Questõessobre Filosofia e a Grécia Antiga
A filosofia surge na Grécia por volta do século VI a.C. Mudanças sociais, políticas e econômicas
favoreceram o seu surgimento. Dentre estas mudanças, pode-se mencionar:
Sócrates, já na antiguidade, lançava mão de um
conceito familiar aos tempos modernos, algo como
uma estética funcionalista, ao associar o belo ao útil
pois, para ele, sempre que um objeto cumpria sua
função era belo. Desta forma, o filósofo refletia, em
parte, o pensamento artístico grego.
Aristóteles associava o conceito de belo ao conceito
de bom, e, para ele, as artes tinham uma função
moral e social, ao reforçarem os laços da
comunidade. Por esse motivo, preferia a tragédia,
pois, nela, a imitação das ações humanas (boas ou
más) reproduziriam um efeito chamado de catarse,
ou seja, uma purificação dos sentimentos ruins a
partir da sua visualização na arte.
Platão rejeitou a ironia socrática por considerá-la
inadequada para a construção do discurso filosófico
na forma dos diálogos.
O domínio macedônico e a conquista da Grécia pelos
romanos, no período helenístico (séc. III e II a.C),
sofreram influência da politéia míxeis (regime misto)
de Aristóteles.
— Imagina o seguinte. Se um homem descesse de novo
para o seu antigo posto, não teria os olhos cheios de trevas, ao
regressar subitamente da luz do Sol? E se lhe fosse necessário
julgar daquelas sombras em competição com os que tinham
estado sempre prisioneiros acaso não causaria o riso, e não
diriam dele que por ter subido ao mundo superior, estragara a
vista, e que não valia a pena tentar a ascensão? E a quem tentasse soltá-los e conduzi-los até cima, se pudessem agarrá-lo e
matá-lo, não o matariam?
(Platão. A república, 1993. Adaptado.)
O texto, uma passagem da “Alegoria da Caverna”, pode estar
se referindo, implicitamente, ao julgamento e execução de
Sócrates na cidade de Atenas. A passagem descreve o retorno à caverna do homem que, liberto, conheceu a verdadeira
realidade. Esse homem representa, metaforicamente, o filósofo na pólis como um indivíduo
[...] será que pode existir alguém mais feliz do que o sábio,
que [...] nega o destino, apresentado por alguns como o senhor
de tudo, já que as coisas acontecem ou por necessidade, ou
por acaso, ou por vontade nossa; e que a necessidade é incoercível, o acaso, instável, enquanto nossa vontade é livre,
razão pela qual nos acompanham a censura e o louvor?
(Epicuro. Carta sobre a felicidade, 2002.)
A passagem da carta do filósofo Epicuro (341 a.C. - 270 a.C.),
endereçada a Meneceu, sintetiza a sua
[...] será que pode existir alguém mais feliz do que o sábio, que [...] nega o destino, apresentado por alguns como o senhor de tudo, já que as coisas acontecem ou por necessidade, ou por acaso, ou por vontade nossa; e que a necessidade é incoercível, o acaso, instável, enquanto nossa vontade é livre, razão pela qual nos acompanham a censura e o louvor?
(Epicuro. Carta sobre a felicidade, 2002.)
A passagem da carta do filósofo Epicuro (341 a.C. - 270 a.C.), endereçada a Meneceu, sintetiza a sua
Leia a seguinte passagem, que relaciona o
regramento democrático ao desenvolvimento de
uma prática social baseada na razão:
“A democracia representa exatamente a
possibilidade de se resolverem, através do
entendimento mútuo, e de leis iguais para todos, as
diferenças e divergências existentes em nome de
um interesse comum. As decisões serão tomadas
por consenso, o que acarreta persuadir, convencer,
justificar, explicar. Anteriormente, havia a
imposição, a violência, a obediência. A linguagem, o
diálogo e a discussão rompem com a violência na
medida em que todos os falantes têm, no diálogo,
os mesmos direitos (isegoria): interrogar,
questionar, contra-argumentar. A razão se sobrepõe
à força”.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da Filosofia:
dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar
Ed.1998. Adaptado.
Considerando a passagem acima, analise as
seguintes afirmações:
I. O surgimento de todas as formas de
manifestação cultural, entre elas a filosofia, a
arte e a narrativa histórica deve ser
entendido a partir do contexto social e
histórico no qual determinada sociedade está
imersa.
