Questõesde UECE sobre Filosofia

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UECE 2021 - Filosofia

Neste ano, comemoramos o centenário de nascimento do Patrono da Educação Brasileira, o Professor Paulo Freire (1921-1997). Atente para a seguinte passagem de sua autoria:


“[...] a educação é uma forma de intervenção no mundo [...], que além do conhecimento dos conteúdos bem ou mal ensinados e/ou aprendidos implica tanto o esforço de reprodução da ideologia dominante quanto seu desmascaramento. [...] não poderia ser a educação só uma ou só outra dessas coisas. [...] É um erro decretá-la como tarefa apenas reprodutora da ideologia dominante como erro tomá-la como uma força de desocultação da realidade, a atuar livremente, sem obstáculos e duras dificuldades”.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários

à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 98-99. – Adaptado.


No texto acima, o fato de a educação ser concebida como uma prática que une em si reprodução e desmascaramento da ideologia dominante, filosoficamente, manifesta uma

A
incoerência, que desobedece ao princípio lógico de não contradição.
B
posição dialética, que concebe os processos sociais como contraditórios.
C
concepção mecanicista, em que forças exteriores se opõem e se chocam.
D
ideação moral subjetiva, que atua no sentido contrário à realidade dada.
006f46d3-58
UECE 2021 - Filosofia

Entre 16 e 18 de setembro de 1982, ocorreu um massacre de palestinos e libaneses em dois campos de refugiados situados a Oeste de Beirute (capital do Líbano), chamados Sabra e Chatila. Na época, o Líbano estava sob ocupação israelense. Em 22 de setembro do mesmo ano, o filósofo judeu brasileiro Maurício Tragtenberg (1929-1998) publicou um artigo de opinião em que afirma:


“Deu-se o massacre dos palestinos dos campos de Sabra e Chatila por obra dos assassinos chefiados por Cel. Haddad, com conivência e participação [do Exército de Israel], isso após a morte do traficante de haxixe [Bashir] Gemayel, novo ‘Quisling’ [traidor] imposto pelas tropas de ocupação. Por tudo isso, ser fiel à tradição judaica é condenar mais este genocídio praticado contra o povo palestino. É necessário acabar de vez com o etnocentrismo que toma a forma de judeu-centrismo, onde o massacre de judeus brancos por brancos europeus tem um status diferente do massacre dos armênios pelos turcos, dos negros africanos pelos traficantes de escravos, dos chineses na Indonésia. Assim, Auschwitz é elevado a potência metafísica. Sou um dos últimos a minimizar as atrocidades cometidas em Auschwitz, porém, as lágrimas de outros povos não contam?”


TRAGTENBERG, M. Menachem Begin visto por Einstein, H.

Arendt e N. Goldman. Folha de São Paulo, 22/09/1982.


Acerca do conceito moderno dos direitos humanos, é implícito à concepção de M. Tragtenberg que

A
há uma universalidade nos direitos humanos, independentemente de etnia e cultura.
B
o massacre de brancos europeus tem um status diferente de outros massacres.
C
a tradição judaica tem uma concepção etnocêntrica sobre os direitos humanos.
D
o genocídio de judeus pelos nazistas em Auschwitz tem um significado metafísico.
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“Os grandes cientistas de Tales a Demócrito e Anaxágoras costumam ser descritos nos livros de história ou de filosofia como ‘pré-socráticos’, como se sua principal função fosse sustentar a fortaleza filosófica até o advento de Sócrates, Platão e Aristóteles, e talvez influenciá-los um pouco. Na verdade, os antigos jônios representam uma tradição diferente e bastante questionadora, muito mais compatível com a ciência moderna.”


SAGAN, Carl. A espinha dorsal da noite. In: Cosmos. Trad. bras. Paulo Seiger. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.


É implícita a essa passagem de Carl Sagan (1934- 1996) acerca do surgimento e da história da filosofia grega a visão de que

A
depois de Sócrates os filósofos não estudaram a natureza.
B
Sócrates rompeu com os métodos dos filósofos jônicos.
C
os pensadores anteriores a Sócrates não eram filósofos.
D
Platão e Aristóteles não conheceram teses pré-socráticas. 
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Leia com atenção o seguinte diálogo entre Galileu e o garoto Andrea, personagens da peça Vida de Galileu (1938-39), do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956):


“GALILEU – Você entendeu o que eu lhe expliquei ontem?

