Questõesde UNESP sobre História do Brasil
A “política dos governadores” é considerada a última
etapa da montagem do sistema oligárquico ou liberalismo
oligárquico, que permitiu, de forma duradoura, o controle do
poder central pela oligarquia cafeeira.
(Carlos Alberto Ungaretti Dias.
“Política dos governadores”. https://cpdoc.fgv.br.)
A afirmação do texto pode ser justificada pelo fato de que
essa política
A exploração do ouro, na região das Minas Gerais durante
o século XVIII, implicou um conjunto de transformações no
perfil geral da América portuguesa, tais como
Artigo 1°
– Todos os escravos, que entrarem no território
ou portos do Brasil, vindos de fora, ficam livres [...].
Artigo 2°
– Os importadores de escravos no Brasil incorrerão na pena corporal do artigo cento e setenta e nove do
Código Criminal, imposta aos que reduzem à escravidão pessoas livres [...].
(Lei de 7 de novembro de 1831. https://camara.leg.br.)
A Lei de 7 de novembro de 1831, também conhecida como
“Lei Feijó”,
O consumo dos alimentos nas propriedades de monocultura de cana-de-açúcar estava […] baseado no que se podia
produzir nas brechas de um grande sistema subordinado ao
mercado externo, resultando em uma grande quantidade de
farinha de mandioca, feijões de diversos tipos, batata-doce,
milho e cará comidos com pouco rigor, além de uma cultura do
doce, cristalizada na mistura das frutas com açúcar refinado e
simbolizada, popularmente, pela rapadura.
(Paula Pinto e Silva. “Sabores da colônia”. In: Luciano Figueiredo (org).
História do Brasil para ocupados, 2013.)
O texto caracteriza formas de alimentação no Brasil colonial
e revela
No que dizia respeito ao Estado a ser construído, genericamente o modelo disponível era aquele que prevalecia no
mundo ocidental. Tratava-se de organizar um aparato político-administrativo com jurisdição sobre um território definido,
que exercia as competências de ditar as normas que deveriam regrar todos os aspectos da vida na sociedade, cobrar
compulsoriamente tributos para financiá-lo e às suas políticas, exercer o poder punitivo para aqueles que não respeitassem as normas por ele ditadas.
(Miriam Dolhnikoff. História do Brasil império, 2019.)
O texto refere-se à organização política do Brasil após a
independência, em 1822. O novo Estado brasileiro foi baseado em padrões
No que dizia respeito ao Estado a ser construído, genericamente o modelo disponível era aquele que prevalecia no mundo ocidental. Tratava-se de organizar um aparato político-administrativo com jurisdição sobre um território definido, que exercia as competências de ditar as normas que deveriam regrar todos os aspectos da vida na sociedade, cobrar compulsoriamente tributos para financiá-lo e às suas políticas, exercer o poder punitivo para aqueles que não respeitassem as normas por ele ditadas.
(Miriam Dolhnikoff. História do Brasil império, 2019.)
O texto refere-se à organização política do Brasil após a independência, em 1822. O novo Estado brasileiro foi baseado em padrões
A produção de açúcar no Brasil colonial era parte de um conjunto de processos e relações que ultrapassavam os limites
da colônia e incluíam
A construção de Brasília pode ser considerada a principal
meta do Plano de Metas [...]. Para alguns analistas, a nova
capital seria o elemento propulsor de um projeto de identidade
nacional comprometido com a modernidade, cuja face mais
visível seria a arquitetura modernista de Oscar Niemeyer e
Lúcio Costa. Ao mesmo tempo, no entanto, a interiorização
da capital faria parte de um antigo projeto de organização
espacial do território brasileiro, que visava ampliar as fronteiras econômicas rumo ao Oeste e alavancar a expansão
capitalista nacional.
(Marly Motta. “Um presidente bossa-nova”. In: Luciano Figueiredo (org.).
História do Brasil para ocupados, 2013.)
O texto expõe dois significados da construção de Brasília durante o governo de Juscelino Kubitschek. Esses dois significados relacionam-se, pois
A construção de Brasília pode ser considerada a principal meta do Plano de Metas [...]. Para alguns analistas, a nova capital seria o elemento propulsor de um projeto de identidade nacional comprometido com a modernidade, cuja face mais visível seria a arquitetura modernista de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Ao mesmo tempo, no entanto, a interiorização da capital faria parte de um antigo projeto de organização espacial do território brasileiro, que visava ampliar as fronteiras econômicas rumo ao Oeste e alavancar a expansão capitalista nacional.
(Marly Motta. “Um presidente bossa-nova”. In: Luciano Figueiredo (org.).
História do Brasil para ocupados, 2013.)
