“Todo o ser que só pode agir sob a ideia da
liberdade é, por isso mesmo, em sentido prático,
verdadeiramente livre. Quer dizer, para ele valem
todas as leis que estão inseparavelmente ligadas à
liberdade, exatamente como se a sua vontade fosse
definida como livre em si mesma. A todo o ser
racional que tem uma vontade, temos que atribuir-lhe necessariamente também a ideia de liberdade,
sob a qual ele unicamente pode agir.”
Kant, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad.
port. Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, p. 16 – Adaptado.
Considerando a citação acima, é correto afirmar que
“Todo o ser que só pode agir sob a ideia da liberdade é, por isso mesmo, em sentido prático, verdadeiramente livre. Quer dizer, para ele valem todas as leis que estão inseparavelmente ligadas à liberdade, exatamente como se a sua vontade fosse definida como livre em si mesma. A todo o ser racional que tem uma vontade, temos que atribuir-lhe necessariamente também a ideia de liberdade, sob a qual ele unicamente pode agir.”
Kant, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. port. Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, p. 16 – Adaptado.
Considerando a citação acima, é correto afirmar que
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: liberdade prática em Kant — ou seja, a noção de que a verdadeira liberdade moral consiste em ter a vontade determinada pela razão (autonomia), não pelas inclinações.
Resumo teórico: Para Kant (Fundamentação da Metafísica dos Costumes), agir livremente é agir segundo leis que a razão prática impõe a si mesma. A autonomia da vontade significa que a norma moral não vem das paixões (heteronomia) mas da razão que legisla universalmente (imperativo categórico). Assim, liberdade prática = autodeterminação racional.
Justificativa da alternativa A: “Vontade livre é a vontade determinada pela razão” expressa exatamente a ideia kantiana: o agente é livre quando sua ação é guiada pela lei moral formulada pela razão. A citação indica que, mesmo que só possamos agir sob a ideia de liberdade, atribuímos ao ser racional essa ideia porque só sob ela se aplicam as leis ligadas à liberdade — isto é, leis racionais.
Análise das alternativas incorretas:
B (errada): “O agir livre, na prática, é espontâneo e involuntário.” Contradiz Kant. Liberdade prática não é agir involuntariamente nem por mero impulso; é agir conforme uma lei racional que o sujeito reconhece e aceita voluntariamente.
C (errada): “O ser racional é impulsivo e necessariamente livre.” Ser racional não equivale a ser impulsivo. Impulso é domínio das inclinações (heteronomia). A liberdade kantiana não é automática nem “necessária” por impulso, mas resultado de determinação pela razão.
D (errada): “Liberdade é verdadeiramente agir pelas paixões.” Isso inverte a tese kantiana: agir pelas paixões é heteronomia e, para Kant, não constitui liberdade moral.
Dica de prova: Procure palavras-chave: “razão”, “paixões”, “autonomia/heteronomia”, “prático”. Em questões sobre Kant, associe “liberdade” a “autonomia da vontade” e descarte alternativas que liguem liberdade a impulsos, espontaneidade ou emoções.
Fonte recomendada: Immanuel Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785). Tradução indicativa: Paulo Quintela.
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