Questõesde UNICAMP 2021 sobre Português
A Equipe AzMina fez um experimento buscando no Google
“frases para o Dia das Mães”. E o resultado foi um festival
de frases que romantizam a maternidade. Ativaram, então,
“sua caneta desromantizadora” para “corrigir” essas frases
que estamos tão acostumados a ouvir, e muitas vezes
reproduzir.

(Adaptado de Equipe AzMina, Caneta desromantizadora de mensagens de dia
das mães. Disponível em https://azmina.com.br/reportagens/caneta-desroman
tizadora-de-mensagens-de-dia-das-maes/. Acessado em 09/05/2020.)
As frases são “desromantizadas” porque a Equipe AzMina
reconhece

Entre todas as palavras do momento, a mais flamejante
talvez seja desigualdade. E nem é uma boa palavra,
incomoda. Começa com des. Des de desalento, des de
desespero, des de desesperança. Des, definitivamente,
não é um bom prefixo.
Desigualdade. A palavra do ano, talvez da década, não
importa em que dicionário. Doravante ouviremos falar
muito nela.
De-si-gual-da-de. Há quem não veja nem soletre, mas está
escrita no destino de todos os busões da cidade, sentido
centro/subúrbio, na linha reta de um trem. Solano Trindade,
no sinal fechado, fez seu primeiro rap, “tem gente com
fome, tem gente com fome, tem gente com fome”, somente
com esses substantivos. Você ainda não conhece o
Solano? Corra, dá tempo. Dá tempo para você entender
que vivemos essa desigualdade. Pegue um busão da
Avenida Paulista para a Cidade Tiradentes, passe o valetransporte na catraca e simbora – mais de 30 quilômetros.
O patrão jardinesco vive 23 anos a mais, em média, do que
um humaníssimo habitante da Cidade Tiradentes, por
todas as razões sociais que a gente bem conhece.
Evitei as estatísticas nessa crônica. Podia matar de
desesperança os leitores, os números rendem manchete,
mas carecem de rostos humanos. Pega a visão, imprensa,
só há uma possibilidade de fazer a grande cobertura: mire-se na desigualdade, talvez não haja mais jeito de achar
que os pontos da bolsa de valores signifiquem a ideia de
fazer um país.
(Adaptado de Xico Sá, A vidinha sururu da desigualdade brasileira. Em El País,
28/10/2019. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/28/opinion/
1572287747_637859.html?fbclid=IwAR1VPA7qDYs1Q0Ilcdy6UGAJTwBO_snM
DUAw4yZpZ3zyA1ExQx_XB9Kq2qU. Acessado em 25/05/2020.)
A crônica instiga o leitor a ficar atento à desigualdade na
cidade de São Paulo.
Assinale a alternativa que identifica
corretamente os recursos expressivos (estilísticos e
literários) de que se vale o autor.
Entre todas as palavras do momento, a mais flamejante
talvez seja desigualdade. E nem é uma boa palavra,
incomoda. Começa com des. Des de desalento, des de
desespero, des de desesperança. Des, definitivamente,
não é um bom prefixo.Desigualdade. A palavra do ano, talvez da década, não
importa em que dicionário. Doravante ouviremos falar
muito nela. De-si-gual-da-de. Há quem não veja nem soletre, mas está
escrita no destino de todos os busões da cidade, sentido
centro/subúrbio, na linha reta de um trem. Solano Trindade,
no sinal fechado, fez seu primeiro rap, “tem gente com
fome, tem gente com fome, tem gente com fome”, somente
com esses substantivos. Você ainda não conhece o
Solano? Corra, dá tempo. Dá tempo para você entender
que vivemos essa desigualdade. Pegue um busão da
Avenida Paulista para a Cidade Tiradentes, passe o valetransporte na catraca e simbora – mais de 30 quilômetros.
O patrão jardinesco vive 23 anos a mais, em média, do que
um humaníssimo habitante da Cidade Tiradentes, por
todas as razões sociais que a gente bem conhece. Evitei as estatísticas nessa crônica. Podia matar de
desesperança os leitores, os números rendem manchete,
mas carecem de rostos humanos. Pega a visão, imprensa,
só há uma possibilidade de fazer a grande cobertura: mirese na desigualdade, talvez não haja mais jeito de achar
que os pontos da bolsa de valores signifiquem a ideia de
fazer um país.
(Adaptado de Xico Sá, A vidinha sururu da desigualdade brasileira. Em El País,
28/10/2019. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/28/opinion/1572287747_637859.html?fbclid=IwAR1VPA7qDYs1Q0Ilcdy6UGAJTwBO_snM
DUAw4yZpZ3zyA1ExQx_XB9Kq2qU. Acessado em 25/05/2020.)
Assinale a alternativa que identifica corretamente recursos
linguísticos explorados pelo autor nessa crônica.
“Se Cabral tivesse uma vaga noção d’ACAPA de hoje,
véspera do 22 de abril de 2020, provavelmente teria
desviado o curso de suas caravelas rumo a outras terras.”

