“A extrema desigualdade na maneira de viver,
o excesso de ociosidade por parte de uns, o excesso
de trabalho de outros, [...] os alimentos
demasiadamente requintados, que nos nutrem de
sucos abrasantes e nos sobrecarregam de
indigestões, a má alimentação dos pobres, [...]: eis,
pois, as funestas garantias de que a maioria dos males é fruto de nossa própria obra, e de que
seriam quase todos evitados se conservássemos a
maneira simples, uniforme e solitária de viver, que
nos foi prescrita pela Natureza.”
Rousseau, J.-J. Discurso sobre a origem e os fundamentos
da desigualdade entre os homens. São Paulo: Editora Nova
Cultural, 1999, p. 61 – Coleção Os Pensadores.
Por meio do trecho acima, é correto concluir que,
para Rousseau,
“A extrema desigualdade na maneira de viver, o excesso de ociosidade por parte de uns, o excesso de trabalho de outros, [...] os alimentos demasiadamente requintados, que nos nutrem de sucos abrasantes e nos sobrecarregam de indigestões, a má alimentação dos pobres, [...]: eis, pois, as funestas garantias de que a maioria dos males é fruto de nossa própria obra, e de que seriam quase todos evitados se conservássemos a maneira simples, uniforme e solitária de viver, que nos foi prescrita pela Natureza.”
Rousseau, J.-J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1999, p. 61 – Coleção Os Pensadores.
Por meio do trecho acima, é correto concluir que,
para Rousseau,
Gabarito comentado
Resposta: alternativa A
Tema central: a questão trata da explicação rousseauniana sobre a origem da desigualdade — se é natural ou se decorre das instituições sociais. É tema recorrente em provas que cobram Filosofia Política: natureza vs. sociedade.
Resumo teórico e fonte: Para Jean‑Jacques Rousseau (Discurso sobre a Desigualdade, 1755) há duas desigualdades: a física (natural) e a moral/política (produzida pelo convívio social). Rousseau sustenta que a maior parte das desigualdades é fruto das convenções sociais, do surgimento da propriedade e das instituições, e não da natureza humana. (Rousseau, J.-J., Discourse on the Origin and Basis of Inequality Among Men, 1755.)
Justificativa da alternativa correta (A): o trecho fala em “funestas garantias de que a maioria dos males é fruto de nossa própria obra” e contrapõe o modo de vida artificial ao “prescrito pela Natureza”. Isso indica claramente que Rousseau atribui as desigualdades à estrutura social e às práticas humanas, corroborando a alternativa A.
Análise das alternativas incorretas:
B — interpretação literal e simplista: apresenta desigualdade como consequência do esforço individual (quem trabalha mais vive melhor). O texto, porém, critica hábitos sociais, luxo e instituições que criam ociosidade e pobreza; não defende mérito natural.
C — contraria o argumento de Rousseau: afirmar que as desigualdades são resultado da natureza ignora sua distinção entre desigualdade natural e desigualdade moral/política, e seu diagnóstico de origem social.
D — falsa leitura: diz que a natureza humana impede desigualdades mesmo na sociedade. Rousseau admite diferenças naturais mínimas, mas sustenta que a sociedade amplia e institucionaliza desigualdades; portanto D está errada.
Dica de prova / estratégia: busque palavras-chave do enunciado — “fruto de nossa própria obra”, “prescrita pela Natureza”, “excesso”, “sociedade” — que indicam causalidade social. Em questões sobre Rousseau, diferencie sempre desigualdade natural (inevitável, física) de desigualdade moral/política (socialmente produzida).
Referência principal: Rousseau, J.-J., Discourse on the Origin and Basis of Inequality Among Men (1755), ed. crítica e traduções em diversas coletâneas como "Os Pensadores".
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