ANDREA – O quê? Aquela história de Copérnico e da rotação da Terra?

GALILEU – É.

ANDREA – Por que o senhor quer que eu entenda? É muito difícil, e eu ainda não fiz onze anos, vou fazer em outubro.

GALILEU – Mas eu quero que você entenda. É para que se entendam essas coisas que eu trabalho e compro livros caros em vez de pagar o leiteiro.

ANDREA – Mas eu vejo que o Sol de noite não está onde estava de manhã. Quer dizer que ele não pode ficar parado! Nunca, jamais...

GALILEU – Você vê?! O que você vê? Você não vê nada! Você arregala os olhos, mas arregalar os olhos não é ver.

Galileu põe a bacia de ferro no centro do quarto e diz:

GALILEU – Bem, isto é o Sol (aponta para a bacia).

Sente-se aí (aponta para a cadeira).

Andrea se senta na única cadeira, tendo a bacia à sua esquerda; Galileu fica de pé, atrás dele, e pergunta:

GALILEU – Onde está o Sol, à direita ou à esquerda?

ANDREA – À esquerda.

GALILEU – Como fazer para ele passar para a direita?

ANDREA – O senhor carrega a bacia para a direita, claro.

GALILEU – E não tem outro jeito?

Galileu levanta Andrea e a cadeira do chão, coloca-os do outro lado da bacia e pergunta:

GALILEU – Agora, onde está o Sol?

ANDREA – À direita.

GALILEU – E ele se moveu?

ANDREA – Ele, não.

GALILEU – O que é que se moveu?

ANDREA – Eu.

GALILEU (gritando) – Errado, seu desatencioso! A cadeira! A cadeira se moveu!

ANDREA – Mas eu com ela!

GALILEU – Claro, a cadeira é a Terra. Você está em cima dela.”


BRECHT, B. A vida de Galileu. Trad. Roberto Schwartz. In: Bertolt Brecht. Teatro completo, vol. 6.– 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. Adaptado.


Com base no diálogo acima, é correto afirmar que, para o personagem Galileu, para compreender os fenômenos astronômicos acima discutidos, 

A
não é necessário observá-los, pois é suficiente raciocinar sobre eles.
B
não é necessário raciocinar sobre eles, basta melhor observá-los.
C
é necessário observá-los, com base em raciocínios e cálculos corretos.
D
é necessário ler criticamente o que sobre eles diz a tradição filosófica.
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“A teologia, para mim, é uma grandeza cultural na história da cultura do Ocidente. Creio que é uma grandeza constitutiva da tradição, sobretudo, filosófica: o termo ‘teologia’ nasceu da filosofia, é um termo criado por Platão. [...] Quando a filosofia ultrapassa o domínio daquilo que, de alguma maneira, é diretamente acessível à experiência e controlado por ela, entra neste domínio que Platão chama de ‘suprassensível’, inteligível, ou como quer que seja. Este é, para mim, um domínio no qual o problema teológico se apresenta inevitavelmente, porque se apresenta o problema da ordem das realidades e toda ordem supõe um princípio ordenador, tornando-se então, de alguma maneira, uma teologia.”

VAZ, Henrique Claudio de Lima. Filosofia e forma da ação.

Entrevista a Cadernos de filosofia alemã, 2, p. 77-102, 1997.


Na passagem acima citada, o filósofo brasileiro H. C. de Lima Vaz (1921-2002) apresenta uma interpretação do pensamento filosófico como uma teologia. Recorrendo à filosofia de Platão para explicar essa sua interpretação, ele termina por nos oferecer uma interpretação da própria teoria platônica das ideias, que seria uma espécie de teologia, porque 

A
mostra como os deuses gregos não são corpóreos, mas espirituais.
B
é a base da posterior teologia revelada dos pais da Igreja cristã.
C
apresenta os princípios inteligíveis ordenadores da realidade natural e ética.
D
afirma que não existe realidade sensível, mas apenas a suprassensível.
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No livro X de A República, encontra-se a seguinte afirmação de Sócrates em um diálogo com Glauco acerca da poíēsis (produção, fabricação, poesia) e da mímēsis (imitação):

“Acaso não existem três formas de cama? Uma que é natural, e da qual diremos, segundo entendo, que Deus a confeccionou. Ou que outro Ser poderia fazêlo? [...] Outra, a que executou o marceneiro. [...] Outra, feita pelo pintor. Ou não? [...] Logo, pintor, marceneiro, Deus, esses três seres presidem aos tipos de cama”.