(ACAPA. Disponível em https://www.facebook.com/acapabr/. Acessado em 30/
04/2020.)
ACAPA é um perfil de Facebook, que publica capas
possíveis de revista. O efeito humorístico na leitura dessa
edição de ACAPA decorre mais precisamente do uso

“Repartimos a vida em idades, em anos, em meses, em
dias, em horas, mas todas estas partes são tão duvidosas,
e tão incertas, que não há idade tão florente, nem saúde
tão robusta, nem vida tão bem regrada, que tenha um só
momento seguro.”
(Antonio Vieira, “Sermão de Quarta-feira de Cinza – ano de 1673”, em A arte de
morrer. São Paulo: Nova Alexandria, 1994, p. 79.)
Nesta passagem de um sermão proferido em 1673,
Antônio Vieira retomou os argumentos da pregação que
fizera no ano anterior e acrescentou novas características à morte. Para comover os ouvintes, recorreu ao uso de
anáforas.
Assinale a alternativa que corresponde ao efeito produzido
pelas repetições no sermão.
De acordo com Heloísa Starling, “Sertão é uma palavra
carregada de ambiguidade. Sertão pode indicar a formação
de um espaço interno, a fronteira aberta, ou um pedaço da
geografia brasileira onde a terra se torna mais árida, o
clima é seco, a vegetação escassa. Mas a palavra é
igualmente utilizada para apontar uma realidade política: a
inexistência de limites, o território do vazio, a ausência de
leis, a precariedade dos direitos. Sertão é, paradoxalmente,
o potencial de liberdade e o risco da barbárie – além de ser
também uma paisagem fadada a desaparecer.
(Adaptado de Heloisa Murgel Starling, A palavra “sertão” e uma história pouco
edificante sobre o Brasil. Disponível em https://www.suplementopernambuco.
com.br/artigos/2243-a-palavra-sert%C3%A3o-e-uma-hist%C3%B3ria-pouco-edifi
cante-sobre-o-brasil.html. Acessado em 06/08/2020.)
Assinale o excerto que corresponde à ideia de sertão
desenvolvida pela autora.
Esses artifícios de montagem, mixagem e scratching dão
ao rap uma variedade de formas de apropriação que
parecem tão volúveis e imaginativas quanto as das artes
maiores – como, digamos, as exemplificadas na “Mona
Lisa de bigode” de Duchamp e nas múltiplas reduplicações
de imagens comerciais pré-fabricadas de Andy Warhol. O
rap também apresenta uma variedade de conteúdos. Não
apenas utiliza trechos de canções populares, como
também absorve ecleticamente elementos da música
clássica, de apresentações de TV, de jingles de
publicidade e da música eletrônica de videogames. Ele se
apropria até mesmo de conteúdos não musicais, como
reportagens de jornais na TV e fragmentos de discursos de
Malcom X e Martin Luther King.
(Richard Shusterman, Vivendo a arte. São Paulo: Editora 34, 1998, p.149.)
(Marcel Duchamp, “Mona Lisa de Bigode”, 1919.)
A emergência e a consolidação do rap como linguagem
artística foram cercadas de polêmicas de natureza ética,
política e cultural. Com base no excerto acima e no quadro
de Marcel Duchamp, assinale a alternativa correta.