O texto expõe dois significados da construção de Brasília durante o governo de Juscelino Kubitschek. Esses dois significados relacionam-se, pois
O texto estabelece a formação do Brasil a partir da navegação marítima, o que implica reconhecer a importância
Nem existia Brasil no começo dessa história. Existiam o Peru e o México, no contexto pré-colombiano, mas Argentina, Brasil, Chile, Estados Unidos, Canadá, não. No que seria o Brasil, havia gente no Norte, no Rio, depois no Sul, mas toda essa gente tinha pouca relação entre si até meados do século XVIII. E há aí a questão da navegação marítima, torna-se importante aprender bem história marítima, que é ligada à geografia. [...] Essa compreensão me deu muita liberdade para ver as relações que Rio, Pernambuco e Bahia tinham com Luanda. Depois a Bahia tem muito mais relação com o antigo Daomé, hoje Benin, na Costa da Mina. Isso formava um todo, muito mais do que o Brasil ou a América portuguesa. [...]
Nunca os missionários entraram na briga para saber se o africano havia sido ilegalmente escravizado ou não, mas a escravidão indígena foi embargada pelos missionários desde o começo, e isso também é um pouco interesse dos negreiros, ou seja, que a escravidão africana predomine. [...] A escravização tem dois processos: o primeiro é a despersonalização, e o segundo é a dessocialização.
Em um estudo publicado em 2005, o historiador Gustavo Acioli
Lopes vale-se, no quadro da economia colonial, da expressão
“primo pobre” para se referir ao produto derivado das lavouras mencionadas por Antônio Vieira em sua carta. No contexto
histórico em que foi escrita a carta, o “primo rico” seria
No fim da carta de que V. M.1 me fez mercê me manda V. M. diga meu parecer sobre a conveniência de haver neste estado ou dois capitães-mores ou um só governador.
Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei muito menos; mas por obedecer direi toscamente o que me parece.
Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que mais dificultoso serão de achar dois homens de bem que um. Sendo propostos a Catão dois cidadãos romanos para o provimento de duas praças, respondeu que ambos lhe descontentavam: um porque nada tinha, outro porque nada lhe bastava. Tais são os dois capitães-mores em que se repartiu este governo: Baltasar de Sousa não tem nada, Inácio do Rego não lhe basta nada; e eu não sei qual é maior tentação, se a 1 , se a 2 . Tudo quanto há na capitania do Pará, tirando as terras, não vale 10 mil cruzados, como é notório, e desta terra há-de tirar Inácio do Rego mais de 100 mil cruzados em três anos, segundo se lhe vão logrando bem as indústrias.
Tudo isto sai do sangue e do suor dos tristes índios, aos quais trata como tão escravos seus, que nenhum tem liberdade nem para deixar de servir a ele nem para poder servir a outrem; o que, além da injustiça que se faz aos índios, é ocasião de padecerem muitas necessidades os portugueses e de perecerem os pobres. Em uma capitania destas confessei uma pobre mulher, das que vieram das Ilhas, a qual me disse com muitas lágrimas que, dos nove filhos que tivera, lhe morreram em três meses cinco filhos, de pura fome e desamparo; e, consolando-a eu pela morte de tantos filhos, respondeu-me: “Padre, não são esses os por que eu choro, senão pelos quatro que tenho vivos sem ter com que os sustentar, e peço a Deus todos os dias que me os leve também.”
São lastimosas as misérias que passa esta pobre gente das Ilhas, porque, como não têm com que agradecer, se algum índio se reparte não lhe chega a eles, senão aos poderosos; e é este um desamparo a que V. M. por piedade deverá mandar acudir.
Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se serve quem ali governa como se foram seus escravos, e os traz quase todos ocupados em seus interesses, principalmente no dos tabacos, obriga-me a consciência a manifestar a V. M. os grandes pecados que por ocasião deste serviço se cometem.
(Sérgio Rodrigues (org.). Cartas brasileiras, 2017. Adaptado.)
1V. M.: Vossa Majestade.
Em 1977, o Regime Militar, por meio da Agência Nacional de
Comunicação, lançou uma propaganda que ensinava a população a fazer um cata-vento verde-amarelo e convocava-a a sair às
ruas com esses brinquedos para comemorar a Semana da Pátria.
Por meio de uma charge, o cartunista Henfil ironizou essa iniciativa do governo, sublinhando um outro problema enfrentado
pelo país nessa época.

(IstoÉ,19.10.1977. Adaptado.)
Considerando o contexto histórico no qual a charge se insere, é
correto afirmar que o cartunista chamava a atenção para

Eu acho que a anistia foi a solução, mas ela não foi completa. Quer dizer, não podiam ser anistiados aqueles que mataram torturando, porque esse é um crime inafiançável. Quem
mata calmamente, friamente, tem de sofrer um processo e tem de
sofrer também as consequências do seu ato. Isso nunca foi executado no Brasil como foi executado na Argentina com todos os
generais. O Brasil fez uma anistia pela metade, mas nós ficamos
contentes porque não houve derramamento de sangue.
(D. Paulo Evaristo Arns. Cult, março de 2004.)
