Platão rejeitou a ironia socrática por considerá-la
inadequada para a construção do discurso filosófico
na forma dos diálogos.
A ironia consiste em se dizer o contrário do que se quer
dar a entender. Nela, o dito exprime o não dito, utilizando
a sátira para criticar ideias e comportamentos. Como
forma de expressão crítica, a ironia pode ser encontrada
na filosofia, na literatura e na linguagem em geral.
Assinale o que for correto.
Gabarito comentado
Alternativa correta: E — Errado
Tema central: Socratic irony e o papel de Platão na transmissão e transformação do método socrático. É preciso distinguir a prática dramática e metodológica de Sócrates (feição de ignorância, perguntas para expor contradições) do julgamento histórico sobre como Platão a preservou ou alterou.
Resumo teórico: ironía socrática = artifício em que Sócrates finge ignorância para levar interlocutores a esclarecerem e, por meio do exame crítico (elenchus), revelar contradições. Platão registra esse método em diálogos como Apology, Euthyphro e Meno, usando a ironia como recurso dramático e filosófico. Embora Platão desenvolva e, em diálogos posteriores, complemente o método com doutrinas próprias, não há rejeição simples da ironia por parte dele (ver textos platônicos e estudos como G. Vlastos, "Socratic Studies"; entradas da Stanford Encyclopedia of Philosophy sobre Sócrates/Platão).
Justificativa do gabarito (por que a assertiva é errada): A frase afirmava que "Platão rejeitou a ironia socrática por considerá-la inadequada". Isso é falso. Platão conserva a ironia socrática nos diálogos, empregando-a como técnica de investigação e como recurso literário. Em obras como Apology e Meno a ironia é claramente utilizada. É correto dizer que Platão reinterpretou e sistematizou o método em suas próprias reflexões — e que, em diálogos médios e tardios, há menos ênfase na ironia pura e mais em construção filosófica positiva — mas essa transformação não equivale a uma rejeição simples da ironia.
Análise da alternativa incorreta (C — "certo"): Marca-a como incorreta porque interpreta a postura de Platão de modo absoluto. A historiografia mostra continuidade: Platão preserva, dramatiza e por vezes problematiza a ironia socrática; portanto, não a rejeita de modo categórico.
Fontes recomendadas: Platão — Apology, Meno, Euthyphro; Stanford Encyclopedia of Philosophy (entradas "Socrates" e "Plato"); G. Vlastos, "Socratic Studies".
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