Questão 921167a7-af
Prova:UNESP 2013
Disciplina:História
Assunto:História do Brasil, Brasil Monárquico – Segundo Reinado 1831- 1889

[...] até a década de 1870, apesar das pressões, os escravos continuavam a ser a mão de obra fundamental para a lavoura brasileira, sendo que nessa época todos os 643 municípios do Império [...] ainda continham escravos.


(Lilia Moritz Schwarcz. Retrato em branco e negro, 1987.)


A redução da importância do trabalho escravo, ocorrida após 1870, deveu-se, entre outros fatores,

A
ao aumento das fugas e rebeliões escravas e ao crescimento das correntes migratórias em direção ao Brasil.
B
ao desinteresse dos cafeicultores do Vale do Paraíba em manter escravos e à intensa propaganda abolicionista direcionada aos próprios escravos.
C
à firme oposição da Igreja Católica ao escravismo e ao temor de que se repetisse, no Brasil, uma revolução escrava como a que ocorrera em Cuba.
D
à pressão inglesa e francesa pelo fim do tráfico e à dificuldade de adaptação do escravo ao trabalho na lavoura do café.
E
à diminuição do preço do escravo no mercado interno e à atuação abolicionista da Guarda Nacional.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: redução da importância do trabalho escravo no Brasil após 1870. É fundamental entender causas sociais, econômicas e demográficas (resistência escrava, imigração europeia, leis abolicionistas) e diferenciar fatores estruturais de explicações errôneas.

Resumo teórico: Depois de meados do século XIX houve mudança gradual: o tráfico internacional foi combatido (Lei Eusébio de Queirós, 1850), cresceram as pressões internas e externas e houve aumento da migração europeia para o Brasil (décadas de 1870–1890), oferecendo mão de obra assalariada. Ao mesmo tempo intensificaram-se formas de resistência dos escravizados (fugas, quilombos, insubordinações), o que reduzia a disponibilidade e a eficiência do trabalho escravo.

Justificativa da alternativa A: A redução do uso do escravo após 1870 decorre, entre outros motivos, do aumento das fugas e rebeliões — evidência de resistência que fragilizou o sistema — e do crescimento da imigração europeia, que forneceu trabalhadores assalariados preferidos por muitos fazendeiros. Essas são causas combinadas, bem documentadas por historiadores como Lilia Schwarcz e Emília Viotti da Costa.

Análise das incorretas:

B) Incorreta: os cafeicultores do Vale do Paraíba não abandonaram massivamente escravos por "desinteresse"; ao contrário, muitos continuaram a usá-los. A propaganda abolicionista não foi dirigida prioritariamente aos próprios escravos com eficácia determinante.

C) Incorreta: a Igreja Católica não teve papel unânime e firme de oposição ao escravismo que explique a queda; temor de revolução ao estilo cubano não foi fator decisivo no Brasil.

D) Parcialmente verdadeira (pressão britânica pelo fim do tráfico existe), mas errada quanto à "dificuldade de adaptação do escravo ao trabalho na lavoura do café": escravos eram amplamente utilizados e adaptados; problema foi mais a oferta de alternativas (imigrantes) e resistência.

E) Incorreta: não houve diminuição generalizada do preço do escravo que explicasse abandono; e a Guarda Nacional não atuou como movimento abolicionista relevante.

Dica de prova: ao ver “após 1870” procure causas estruturais (leis, imigração, resistência) e desconfie de alternativas que proponham motivos pontuais ou contraditórios com o consenso historiográfico.

Principais referências: Lilia Moritz Schwarcz, Retrato em branco e negro; Emília Viotti da Costa, A imigração e a abolição; Leis: Eusébio de Queirós (1850), Ventre Livre (1871).

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