Questão 7984e7d4-c4
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Leia os dois trechos a seguir.
“(...) a imaginação é algo diverso tanto da percepção sensível quanto do raciocínio (...) imaginação será o movimento que ocorre pela atividade da percepção sensível. (...) E porque [as
imagens produzidas passivamente a partir da percepção sensível] perduram e são semelhantes às percepções sensíveis, os animais fazem muitas coisas com elas: (...) como os homens,
por terem o intelecto algumas vezes obscurecido pela doença ou pelo sono.”
ARISTÓTELES, De Anima. Trad.: Maria Cecília Gomes dos Reis. São Paulo: Editora 34, 2006.
“(...) em geral, a palavra imagem está cheia de confusão na obra dos psicólogos: veem-se
imagens, reproduzem-se imagens, guardam-se imagens na memória. A imagem é tudo, exceto um produto direto da imaginação. Na obra de Bergson Matéria e Memória, em que a
noção de imagem tem uma grande extensão, uma única referência (p. 198) é dedicada à imaginação produtora. Essa produção fica sendo então uma atividade de liberdade menor, que
quase não tem relação com os grandes atos livres, trazidos à luz pela filosofia bergsoniana.
(...) Propomos, ao contrário, que se considere a imaginação como um poder maior da natureza humana. Certamente não adianta nada dizer que a imaginação é a faculdade de produzir
imagens. Mas essa tautologia tem ao menos o interesse de deter as assimilações das imagens
às lembranças.”
BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Trad.: A.C. Leal; Lídia Leal. Coleção Os Pensadores.
São Paulo: Abril Cultural, 1984.
Segundo os trechos de Aristóteles e de Bachelard, acima, é CORRETO dizer que:
Leia os dois trechos a seguir.
“(...) a imaginação é algo diverso tanto da percepção sensível quanto do raciocínio (...) imaginação será o movimento que ocorre pela atividade da percepção sensível. (...) E porque [as
imagens produzidas passivamente a partir da percepção sensível] perduram e são semelhantes às percepções sensíveis, os animais fazem muitas coisas com elas: (...) como os homens,
por terem o intelecto algumas vezes obscurecido pela doença ou pelo sono.”
ARISTÓTELES, De Anima. Trad.: Maria Cecília Gomes dos Reis. São Paulo: Editora 34, 2006.
“(...) em geral, a palavra imagem está cheia de confusão na obra dos psicólogos: veem-se
imagens, reproduzem-se imagens, guardam-se imagens na memória. A imagem é tudo, exceto um produto direto da imaginação. Na obra de Bergson Matéria e Memória, em que a
noção de imagem tem uma grande extensão, uma única referência (p. 198) é dedicada à imaginação produtora. Essa produção fica sendo então uma atividade de liberdade menor, que
quase não tem relação com os grandes atos livres, trazidos à luz pela filosofia bergsoniana.
(...) Propomos, ao contrário, que se considere a imaginação como um poder maior da natureza humana. Certamente não adianta nada dizer que a imaginação é a faculdade de produzir
imagens. Mas essa tautologia tem ao menos o interesse de deter as assimilações das imagens
às lembranças.”
BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Trad.: A.C. Leal; Lídia Leal. Coleção Os Pensadores.
São Paulo: Abril Cultural, 1984.
Segundo os trechos de Aristóteles e de Bachelard, acima, é CORRETO dizer que:
A
Aristóteles e Bachelard coincidem na avaliação da imaginação passiva e na avaliação da
imaginação produtiva.
B
Aristóteles afirma que os seres humanos se valem da imaginação somente quando privados da intelecção. Essa mesma tese é partilhada, mais de dois mil anos depois, por Bachelard, que critica a subordinação da imaginação à memória, como era frequente para a
psicologia de sua época e observado mesmo em Bergson.
C
em Aristóteles, a imaginação é uma mudança provocada pela percepção sensível de algo,
mas essa mudança não é ainda o raciocínio. Somente aquele que dorme ou está doente
recorre à imaginação para compreender a realidade. Gaston Bachelard, contrariamente,
advoga uma imaginação produtiva, de poder tão grande quanto a memória ou quanto a
razão na natureza humana.
D
no passado clássico grego, a imaginação era objeto de defesa dos filósofos, pois as divindades eram todas imaginárias; por isso Aristóteles, para denunciar esse traço, estuda a
imaginação ao lado da percepção (dependendo dela) e do raciocínio (menor que ele). A
razão, assim, supera o mito. Já o pensador francês contemporâneo Gaston Bachelard põe
a imaginação produtiva acima de todas as faculdades humanas e, com isso, abre as portas
a um novo misticismo religioso.
E
as teses de Aristóteles e de Bachelard divergem quanto à imaginação passiva, dependente
da percepção e subordinada à razão, mas convergem quanto à imaginação produtiva,
autônoma em relação à percepção sensível.