banheiros de todo o campus receberão uma placa com a frase “Aqui você é livre para usar o banheiro correspondente ao gênero com que se identifica”.
Disponível em:<http://www.ufjf.br/secom/2015/11/25/libera-meu-xixi-ufjf-lanca-campanha-em-prol-do-respeito-a-diversidade/>.

Para se entender as motivações para o desenvolvimento de uma política pública como a descrita, é necessário saber que: 

A
O sexo determina a conduta social dos indivíduos.
B
Não há uma definição biológica para o conceito de sexo.
C
O gênero é uma construção social.
D
As diferenças de gênero são definidas geneticamente.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

       Havia em Recife inúmeras ruas, as ruas dos ricos, ladeadas por palacetes que ficavam no centro de grandes jardins. Eu e uma amiguinha brincávamos muito de decidir a quem pertenciam os palacetes. “Aquele branco é meu. ” “Não, eu já disse que os brancos são meus. ” “Mas esse não é totalmente branco, tem janelas verdes. ” Parávamos às vezes longo tempo, a cara imprensada nas grades, olhando.
    [...] Numa das brincadeiras de “essa casa é minha”, paramos diante de uma que parecia um pequeno castelo. No fundo via-se o imenso pomar. E, à frente, em canteiros bem ajardinados, estavam plantadas as flores.
LISPECTOR, Clarice. Cem anos de perdão. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 60.

A narrativa de ficção joga com sentidos duplos e figurados e explora as variadas possibilidades da linguagem. Na obra de Clarice Lispector, para atingir uma maior expressividade na construção do texto, destaca-se ainda a epifania. Considerando-se o conceito de epifania na obra dessa autora, pode-se ler o conto Cem anos de perdão como

A
antítese do prazer da criança que desvela, por meio do ato de roubar, as possibilidades da transgressão das rígidas normas impostas pela sociedade, mas que sofre de forma antecipada devido à possibilidade da punição.
B
metáfora da passagem da infância para a adolescência, uma vez que a descoberta dos grandes jardins com suas rosas e pitangas acena, figurativamente, para a descoberta do erotismo e da sexualidade.
C
alegoria da dor da criança pobre que, ao andar pelas ruas ricas do espaço urbano, percebe a desigualdade social de Recife, o que autoriza e legitima o ato de roubar.
D
metonímia do mal que se manifesta, de forma inofensiva, nas crianças, por meio do roubo de rosas e de pitangas, mas que na vida adulta se manifestará em atos e atitudes que prejudicarão a sociedade.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

I
(...)
O menino tinha no olhar um silêncio de chão
e na sua voz uma candura de Fontes.
O Pai achava que a gente queria desver o mundo
para encontrar nas palavras novas coisas de ver
assim: eu via a manhã pousada sobre as margens do
rio do mesmo modo que uma garça aberta na solidão
de uma pedra.
(...)
BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2015. p.13

 Em Menino do mato, um eu lírico menino tem o desejo de apreender, sem se preocupar com explicações, as coisas do mundo, criar novidades por meio das palavras e de sua inocência pueril. Essa mesma ideia perpassa o fragmento: 

A
“Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões da independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas. [...] Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça: - Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia. ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985. p. 24.
B
“Vai embora gato/ De cima do telhado/ Senão o papaizinho/ Te faz desintegrado/ Dorme, filhinho, / Que esta vida é cômica, / Estrôncio 90/ Mentalidade atômica/ Sonha querido/ Enquanto sobe o jato/ Vamos pairando/ Com nosso pé-de-pato/ Bicho-papão, bicho-papão, / Me multa esse Poláris/ Que parou na contramão/ Boi-boi-boi, / boi da cara preta/ Liquida o homem verde/ Que caiu doutro planeta. ” FERNANDES, Millôr. Papáverum Millôr. Rio de Janeiro: Nórdica, 1974. p. 142. 
C
“[...] Em meus tempos de criança, era aquela encantação. Lia-se continuamente e avidamente um mundaréu de histórias (e não estórias) principalmente as do Tico-Tico. Mas lia-se corrido, isto é, frase após frase, do princípio ao fim. Ora, as crianças de hoje não se acostumam a ler correntemente, porque apenas olham as figuras dessas histórias em quadrinhos, cujo ‘texto’ se limita a simples frases interjetivas e assim mesmo muita vez incorretas. No fundo, uma fraseologia de guinchos e uivos, uma subliteratura de homem das cavernas. ” QUINTANA, Mário. 80 anos de poesia. São Paulo: Globo, 2002. 
D
“Em meio a um cristal de ecos/ O poeta vai pela rua/ Seus olhos verdes de éter/ Abrem cavernas na lua. / A lua volta de flanco/ Eriçada de luxúria/ O poeta, aloucado e branco/ Palpa as nádegas da lua. / [...]/ O poeta todo se lava/ De palidez e doçura. / Ardente e desesperada/ A lua vira em decúbito. ” MORAES, Vinicius. Antologia poética. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

   Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que estava percebendo as coisas. Minha liberdade então se intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade.
   Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade, eu era por carinho a mãe do que existe. Soube também que se tudo isso "fosse mesmo" o que eu sentia – e não possivelmente um equívoco de sentimento – que Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez se deixaria acarinhar, e sem nenhum compromisso comigo. Ser-Lhe-ia aceitável a intimidade com que eu fazia carinho. O sentimento era novo para mim, mas muito certo, e não ocorrera antes apenas porque não tinha podido ser. Sei que se ama ao que é Deus. Com amor grave, amor solene, respeito, medo e reverência. Mas nunca tinham me falado de carinho maternal por Ele. E assim como meu carinho por um filho não o reduz, até o alarga, assim ser mãe do mundo era o meu amor apenas livre.
  E foi quando quase pisei num enorme rato morto. Em menos de um segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo estilhaçava-me toda em pânico, e controlava como podia o meu mais profundo grito. Quase correndo de medo, cega entre as pessoas, terminei no outro quarteirão encostada a um poste, cerrando violentamente os olhos, que não queriam mais ver. Mas a imagem colava-se às pálpebras: um grande rato ruivo, de cauda enorme, com os pés esmagados, e morto, quieto, ruivo. O meu medo desmesurado de ratos.
LISPECTOR, Clarice. Perdoando Deus. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 41.

O fragmento evidencia as percepções iniciais da personagem narradora. Tais percepções, no desenrolar do conto, são caracterizadas pela 

A
indagação a respeito da existência humana.
B
crescente soberba em relação aos semelhantes.
C
assimilação de variadas experiências grotescas.
D
intensificação do asco ao animal em decomposição.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Na obra Felicidade clandestina, de Clarice Lispector, há contos em que crianças são protagonistas, ora diante de situações densas, ora leves, com suas alegrias e tristezas na relação com o outro. Nessa tessitura, o fio condutor do conto

A
Miopia progressiva indica a manipulação das coisas e das pessoas por parte do protagonista para garantir a sua entrada no mundo adulto.
B
Restos de Carnaval destaca o desejo da personagem menina de divertir-se como centro das atenções na festa de momo.
C
Tentação evidencia a importância do olhar entre os protagonistas para representar a comunicação entre eles.
D
Come, meu filho prioriza o discurso autoritário da mãe para contrapor-se ao fluxo de consciência do filho.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Com o intuito de compreender as razões do comportamento humano, a narradora do conto Felicidade clandestina, de livro homônimo de Clarice Lispector, atém-se a um fato de sua infância, em que uma menina, filha do dono de uma livraria, percebendo o gosto da narradora pelos livros e pela leitura, promete lhe emprestar o livro As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Entretanto, numa atitude de crueldade, sempre adia o empréstimo. Para a narradora personagem, o comportamento da menina advém

A
da vingança fracassada, que se originou da desagregação familiar da menina e do rompimento com o namorado.
B
da inveja, que a corroía em função da contraposição de sua feiura à beleza das outras meninas.
C
do transtorno de conduta, que depois levou a menina à demonstração de sentimento de remorso.
D
do distúrbio de dupla personalidade, que instaurava na menina a dúvida quanto ao empréstimo do livro.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Texto I

   Logo descobriu que não podia absolutamente mais se mexer. Não se admirou com esse fato, pareceu-lhe antes um pouco natural que até agora tivesse conseguido se movimentar com aquelas perninhas finas. No restante sentia-se relativamente confortável. Na realidade tinha dores no corpo, mas para ele era como se elas fossem ficar cada vez mais fracas e finalmente desaparecer por completo. A maçã apodrecida nas suas costas e a região inflamada em volta, inteiramente cobertas por uma poeira mole, quase não o incomodavam. Recordava-se da família com emoção e amor. Sua opinião de que precisava desaparecer era, se possível, ainda mais decidida que a da irmã. Permaneceu nesse estado de meditação vazia e pacífica até que o relógio da torre bateu a terceira hora da manhã. Ele vivenciou o início do clarear geral do dia lá do lado de fora da janela. Depois, sem intervenção da sua vontade, a cabeça afundou completamente e das suas ventas fluiu fraco o último fôlego.