Platão. A República, 597b. Trad. port. Maria Helena da Rocha Pereira. 9ª edição. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2001. Adaptado.

Apoiando-se na citação acima, que é ilustrativa da concepção platônica da poíēsis e da mímēsis, bem como de sua crítica da pintura, da poesia trágica, dentre outras, e no conhecimento a respeito do tema, assinale a proposição verdadeira.

A
O marceneiro e o pintor produzem imitando.
B
Os três tipos de produção são miméticas.
C
Somente Deus produz, os outros imitam.
D
Somente o pintor imita, mas não produz.
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O filme Judas e o messias negro (2021), ganhador do Oscar de melhor ator coadjuvante (Daniel Kaluuya), conta a história de vida de Fred Hampton, revolucionário negro norte-americano, ativista na luta contra o racismo e membro do movimento Panteras Negras. Foi assassinado aos 21 anos, em 1969. Em um vídeo publicado no canal da editora Autonomia Literária, no Youtube, Hampton pode ser visto discursando em um auditório para uma pequena plateia multiétnica, quando diz:

“Povo negro, povo branco pobre, povo indígena pobre, povo porto-riquenho pobre, povo latino-americano pobre, povo pobre de todas as descendências! Eles os agruparam em seus movimentos baseados no racismo, quando o Panteras Negras se levantou e disse: ‘Não importa o que digam, não pensamos em combater fogo com fogo, pensamos em combater água com água’. Vamos combater o racismo, não com racismo, mas vamos combatê-lo com solidariedade. Não vamos combater o capitalismo com capitalismo negro, mas vamos combatê-lo com socialismo”.

Fred Hampton explica como a classe dominante usa o racismo para explorar os trabalhadores, vídeo disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Pry4iRfHqEk, acessado em 31-05-2021.

Segundo esse trecho do discurso, é correto afirmar que, para Hampton,

A
a luta contra o racismo deve opor negros, índios e latino-americanos a brancos.
B
os negros precisam tornar-se capitalistas para deixarem de ser discriminados.
C
cada etnia precisa organizar-se isoladamente para fazer valer seus direitos.
D
é preciso opor ao racismo a solidariedade entre os pobres de todas as etnias.
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O Artigo Primeiro da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, diz: “Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos”. Essa concepção de que os homens são, por natureza, livres e iguais expressa

A
a visão contratualista de que os indivíduos possuem direitos naturais pré-políticos.
B
a visão grega de que o homem, por natureza, pertence a uma comunidade humana livre.
C
a visão marxista de que a igualdade e a liberdade são naturais e garantidas pelo Estado.
D
a visão medieval de que o direito natural é divino, devendo haver liberdade e igualdade.
e8babfbf-0a
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Sobre o conceito de experiência em Kant, o filósofo Manfredo de Oliveira afirma:

“[P]ara Kant, experiência não é, acima de tudo, nem somente, a recepção de dados, mas a transformação destes dados em objeto para o homem. Com isto, afirma-se que a experiência do mundo é mediada por uma atividade prévia da subjetividade humana. É neste sentido que se pode afirmar que o mundo só existe através do homem: não evidentemente em sua realidade física, mas como objeto do qual falamos e fazemos afirmações.”

Oliveira, M. A. A antropologia na filosofia de Kant. Revista de Ciências Sociais, Vol. IX, nº 1-2 UFC, 1978.

Com base na citação acima, assinale a opção que corresponde ao conceito de experiência em Kant.