II. O alvorecer da filosofia, no mundo antigo,
teve como motivação o desenvolvimento de
uma vida social democrática, mais voltada à
harmonia e conciliação de interesses
diversos, o que requeria o uso do argumento
racional.
III O processo democrático na Grécia antiga
inaugurou a obediência ao poder de todos e
para todos e isso se refletiu no surgimento
de um pensamento racional que, embora fosse inovador, continuava prisioneiro de
uma visão autoritária de sociedade.
É correto o que se afirma em
Leia atentamente os trechos a seguir, que são
fragmentos das análises de Platão e Aristóteles
sobre os sistemas de governo – suas opiniões sobre
a democracia:
“A democracia se divide em várias espécies.
Nas cidades que se tornaram maiores ela exibe a
igualdade absoluta, a lei coloca os pobres no mesmo
nível que os ricos e pretende que uns não tenham
mais direitos do que os outros. O Estado cai no
domínio da multidão indigente. Tal gentalha
desconhece que a lei governa, mas onde as leis não
têm força pululam os demagogos”.
ARISTÓTELES. A política. Trad. Roberto L. F. São Paulo:
Martins Fontes, 1998. Adaptado.
“A passagem da democracia para a tirania não
se fará da mesma forma que a da oligarquia para a
democracia? Do desejo insaciável de riquezas? De
tão-somente ganhar dinheiro, proveio a ruína da
oligarquia. E o que destruiu a democracia, não foi a
avidez do bem que ela a si mesma propusera? Qual
foi o bem a que ela se propôs? — A liberdade. Da
extrema liberdade nasce a mais completa e
selvagem servidão”.
PLATÃO: as grandes obras. A república. Livro VIII.
Tradução Carlos A. Nunes, Maria L. Souza, A. M. Santos.
Edição do Kindle, 2019. Adaptado.
Considerando o trecho acima, e o pensamento
político dos dois filósofos da antiguidade, atente
para o que se diz a seguir e assinale com V o que
for verdadeiro e com F o que for falso.
( ) Para Platão, a melhor forma de governança
era a aristocracia, na qual os melhores,
por serem mais sábios, deveriam
governar; entretanto, esta poderia se
corromper e tornar-se uma timocracia.
( ) Aristóteles considerava a monarquia a pior
das formas de governo. O governo de um
só seria errado por corromper a natureza
política dos indivíduos, um desvio para o
governante.
( ) Diferente de Platão, Aristóteles entendia
que a democracia era a melhor forma de
governo, desde que não se corrompesse e
se transformasse em uma demagogia.
( ) Tanto Platão como Aristóteles buscaram
estabelecer, cada um a seu modo, os
parâmetros de um bom e justo governo.
Nenhum deles, entretanto, tinha
admiração pela democracia, sobretudo em
seu formato puro.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
A filosofia helenística é profundamente
marcada por uma preocupação central com a ética,
entendida em um sentido prático, como o
estabelecimento de regras do bem viver, da ‘arte de
viver’. É ilustrativo disso o famoso Manual de
Epicteto, filósofo estoico do período romano.Considere as seguintes afirmações sobre a doutrina
ética das principais correntes de pensamento
helenísticas:
I. Para se ter uma conduta ética que assegure
a felicidade, o estoicismo propõe o agir de
acordo com os princípios da natureza, em
equilíbrio com o cosmo e em busca da
tranquilidade – ataraxia.II. Agir eticamente, segundo o epicurismo,
significa dar vazão aos desejos naturais de
forma intensa e total. A vida ética requer o
exercício pleno da paixão que não se opõe à
razão, mas a complementa.
III. A ética estoica influenciou fortemente a ética
cristã em virtude de seu caráter
determinista e por sua valorização do
autocontrole e da submissão.
