Questõesde UFU-MG 2016
A política neoliberalista é, segundo alguns estudiosos, uma resposta à crise do
capitalismo na segunda metade do século XX. Tal política ganharia força e visibilidade com
o Consenso de Washington, em 1989, apoiada naquele momento principalmente pela
primeira-ministra do Reino Unido, Margareth Thatcher, e pelo presidente dos Estados
Unidos, Ronald Reagan.
Qual das características abaixo NÃO está ligada às propostas neoliberais?
Marx e Engels (http://www.culturabrasil.org/manifestocomunista.htm), em seu
Manifesto do Partido Comunista, consideram que “a nossa época, a época da burguesia,
caracteriza-se por ter simplificado os antagonismos de classes. A sociedade divide-se cada
vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes diametralmente
opostas: a burguesia e o proletariado.”
Em vista disso, assinale a alternativa que define corretamente a burguesia e o
proletariado.
Para Weber, “A dominação, ou seja, a probabilidade de encontrar obediência a um
determinado mandato, pode fundar-se em diversos motivos de submissão.” (COHN, 1991. p.
128).
Nesse sentido, as ações de Mahatma Gandhi, líder no movimento de independência
da Índia, representam qual tipo de dominação na análise weberiana?
A Sociologia surge no século XIX, momento marcado por uma intensa crise social na
Europa. Émille Durkheim não deixou de ser influenciado por esse contexto. Nesse sentido,
um dos seus objetivos era fazer da Sociologia uma disciplina científica capaz de criar
repostas aos desafios enfrentados pela sociedade moderna.
Entre os desafios, colocava-se a crescente contradição entre capital e trabalho,
entendida pelo autor como um exemplo dos efeitos de um estado de anomia, caracterizado
Até a noite de 28 de junho, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais
(LGBT) eram, sistematicamente, acuados e sofriam todo tipo de preconceitos,
agressões e represálias por parte do departamento de polícia de Nova Iorque.
Mas nesta noite, a população LGBT, presente no bar Stonewall Inn, se revoltou
contra as provocações e investidas da polícia e, munida de coragem, deu um
basta àquela triste realidade de opressão. Por três dias e por três noites,
pessoas LGBT, e aliadas, resistiram ao cerco policial e a data ficou conhecida
como a Revolta de Stonewall. Surgiu o Gay Pride e a resistência conseguiu a
atenção de muitos países, em especial a do governo estadunidense, para os
seus problemas.
Disponível em:<http://www.cepac.org.br/agentesdacidadania/?page_id=185>.
Considerando o texto, é correto afirmar que os novos movimentos sociais:
A humanidade cessa nas fronteiras da tribo, do grupo linguístico, às vezes
mesmo da aldeia; a tal ponto, que um grande número de populações ditas
primitivas se autodesigna com um nome que significa 'os homens' (ou às vezes - digamo-lo com mais discrição? - os 'bons', os 'excelentes', 'os completos'),
implicando assim que as outras tribos, grupos ou aldeias não participam das
virtudes ou mesmo da natureza humana, mas são, quando muito, compostos de
'maus', 'malvados', 'macacos da terra' ou de 'ovos de piolho'.
LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História. Antropologia Estrutural Dois. São Paulo: Tempo Brasileiro,
1989: 334.
Nesse trecho, o antropólogo Claude Lévi-Strauss descreve a reação de
estranhamento que é comum às das sociedades humanas quando defrontadas com a
diversidade cultural.
Tal reação pode ser definida como uma tendência:
Em 1987, a então Primeira-Ministra da Grã-Bretanha, Margaret Thatcher, deu uma
declaração durante uma entrevista que resumia, em parte, o seu ideário político liberal: “A
sociedade não existe. Existem homens, existem mulheres e existem famílias”.
O governo de Thatcher ficaria conhecido como um dos precursores do chamado
Estado neoliberal, que enfatizava, entre outros ideais, o individualismo. Assim, esta
concepção de governo contradiz os fundamentos da Sociologia de Durkheim, segundo o
qual a sociedade poderia ser identificada
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) liberou nesta quarta-feira (25) o
uso de todos os banheiros da instituição por qualquer pessoa, conforme o
gênero com que se identifica. A iniciativa se deu pela adoção da campanha
“Libera meu xixi”, voltada ao combate da transfobia em espaços públicos. Nos
próximos dias, banheiros de todo o campus receberão uma placa com a frase
“Aqui você é livre para usar o banheiro correspondente ao gênero com que se
identifica”.