A
Completa-se com a apreensão dos objetos do mundo pela sensibilidade.
B
É a atividade do sujeito em que as coisas se tornam objeto de conhecimento.
C
É o modo pelo qual o mundo é uma existência puramente subjetiva.
D
É o processo histórico pelo qual se forma a subjetividade humana.
e8b67d15-0a
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“[...] Se o homem carecesse de livre-arbítrio da vontade, como poderia existir esse bem, que consiste em manifestar a justiça, condenando os pecados e premiando as boas ações? Visto que a conduta desse homem não seria pecado nem boa ação, caso não fosse voluntária. Igualmente o castigo, como a recompensa, seria injusto, se o homem não fosse dotado de vontade livre.”

Santo Agostinho. O livre arbítrio, II, 1, 3. Trad. bras. Nair de Assis Oliveira. São Paulo: Paulus, 1995.

Considerando a citação acima e o seguinte trecho da mesma obra que afirma “não só possuímos o livrearbítrio da vontade, mas acontece ainda que é por ele que pecamos” (O livre arbítrio, II, 1, 1), é correto concluir que, dotados de livre-arbítrio, nós

A
podemos pecar ou não.
B
precisamos pecar.
C
temos a permissão de pecar.
D
queremos pecar.
e8c24e34-0a
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A Enciclopédia, organizada por Jean d'Alembert e Denis Diderot, obra central do Iluminismo do século XVIII, no verbete Tirania, de autoria de Louis de Jaucourt, afirma: “Tirania é todo governo injustamente exercido sem o freio da lei”. Adiante, afirma que “ninguém, seja quem for, tem direito por natureza” a exercer o poder tirânico, ou seja, sem os freios da lei. Disso, afirma não acreditar “que alguma vez tenha existido um povo que tenha sido tão bárbaro e tão imbecil a ponto de se submeter à tirania por meio de um contrato”.

Jaucourt, Louis de. Tirania. In: D’Alembert, Jean; Diderot, Denis. Enciclopédia, vol. 4. Trad. bras. Maria das Graças de Souza et al. São Paulo: Editora Unesp, 2015.

Considerando a informação contida no trecho acima, é correto concluir que

A
toda forma de governo é tirânica, segundo a lei de natureza.
B
um governo que governa sem leis é harmônico com a Suprema Corte.
C
a legalidade dos atos de governo é contra a lei de natureza.
D
o governante que age sem o controle das leis é um tirano.
e8d52273-0a
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Em maio de 2021, o Brasil perdeu um de seus principais filósofos contemporâneos, o Professor Roberto Machado (UFRJ). Além de um dos mais importantes intérpretes do pensamento de Friedrich Nietzsche, também foi tradutor e responsável pela introdução, no Brasil, das filosofias de Michel Foucault e Gilles Deleuze.

Considerando os filósofos por ele estudados, assinale com V ou F, conforme seja verdadeiro ou falso, o que se afirma a seguir:

( ) O pensamento acerca das estratégias de poder disciplinar, assujeitamento e docilização dos corpos faz parte do leque conceitual do filósofo Michel Foucault.
( ) Nietzsche é um dos pontos de inflexão na passagem do pensamento moderno ao da contemporaneidade, por suas críticas às noções de sujeito, consciência e moral.
( ) Nietzsche e Foucault têm em comum a tese de que os poderes são múltiplos, que se opõem, se chocam e se relacionam, não existindo apenas um centro de poder.
( ) Nietszche e Foucault, apesar das divergências entre suas filosofias, convergem no sentido de uma retomada e reaproximação do pensamento dialético hegeliano.

A sequência correta, de cima para baixo, é:

A
V, F, V, F.
B
F, V, F, V.
C
V, V, V, F.
D
F, F, F, V.
e8dc45c7-0a
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Atente para a seguinte máxima de Epicuro: “A carne considera ilimitados os limites do prazer e seria necessário um tempo também infinito para satisfazê-la. Mas a inteligência que se tornou capaz de compreender qual é o fim e o limite da carne e nos liberou do temor em relação à eternidade proporciona-nos uma vida perfeita e não sentimos mais necessidade de uma duração infinita. Ela não foge do prazer, todavia, nem considera, diante das circunstâncias anunciadoras de que deixaremos de viver, ter sido privada daquilo que oferece a melhor vida”.

Epicuro. Máximas, XX. Trad. bras. João Quartim de Morais. São Paulo: Edições Loyola, 2010.