É correto o que se afirma em
O seguinte excerto encerra o mito da caverna,
de Platão:
“E agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar
exatamente essa alegoria ao que dissemos
anteriormente. Devemos assimilar o mundo que
apreendemos pela vista à estada na prisão, a luz do
fogo que ilumina a caverna à ação do Sol. Quanto à
subida e à contemplação do que há no alto,
considera que se trata da ascensão da alma até o
lugar inteligível, e não te enganarás sobre minha
esperança, já que desejas conhecê-la. Deus sabe se
há alguma possibilidade de que ela seja fundada
sobre a verdade. Em todo o caso, eis o que me
aparece tal como me aparece; nos últimos limites do
mundo inteligível aparece-me a ideia do Bem, que
se percebe com dificuldade, mas que não se pode
ver sem concluir que ela é a causa de tudo o que há
de reto e de belo”
PLATÃO. A República (514a-517c):
Disponível em:
http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/203.pdf
Considerando o pensamento platônico, assinale com
V o que for verdadeiro e com F o que for falso.
( ) As virtudes humanas podem ser
adquiridas facilmente por todos os
indivíduos, cabendo aos filósofos a missão
político-pedagógica de ensinar-lhes o
caminho, através da dialética socrática.
( ) Para Platão, a virtude resulta do trabalho
reflexivo da razão: o bem é, portanto,
atingido pelo esforço do conhecimento,
pela busca da sabedoria.
( ) Seguindo a tradição sofista, Platão
propunha que o verdadeiro é tudo que
pode ser provado e defendido pelo esforço
da razão, afastando-se do domínio da
mera opinião – doxa.
( ) No pensamento platônico, o processo de
descobrimento da verdade é representado
por um movimento de libertação de um
mundo de realidades parciais e ilusórias.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
O seguinte excerto encerra o mito da caverna, de Platão:
“E agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar exatamente essa alegoria ao que dissemos anteriormente. Devemos assimilar o mundo que apreendemos pela vista à estada na prisão, a luz do fogo que ilumina a caverna à ação do Sol. Quanto à subida e à contemplação do que há no alto, considera que se trata da ascensão da alma até o lugar inteligível, e não te enganarás sobre minha esperança, já que desejas conhecê-la. Deus sabe se há alguma possibilidade de que ela seja fundada sobre a verdade. Em todo o caso, eis o que me aparece tal como me aparece; nos últimos limites do mundo inteligível aparece-me a ideia do Bem, que se percebe com dificuldade, mas que não se pode ver sem concluir que ela é a causa de tudo o que há de reto e de belo”
PLATÃO. A República (514a-517c): Disponível em: http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/203.pdf
Considerando o pensamento platônico, assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.
( ) As virtudes humanas podem ser adquiridas facilmente por todos os indivíduos, cabendo aos filósofos a missão político-pedagógica de ensinar-lhes o caminho, através da dialética socrática.
( ) Para Platão, a virtude resulta do trabalho reflexivo da razão: o bem é, portanto, atingido pelo esforço do conhecimento, pela busca da sabedoria.
( ) Seguindo a tradição sofista, Platão propunha que o verdadeiro é tudo que pode ser provado e defendido pelo esforço da razão, afastando-se do domínio da mera opinião – doxa.
( ) No pensamento platônico, o processo de descobrimento da verdade é representado por um movimento de libertação de um mundo de realidades parciais e ilusórias.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
Antes do surgimento do pensar raciona-lfilosófico, os povos antigos possuíam outra forma de
explicação do mundo: o pensamento mítico.Considerando as características do
conhecimento mítico, atente para o que se afirma a
seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com
F o que for falso.( ) A mitologia foi a segunda forma de
explicação sobre o mundo, sucedendo as
explicações fornecidas pelas ciências dos
antigos povos, como a agrimensura e a
astrologia. ( ) Os mitos eram transmitidos por gerações,
principalmente através da forma narrativa
e faziam parte da tradição cultural de um
povo, não sendo originários da criação por
parte de um indivíduo específico.
( ) A mitologia explicava a origem do mundo
e dependia da adesão, pelas pessoas, de
um conjunto de verdades tidas como
inquestionáveis e imunes à crítica.
( ) Baseado, principalmente, nas forças da
natureza – physis –, as mitologias antigas,
ao contrário das religiões que as
sucederam, evitavam o recurso às forças
sobrenaturais como fonte de explicação da
existência.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
Segundo Aristóteles, as ciências dividem-se em teoréticas, práticas e produtivas. O propósito imediato
de cada uma delas é o conhecimento, contudo, se diferem em seus propósitos últimos.
Sobre Aristóteles e a classificação das ciências, assinale a alternativa correta.
Leia os dois trechos a seguir.