Disponível em:<http://www.ufjf.br/secom/2015/11/25/libera-meu-xixi-ufjf-lanca-campanha-em-prol-do-respeito-a-diversidade/>.
Para se entender as motivações para o desenvolvimento de uma política pública c omo
a descrita, é necessário saber que:
Havia em Recife inúmeras ruas, as ruas dos ricos, ladeadas por palacetes
que ficavam no centro de grandes jardins. Eu e uma amiguinha brincávamos
muito de decidir a quem pertenciam os palacetes. “Aquele branco é meu. ” “Não,
eu já disse que os brancos são meus. ” “Mas esse não é totalmente branco, tem
janelas verdes. ” Parávamos às vezes longo tempo, a cara imprensada nas
grades, olhando. [...] Numa das brincadeiras de “essa casa é minha”, paramos diante de
uma que parecia um pequeno castelo. No fundo via-se o imenso pomar. E, à
frente, em canteiros bem ajardinados, estavam plantadas as flores.
LISPECTOR, Clarice. Cem anos de perdão. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
p. 60.
A narrativa de ficção joga com sentidos duplos e figurados e explora as variadas
possibilidades da linguagem. Na obra de Clarice Lispector, para atingir uma maior
expressividade na construção do texto, destaca-se ainda a epifania. Considerando-se o
conceito de epifania na obra dessa autora, pode-se ler o conto Cem anos de perdão como
I(...)O menino tinha no olhar um silêncio de chãoe na sua voz uma candura de Fontes.O Pai achava que a gente queria desver o mundopara encontrar nas palavras novas coisas de verassim: eu via a manhã pousada sobre as margens dorio do mesmo modo que uma garça aberta na solidãode uma pedra.(...)BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2015. p.13
Em Menino do mato, um eu lírico menino tem o desejo de apreender, sem se
preocupar com explicações, as coisas do mundo, criar novidades por meio das palavras e
de sua inocência pueril. Essa mesma ideia perpassa o fragmento:
Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios,
nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na
verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava
sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui
percebendo que estava percebendo as coisas. Minha liberdade então se
intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade. Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me
senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho mesmo, sem
nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou
igualdade, eu era por carinho a mãe do que existe. Soube também que se tudo
isso "fosse mesmo" o que eu sentia – e não possivelmente um equívoco de
sentimento – que Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez se deixaria
acarinhar, e sem nenhum compromisso comigo. Ser-Lhe-ia aceitável a
intimidade com que eu fazia carinho. O sentimento era novo para mim, mas
muito certo, e não ocorrera antes apenas porque não tinha podido ser. Sei que
se ama ao que é Deus. Com amor grave, amor solene, respeito, medo e
reverência. Mas nunca tinham me falado de carinho maternal por Ele. E assim
como meu carinho por um filho não o reduz, até o alarga, assim ser mãe do
mundo era o meu amor apenas livre. E foi quando quase pisei num enorme rato morto. Em menos de um
segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo
estilhaçava-me toda em pânico, e controlava como podia o meu mais profundo
grito. Quase correndo de medo, cega entre as pessoas, terminei no outro
quarteirão encostada a um poste, cerrando violentamente os olhos, que não
queriam mais ver. Mas a imagem colava-se às pálpebras: um grande rato ruivo,
de cauda enorme, com os pés esmagados, e morto, quieto, ruivo. O meu medo
desmesurado de ratos.
LISPECTOR, Clarice. Perdoando Deus. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 41.
O fragmento evidencia as percepções iniciais da personagem narradora. Tais
percepções, no desenrolar do conto, são caracterizadas pela
Na obra Felicidade clandestina, de Clarice Lispector, há contos em que crianças são
protagonistas, ora diante de situações densas, ora leves, com suas alegrias e tristezas na
relação com o outro. Nessa tessitura, o fio condutor do conto
Com o intuito de compreender as razões do comportamento humano, a narradora do
conto Felicidade clandestina, de livro homônimo de Clarice Lispector, atém-se a um fato de
sua infância, em que uma menina, filha do dono de uma livraria, percebendo o gosto da
narradora pelos livros e pela leitura, promete lhe emprestar o livro As reinações de
Narizinho, de Monteiro Lobato. Entretanto, numa atitude de crueldade, sempre adia o
empréstimo. Para a narradora personagem, o comportamento da menina advém
Texto I
Logo descobriu que não podia absolutamente mais se mexer. Não se
admirou com esse fato, pareceu-lhe antes um pouco natural que até agora
tivesse conseguido se movimentar com aquelas perninhas finas. No restante
sentia-se relativamente confortável. Na realidade tinha dores no corpo, mas para
ele era como se elas fossem ficar cada vez mais fracas e finalmente
desaparecer por completo. A maçã apodrecida nas suas costas e a região
inflamada em volta, inteiramente cobertas por uma poeira mole, quase não o
incomodavam. Recordava-se da família com emoção e amor. Sua opinião de
que precisava desaparecer era, se possível, ainda mais decidida que a da irmã.