KAFKA, Franz. A metamorfose. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 78. 

Texto II

     Saciada, espantada, continuou a passear com os olhos mais abertos, em atenção às voltas violentas que a água pesada dava no estômago, acordando pequenos reflexos pelo resto do corpo como luzes.      A estrada subia muito. A estrada era mais bonita que o Rio de Janeiro, e subia muito. Mocinha sentou-se numa pedra que havia junto de uma árvore, para poder apreciar. O céu estava altíssimo, sem nenhuma nuvem. E tinha muito passarinho que voava do abismo para a estrada. A estrada branca de sol estendia sobre um abismo verde. Então, como estava cansada, a velha encostou a cabeça no tronco da árvore e morreu.

LISPECTOR, Clarice. O grande passeio. In: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 37-38 


Embora de épocas e nacionalidades distintas, os protagonistas de A metamorfose e do conto O grande passeio têm em comum a 

A
a incapacidade de decisão ante as instabilidades sociais.
B
o isolamento social devido ao descaso dos familiares.
C
o devaneio filosófico a respeito dos fenômenos da natureza.
D
a passividade diante das vicissitudes do curso da vida.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Depreende-se, da leitura de O santo e a porca, que Ariano Suassuna, ao dialogar com a tradição, retomando a comédia Aululária, de Plauto, e O avarento, de Moliére, recriando-as a partir de aspectos regionais e universais, associa 

A
o popular ao erudito.
B
a arte renascentista ao pós-moderno.
C
o grotesco ao sublime.
D
o cômico ao trágico.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso

DIONISOS DENDRITES


Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.


Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.


As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.


E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.


SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

A
As bocas mordem colos e flancos desnudados” revela o séquito de animais presentes.
B
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos” subverte a ambientação diurna de Dionisos.
C
Ramos nascem de seu peito” indica a relação de simbiose do deus Dioniso com a natureza.
D
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio” põe em evidência as vítimas imoladas pelo deus.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

   O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
  O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
  Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
  Só afrouxa a rédea depois do gozo.
 Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

  Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina 

A
constata a violência do mundo adulto e desiste do embate contra o Homem.
B
revive na vida adulta o trauma da infância e sucumbe aos desejos do Homem.
C
reage à perseguição do Homem e pragueja contra a mulher mascarada.
D
descobre a cilada armada pela mulher mascarada e tenta em vão aliar-se ao Homem.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Considerando a leitura do poema e o uso dos recursos expressivos, em Dionisos Dendrites,

DIONISOS DENDRITES


Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.


Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.


As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.


E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.


SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

A
a aliteração no verso “Pés percutem a pedra enegrecida” indica um som reproduzido como o dos tambores do verso subsequente.
B
a gradação em ‘bocas’, ‘faces’ e ‘corpos’, nos três primeiros versos da 3ª estrofe, aponta para a opulência do ritual.
C
a metonímia em “seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas” revela o embate estabelecido entre a vida e a morte.
D
a metáfora em ‘taças incendiadas’, no verso “o vinho espuma nas taças incendiadas”, denota o sentimento de enfado dos presentes em relação ao ritual.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Uma das melhores interpretações já feitas do verbo “coitadinhar”, neologismo que aprendi durante um papo-furado com uma grande amiga que é cega, foi feita no feita no filme “Shrek”. Ela acontece no momento em que o Gato de Botas, para fugir de uma situação em que estava encurralado, esbugalhou os olhos, comprimiu o pescoço, ensaiou um choro e conseguiu, por fim, amolecer o coração dos malvados que o cercavam ilesos. [...]
MARQUES, Jairo. Folha de S. Paulo, 16 de dezembro de 2015, B2 Cotidiano (fragmento).

Entende-se por neologismo a criação ou atribuição de um novo sentido a uma palavra ou expressão já existente, por meio de processos também existentes na língua. Com base nessa definição e na contextualização em que o termo “coitadinhar” foi utilizado no filme “Shrek”, deduz-se que ele significa, EXCETO

A
Criar subterfúgios para ser considerado inocente.
B
Criar condições para ser avaliado como ser inferior.
C
Culpar os outros pelas próprias carências.
D
Ressaltar as carências para obter favores.