Conforme a máxima acima, a “vida perfeita”, a “melhor vida” (a vida feliz), consiste

A
na recusa dos prazeres.
B
na duração infinita de vida.
C
em agir pela inteligência.
D
em espiritualizar os prazeres.
e8ae7385-0a
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Atente para o seguinte trecho sobre a Resolução 194/1948 das Nações Unidas:

“A Resolução 194 da Assembleia Geral das Nações Unidas foi adotada pela ONU em 11 de dezembro de 1948, e tinha como objetivo pôr fim à Guerra ÁrabeIsraelense de 1948 e resolver o problema dos refugiados na Palestina. [...] Também reconhecia o direito de retorno dos refugiados aos seus lares. A guerra civil de 1948, entre as comunidades judia e árabe da Palestina e, depois, a guerra entre Israel e seus vizinhos árabes provocaram o êxodo de 725.000 dos 900.000 árabes palestinos que viviam nos territórios que atualmente formam o Estado de Israel. [...]”

Wikipedia. Resolução 194 da Assembleia Geral das Nações Unidas. Acessado em 29-11-2021.

Com base no trecho acima apresentado e à luz do caráter universal dos direitos humanos estabelecido no preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU em 1948, é correto dizer que

A
o direito dos mais de 725 mil refugiados palestinos e seus descendentes ao retorno aos seus lares pátrios constitui um direito humano independente de serem cidadãos de algum Estado.
B
somente como membros de um Estado Palestino podem os refugiados palestinos retornar à sua pátria e lá ter direito à posse de suas antigas casas e propriedades e a constituir família.
C
o reconhecimento aos palestinos do direito a se constituirem em Estado significaria, necessariamente, a renúncia ao retorno a Israel dos mais de 725 mil refugiados palestinos.
D
é legítimo o direito à soberania de Israel sobre os territórios conquistados na Guerra dos Seis Dias em1967, devendo ser objeto de negociação o retorno dos palestinos à sua terra pátria.
e8be9329-0a
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“Ciência e poder do homem coincidem, uma vez que, sendo a causa ignorada, frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence, se não quando se lhe obedece. E o que à contemplação apresenta-se como causa é regra na prática.”

Bacon, F. Novum organum, Livro I, Aforismo I. Trad. brs. José Aluysio Reis de Andrade. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

Nessa passagem, o filósofo Francis Bacon, considerado o fundador do empirismo, defende

A
uma relação contemplativa com a natureza, com foco no conceito de causa.
B
que é possível dominar a natureza, com base no conhecimento das causas.
C
que é preciso saber obedecer à natureza, mas não conhecê-la ou dominá-la.
D
que a causa não é cognoscível, mas apenas objeto de uma prática costumeira.
e8b25d81-0a
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Observe a seguinte passagem do diálogo entre Sócrates e Glauco em A República:

“Sócrates — Não afirmamos ser impossível à parte racional da alma ter opiniões contrárias, ao mesmo tempo, sobre as mesmas coisas?

Glauco — Afirmamos, e com razão.

Sócrates — Portanto, a parte da alma que formula uma opinião à margem da medida não poderá ser a mesma que opina com medida.

Glauco — Com efeito, não.

Sócrates — Mas por certo que a parte que confia na medida e no cálculo é a melhor parte da alma.

Glauco — Sem dúvida.”

Platão. A República, 602d-603a. Trad. port. Maria Helena da Rocha Pereira. – 9ª edição. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2001. Adaptado.

No contexto do diálogo acima, o trecho “ser impossível à parte racional da alma ter opiniões contrárias, ao mesmo tempo, sobre as mesmas coisas” expressa

A
a tese psicológica da alma unitária.
B
a exigência ética de não mentir.
C
o princípio lógico da identidade.
D
a impossibilidade do discurso falso.
e8aa9194-0a
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Em março deste ano completaram 150 anos do acontecimento histórico conhecido como Comuna de Paris. Numa obra em que analisa este acontecimento do qual foi contemporâneo, Karl Marx afirmou: “Mas o proletariado não pode, como fizeram as classes dominantes e suas diversas frações em suas sucessivas horas de triunfo, simplesmente se contentar em apoderar-se do aparelho estatal existente e dirigi-lo como se apresenta para seus próprios fins. A primeira condição para a manutenção do poder político é transformar a máquina existente e destruir este instrumento de dominação de classe”.