Permaneceu nesse estado de meditação vazia e pacífica até que o relógio da
torre bateu a terceira hora da manhã. Ele vivenciou o início do clarear geral do
dia lá do lado de fora da janela. Depois, sem intervenção da sua vontade, a
cabeça afundou completamente e das suas ventas fluiu fraco o último fôlego.
KAFKA, Franz. A metamorfose. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p.
78.
Texto II
Saciada, espantada, continuou a passear com os olhos mais abertos, em
atenção às voltas violentas que a água pesada dava no estômago, acordando
pequenos reflexos pelo resto do corpo como luzes. A estrada subia muito. A estrada era mais bonita que o Rio de Janeiro, e
subia muito. Mocinha sentou-se numa pedra que havia junto de uma árvore, para
poder apreciar. O céu estava altíssimo, sem nenhuma nuvem. E tinha muito
passarinho que voava do abismo para a estrada. A estrada branca de sol
estendia sobre um abismo verde. Então, como estava cansada, a velha encostou
a cabeça no tronco da árvore e morreu.
LISPECTOR, Clarice. O grande passeio. In: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
p. 37-38
Embora de épocas e nacionalidades distintas, os protagonistas de A metamorfose e
do conto O grande passeio têm em comum a
Texto I
Logo descobriu que não podia absolutamente mais se mexer. Não se admirou com esse fato, pareceu-lhe antes um pouco natural que até agora tivesse conseguido se movimentar com aquelas perninhas finas. No restante sentia-se relativamente confortável. Na realidade tinha dores no corpo, mas para ele era como se elas fossem ficar cada vez mais fracas e finalmente desaparecer por completo. A maçã apodrecida nas suas costas e a região inflamada em volta, inteiramente cobertas por uma poeira mole, quase não o incomodavam. Recordava-se da família com emoção e amor. Sua opinião de que precisava desaparecer era, se possível, ainda mais decidida que a da irmã. Permaneceu nesse estado de meditação vazia e pacífica até que o relógio da torre bateu a terceira hora da manhã. Ele vivenciou o início do clarear geral do dia lá do lado de fora da janela. Depois, sem intervenção da sua vontade, a cabeça afundou completamente e das suas ventas fluiu fraco o último fôlego.
KAFKA, Franz. A metamorfose. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 78.
Texto II
Saciada, espantada, continuou a passear com os olhos mais abertos, em atenção às voltas violentas que a água pesada dava no estômago, acordando pequenos reflexos pelo resto do corpo como luzes. A estrada subia muito. A estrada era mais bonita que o Rio de Janeiro, e subia muito. Mocinha sentou-se numa pedra que havia junto de uma árvore, para poder apreciar. O céu estava altíssimo, sem nenhuma nuvem. E tinha muito passarinho que voava do abismo para a estrada. A estrada branca de sol estendia sobre um abismo verde. Então, como estava cansada, a velha encostou a cabeça no tronco da árvore e morreu.
LISPECTOR, Clarice. O grande passeio. In: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 37-38
Embora de épocas e nacionalidades distintas, os protagonistas de A metamorfose e
do conto O grande passeio têm em comum a
Depreende-se, da leitura de O santo e a porca, que Ariano Suassuna, ao dialogar com
a tradição, retomando a comédia Aululária, de Plauto, e O avarento, de Moliére, recriando-as
a partir de aspectos regionais e universais, associa
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse
resgate do mito do deus Dionisos, o verso
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma
gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a
gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem
a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho
vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando
Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de
tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai
arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro
pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o
‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos
finais, Cristina
Considerando a leitura do poema e o uso dos recursos expressivos, em Dionisos
Dendrites,
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.