Questão 99babd6a-b9
Prova:UECE 2019
Disciplina:Filosofia
Assunto:Mito e Filosofia, Filosofia e a Grécia Antiga

Antes do surgimento do pensar raciona-lfilosófico, os povos antigos possuíam outra forma de explicação do mundo: o pensamento mítico.
Considerando as características do conhecimento mítico, atente para o que se afirma a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.
( ) A mitologia foi a segunda forma de explicação sobre o mundo, sucedendo as explicações fornecidas pelas ciências dos antigos povos, como a agrimensura e a astrologia.
( ) Os mitos eram transmitidos por gerações, principalmente através da forma narrativa e faziam parte da tradição cultural de um povo, não sendo originários da criação por parte de um indivíduo específico.
( ) A mitologia explicava a origem do mundo e dependia da adesão, pelas pessoas, de um conjunto de verdades tidas como inquestionáveis e imunes à crítica.
( ) Baseado, principalmente, nas forças da natureza – physis –, as mitologias antigas, ao contrário das religiões que as sucederam, evitavam o recurso às forças sobrenaturais como fonte de explicação da existência.

A sequência correta, de cima para baixo, é:

A
F, V, V, F.
B
V, F, V, F.
C
F, V, F, V.
D
V, F, F, V.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: A — F, V, V, F

Tema central: compreensão do mito como modo de saber nas sociedades antigas — suas características principais (narratividade e tradição, autoridade simbólica, relação com o sobrenatural) e como se distingue do saber científico ou religioso posterior.

Resumo teórico (essencial): o pensamento mítico é narrativo e tradicional: transmite explicações cosmológicas e normativas por meio de histórias sacralizadas, aceitas como verdade pela comunidade. Não nasce tipicamente de um autor individual e não funciona segundo método crítico-racional como a filosofia. Os mitos recorrem frequentemente ao sobrenatural (deuses, poderes) para explicar a origem e sentido do mundo (cf. Mircea Eliade, O Sagrado e o Profano; Walter Burkert, Greek Religion).

Justificativa da sequência F, V, V, F (por afirmação):

1ª — Falso. A mitologia não é “segunda” em relação a ciências práticas antigas: ela é uma forma primária e simultânea de explicação. Mitos antecedem ou coexistem com técnicas como agrimensura e astrologia; não são derivadas delas.

2ª — Verdadeiro. Mitos circulavam oralmente e por tradição coletiva, transmitidos em narrativas e rituais, raramente atribuídos a um único criador; são patrimônio cultural.

3ª — Verdadeiro. Mitos explicam origens e estabelecem verdades normativas que, na tradição, são tomadas como incontestáveis — não submetidas ao exame crítico racional típico da filosofia.

4ª — Falso. Ao contrário do enunciado, mitologias recorrem ao sobrenatural (deuses, forças pessoais) para explicar a existência; não se limitam a uma explicação “naturalista” baseada só em physis.

Análise das alternativas incorretas (por que B, C e D estão erradas):

- B (V, F, V, F): erra na 1ª (marca como V uma proposição que nega a primazia do mito) e na 2ª (inverte a natureza tradicional/oral do mito).

- C (F, V, F, V): erra na 3ª (marca como F a característica da autoridade mítica) e na 4ª (marca como V uma ideia de que mitologias evitavam o sobrenatural).

- D (V, F, F, V): erra na 1ª e confunde a 3ª e 4ª, atribuindo qualidade naturalista e não autoritária ao mito.

Dica de prova: identifique palavras-chave nas afirmações (ex.: “sucedendo”, “individual”, “inquestionáveis”, “evitavam o sobrenatural”) e conecte-as às características conhecidas do mito: tradição, narratividade, sacralidade e presença de deuses. Elimine rapidamente alternativas que contrariem essas características básicas.

Fontes recomendadas: Mircea Eliade — O Sagrado e o Profano; Walter Burkert — Greek Religion.

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