“(...) a imaginação é algo diverso tanto da percepção sensível quanto do raciocínio (...) imaginação será o movimento que ocorre pela atividade da percepção sensível. (...) E porque [as
imagens produzidas passivamente a partir da percepção sensível] perduram e são semelhantes às percepções sensíveis, os animais fazem muitas coisas com elas: (...) como os homens,
por terem o intelecto algumas vezes obscurecido pela doença ou pelo sono.”
ARISTÓTELES, De Anima. Trad.: Maria Cecília Gomes dos Reis. São Paulo: Editora 34, 2006.
“(...) em geral, a palavra imagem está cheia de confusão na obra dos psicólogos: veem-se
imagens, reproduzem-se imagens, guardam-se imagens na memória. A imagem é tudo, exceto um produto direto da imaginação. Na obra de Bergson Matéria e Memória, em que a
noção de imagem tem uma grande extensão, uma única referência (p. 198) é dedicada à imaginação produtora. Essa produção fica sendo então uma atividade de liberdade menor, que
quase não tem relação com os grandes atos livres, trazidos à luz pela filosofia bergsoniana.
(...) Propomos, ao contrário, que se considere a imaginação como um poder maior da natureza humana. Certamente não adianta nada dizer que a imaginação é a faculdade de produzir
imagens. Mas essa tautologia tem ao menos o interesse de deter as assimilações das imagens
às lembranças.”
BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Trad.: A.C. Leal; Lídia Leal. Coleção Os Pensadores.
São Paulo: Abril Cultural, 1984.
Segundo os trechos de Aristóteles e de Bachelard, acima, é CORRETO dizer que:
“Então, considera o que segue (...). O que me parece é que, se existe algo belo além do
Belo em si, só poderá ser belo por participar desse Belo em si. O mesmo admito de tudo
mais. Admites essa espécie de causa?”
PLATÃO, Fédon, 100 c. Belém: Ed. UFPA, 2011.
Sobre o excerto acima, considere as seguintes afirmações:
I. A hipótese platônica das Ideias (ou hipótese das Formas) compreende a Ideia como causa
do ser das coisas.
II. “Participação” é o modo pelo qual a Ideia dá causa às coisas.
III. O Belo corresponde à Forma; a coisa bela é a Ideia.IV. A teoria ou hipótese das Ideias distingue entre entidades supratemporais que são em si
mesmas, frente a entidades que não são por si mesmas e estão submetidas ao devir. As
primeiras são causa do ser das últimas.
Sobre as afirmações acima, assiale a alternativa CORRETA.
Para muitos autores, a filosofia possui data e local de nascimento, final do século VII a.C., nas colônias gregas
da Ásia Menor. Ela também nasce com um conteúdo específico, sendo uma cosmologia. Entretanto, surge o
problema de saber se a filosofia é uma criação própria do povo grego ou depende das contribuições da
sabedoria oriental. Em relação a tal problema, surgem algumas posições:
Platão é considerado um filósofo fundamental para a filosofia ocidental. Ele propôs a chamada teoria das ideias
para explicar a realidade das coisas. Nesse sentido, a teoria das ideias afirma:
“O homem feliz deverá possuir o atributo em questão (isto é, constância na prática de atividades conforme a excelência) e será feliz por toda a sua vida, pois ele estará sempre, ou pelo menos frequentemente, engajado na prática ou na contemplação do que é conforme a excelência. Da mesma forma ele suportará as vicissitudes com maior galhardia e dignidade, sendo como é, ‘verdadeiramente bom e irrepreensivelmente tetragonal (honesto)’.”ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 132. (Adaptado)
Considerando-se o excerto acima, diz-se que, para Aristóteles, a felicidade é
Considerando-se o excerto acima, diz-se que, para Aristóteles, a felicidade é
Sócrates buscou verdades absolutas, enquanto os sofistas, por sua vez, afirmaram que a verdade era construída pela linguagem, logo, para eles, todo conhecimento era relativo. “Embora em sua época tenha sido confundido com os sofistas, Sócrates travou uma polêmica profunda com estes filósofos. Ele procurava um fundamento último para as interrogações humanas (O que é o bem? O que é a virtude? O que é a justiça?)”.COTRIM, Gilberto e FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 284
Com base nas considerações e no excerto acima, diz-se que Sócrates buscava
principalmente
Com base nas considerações e no excerto acima, diz-se que Sócrates buscava principalmente