Marx, K. A Guerra Civil na França. In: Marx, K. e Engels, F. Textos, vol. I. São Paulo: Edições Sociais, 1986.

Segundo a citação acima acerca da concepção de Marx sobre o Estado na Comuna de Paris (1871), é correto afirmar que

A
o Estado é uma forma de poder político, que está a serviço de qualquer classe social que se assenhorar dela.
B
toda forma de poder político é estatal, por isso o proletariado deve tomar o poder de Estado existente.
C
o proletariado deve manter o Estado burguês, mas transformando-o para que ele expresse seu poder.
D
o proletariado, se tiver o poder político, deve destruir o Estado, instrumento de dominação de classe.
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“Na presente Convenção, entende-se por genocídio qualquer dos seguintes atos, cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal: (a) assassinato de membros do grupo; b) dano grave à integridade física ou mental de membros do grupo; (c) sujeição intencional do grupo a condições de vida pensadas para provocar sua destruição física total ou parcial; (d) medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; (e) transferência à força de crianças do grupo para outro grupo.”

Convenção da ONU para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, Art. II. Aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 9 de dezembro de 1948.

Com base nesse conceito de genocídio, é correto afirmar que

A
a definição de genocídio somente descreve situações em que a população de um Estado, e somente esta, se encontra prestes a ser dizimada pela ação de outro Estado que invade seu território.
B
ações estatais, governamentais ou de outra natureza que, de modo sistemático, resultem em morte, preferencialmente, de pessoas de uma mesma cor de pele também são genocidas.
C
o extermínio de membros de mesma etnia, cultura ou fé religiosa simplesmente porque são membros desse grupo não é genocídio: tecnicamente, trata-se somente de etnocídio.
D
não é possível aplicar a membros de classes sociais diferentes o conceito de genocídio, pois as identidades de classe são mais importantes do que as identidades nacional, étnica e religiosa, dentre outras.
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Aristóteles afirma na Ética a Nicômaco que é possível, do ponto de vista moral, errar de muitas maneiras, mas só há uma maneira de acertar (EN, II, 6, 1106b 29-30). Erramos quando temos medo de tudo e não enfrentamos nada; erramos quando nos entregamos sem medida a todo tipo de prazer; erramos quando não restituímos o que é do outro por direito. Por outro lado, acertamos quando evitamos os excessos.

No que diz respeito à Ética de Aristóteles, é correto afirmar que

A
iremos voluntariamente cometer erros, porque não está em nosso poder evitá-los.
B
agimos com virtude se seguimos o exemplo do indivíduo dotado de sabedoria prática.
C
quem tem o conhecimento do que são as virtudes evitará as várias maneiras de errar.
D
basta que acertemos uma única vez para sermos considerados como seres virtuosos.
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“A seus dois deuses da arte, Apolo e Dioniso, vincula-se a nossa cognição de que no mundo helênico existe uma enorme contraposição, quanto a origens e objetivos, entre a arte do figurador plástico, a apolínea, e a arte não-figurada da música, a de Dioniso: ambos os impulsos caminham lado a lado (...) incitando-se mutuamente a produções sempre novas, para perpetuar nelas a luta daquela contraposição sobre a qual a palavra comum ‘arte’ lançava apenas a ponta; até que, por fim, através de um miraculoso ato metafísico da ‘vontade’ helênica, apareceram emparelhados um com o outro, e nesse emparelhamento tanto a obra de arte dionisíaca quanto a apolínea geraram a arte trágica.”

Nietzsche, F. W. O nascimento da tragédia, §1. Trad. bras. J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

A citação acima se refere à tese nietzscheana sobre a origem da arte trágica. Considerando essa citação, e o que se conhece a respeito do tema, assinale a afirmação FALSA.

A
Há uma correlação entre arte e pessimismo que explica a força e a capacidade de superação dos gregos.
B
Da medida apolínea e da desmedida dionisíaca revela-se a conversão, na cultura grega, do sofrimento em arte.
C
O otimismo teórico de base racional está na base do fortalecimento e do desenvolvimento da arte trágica.
D
Para Nietzsche, a vontade helênica é a capacidade dos gregos de fundir o apolíneo e o dionisíaco na arte trágica.