Segundo a declaração de D. Paulo Evaristo Arns, Arcebispo de
São Paulo entre 1970 e 1998, a Lei da Anistia no Brasil, de 1979,
Eu acho que a anistia foi a solução, mas ela não foi completa. Quer dizer, não podiam ser anistiados aqueles que mataram torturando, porque esse é um crime inafiançável. Quem mata calmamente, friamente, tem de sofrer um processo e tem de sofrer também as consequências do seu ato. Isso nunca foi executado no Brasil como foi executado na Argentina com todos os generais. O Brasil fez uma anistia pela metade, mas nós ficamos contentes porque não houve derramamento de sangue.
(D. Paulo Evaristo Arns. Cult, março de 2004.)
Segundo a declaração de D. Paulo Evaristo Arns, Arcebispo de
São Paulo entre 1970 e 1998, a Lei da Anistia no Brasil, de 1979,
A vinda da Corte portuguesa para o Brasil, ocorrida em 1808 e
citada no texto, foi provocada, sobretudo,
Com a vinda da Corte, pela primeira vez, desde o início da colonização, configuravam-se nos trópicos portugueses preocupações próprias de uma colônia de povoamento e não apenas de exploração ou feitoria comercial, pois que no Rio teriam que viver e, para sobreviver, explorar “os enormes recursos naturais” e as potencialidades do Império nascente, tendo em vista o fomento do bem-estar da própria população local.
(Maria Odila Leite da Silva Dias.
A interiorização da metrópole e outros estudos, 2005.)
A alteração na relação entre o governo português e o Brasil,
mencionada no texto, pode ser notada, por exemplo
Com a vinda da Corte, pela primeira vez, desde o início da colonização, configuravam-se nos trópicos portugueses preocupações próprias de uma colônia de povoamento e não apenas de exploração ou feitoria comercial, pois que no Rio teriam que viver e, para sobreviver, explorar “os enormes recursos naturais” e as potencialidades do Império nascente, tendo em vista o fomento do bem-estar da própria população local.
(Maria Odila Leite da Silva Dias.
A interiorização da metrópole e outros estudos, 2005.)
A disputa pelo Acre, entre Brasil e Bolívia, na passagem do século XIX para o XX, envolveu
[...] até a década de 1870, apesar das pressões, os escravos
continuavam a ser a mão de obra fundamental para a lavoura
brasileira, sendo que nessa época todos os 643 municípios do
Império [...] ainda continham escravos.
(Lilia Moritz Schwarcz. Retrato em branco e negro, 1987.)
A redução da importância do trabalho escravo, ocorrida após
1870, deveu-se, entre outros fatores,
A construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu durante os anos
1970 e 1980
É particularmente no Oeste da província de São Paulo –
o Oeste de 1840, não o de 1940 – que os cafezais adquirem
seu caráter próprio, emancipando-se das formas de exploração agrária estereotipadas desde os tempos coloniais no modelo clássico da lavoura canavieira e do “engenho” de açúcar.
A silhueta antiga do senhor de engenho perde aqui alguns
dos seus traços característicos, desprendendo-se mais da
terra e da tradição – da rotina rural. A terra de lavoura deixa
então de ser o seu pequeno mundo para se tornar unicamente seu meio de vida, sua fonte de renda […].
(Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil, 1987.)
O “caráter próprio” das fazendas de café do Oeste paulista de
1840 pode ser explicado, em parte, pelo
O dia em que o capitão-mor Pedro Álvares Cabral levantou a cruz [...] era a 3 de maio, quando se celebra a invenção
da Santa Cruz em que Cristo Nosso Redentor morreu por
nós, e por esta causa pôs nome à terra que se encontrava
descoberta de Santa Cruz e por este nome foi conhecida muitos anos. Porém, como o demônio com o sinal da cruz perdeu
todo o domínio que tinha sobre os homens, receando perder
também o muito que tinha em os desta terra, trabalhou que
se esquecesse o primeiro nome e lhe ficasse o de Brasil, por
causa de um pau assim chamado de cor abrasada e vermelha com que tingem panos [...].
(Frei Vicente do Salvador, 1627. Apud Laura de Mello e Souza.
O Diabo e a Terra de Santa Cruz, 1986. Adaptado.)
O texto revela que
O Diabo e a Terra de Santa Cruz, 1986. Adaptado.)
A Proclamação da República, em 1889,
O Rio de Janeiro dos primeiros anos da República era a maior cidade do país, com mais de 500 mil habitantes. Capital política e administrativa, estava em condições de ser também, pelo menos em tese, o melhor terreno para o desenvolvimento da cidadania. Desde a independência e, particularmente, desde o início do Segundo Reinado, quando se deu a consolidação do governo central e da economia cafeeira na província adjacente, a cidade passou a ser o centro da vida política nacional. O comportamento político de sua população tinha reflexos imediatos no resto do país. A Proclamação da República é a melhor demonstração dessa afirmação.
(José Murilo de Carvalho. Os bestializados, 1987.)