Certas imagens literárias podem tornar-se nucleares para
uma cultura. Assim, por exemplo, a figura do marinheiro
em Portugal. Ela adquire significados diferentes em
períodos históricos distintos, mas conserva um elemento
permanente. A semelhança entre a imagem do marinheiro
em Camões e em Fernando Pessoa reside
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía*.
(Luís Vaz de Camões)
*soía: terceira pessoa do pretérito imperfeito do indicativo
do verbo “soer” (costumar, ser de costume).
(Luís de Camões, 20 sonetos. Campinas: Editora da Unicamp, p.91.)
Indique a afirmação que se aplica ao soneto escrito por
Camões.
No conto “O espelho”, de Machado de Assis, uma
personagem assume a palavra e narra uma história.
Assinale a alternativa que explicita sua interlocução com os
cavalheiros presentes.
“Era Noca, que vinha toda alterada.
─ Nossa Senhora! Quebrou-se o espelho grande do salão!
─ Quem foi que o quebrou? Perguntou Nina, para dizer alguma coisa.
─ Ninguém sabe. Veja só, que desgraça estará para acontecer! Espelho quebrado: morte ou ruína.
─ Morte! Se fosse a minha...”
(Júlia Lopes de Almeida, A Falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p.
257.)
O diálogo apresenta a reação das personagens femininas
ao incidente doméstico com o objeto de decoração no
palacete de Botafogo. Assinale a alternativa que justifica a
fala final de Nina.
TEXTO 1
antipoema
é preciso rasurar o cânone
distorcer as regras
as rimas
as métricas
o padrão
a norma que prende a língua
os milionários que se beneficiam do nosso silêncio
do medo de se dizer poeta,
só assim será livre a palavra.
(Ma Njanu é idealizadora do “Clube de Leitoras” na periferia de Fortaleza e da
“Pretarau, Sarau das Pretas”, coletivo de artistas negras. Disponível em
http://recantodasletras.com.br/poesias/6903974. Acessado em 20/05/2020.)
TEXTO 2
“O povo não é estúpido quando diz ‘vou na escola’, ‘me
deixe’, ‘carneirada’, ‘mapear’, ‘farra’, ‘vagão’, ‘futebol’. É
antes inteligentíssimo nessa aparente ignorância porque,
sofrendo as influências da terra, do clima, das ligações e
contatos com outras raças, das necessidades do momento
e de adaptação, e da pronúncia, do caráter, da psicologia
racial, modifica aos poucos uma língua que já não lhe
serve de expressão porque não expressa ou sofre essas
influências e a transformará afinal numa outra língua que
se adapta a essas influências.”
(Carta de Mário a Drummond, 18 de fevereiro de 1925, em Lélia Coelho Frota,
Carlos e Mário: correspondência completa entre Carlos Drummond de Andrade
e Mário de Andrade. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2002, p. 101.)
Apesar de passados quase 100 anos, a carta de Mário de
Andrade ecoa no poema de Ma Njanu. Ambos os textos
manifestam
TEXTO 1
antipoema
é preciso rasurar o cânone
distorcer as regras
as rimas as métricas
o padrão
a norma que prende a língua
os milionários que se beneficiam do nosso silêncio
do medo de se dizer poeta,
só assim será livre a palavra.
(Ma Njanu é idealizadora do “Clube de Leitoras” na periferia de Fortaleza e da “Pretarau, Sarau das Pretas”, coletivo de artistas negras. Disponível em http://recantodasletras.com.br/poesias/6903974. Acessado em 20/05/2020.)
TEXTO 2
“O povo não é estúpido quando diz ‘vou na escola’, ‘me deixe’, ‘carneirada’, ‘mapear’, ‘farra’, ‘vagão’, ‘futebol’. É antes inteligentíssimo nessa aparente ignorância porque, sofrendo as influências da terra, do clima, das ligações e contatos com outras raças, das necessidades do momento e de adaptação, e da pronúncia, do caráter, da psicologia racial, modifica aos poucos uma língua que já não lhe serve de expressão porque não expressa ou sofre essas influências e a transformará afinal numa outra língua que se adapta a essas influências.”
(Carta de Mário a Drummond, 18 de fevereiro de 1925, em Lélia Coelho Frota, Carlos e Mário: correspondência completa entre Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2002, p. 101.)
Apesar de passados quase 100 anos, a carta de Mário de
Andrade ecoa no poema de Ma Njanu. Ambos os textos
manifestam
Dizer que Caetano falou "X” porque "é um leonino vaidoso"
quer dizer que: a) todo leonino é vaidoso (se leonino,
vaidoso), ou b) que ele pertence a um subconjunto de
leoninos, os vaidosos? (o que dá, no primeiro caso,
"leonino, que é vaidoso" e no segundo, "leonino que é
vaidoso").
(Sírio Possenti, postagem na rede social Facebook, 8 de agosto de 2020.)
Entre os comentários à postagem, qual deles responde
corretamente à pergunta do autor?
Texto 1
“Algumas vozes nacionais estão tentando atualmente
encaminhar a discussão em torno da identidade ‘mestiça’,
capaz de reunir todos os brasileiros (brancos, negros e
mestiços). Vejo nesta proposta uma nova sutileza
ideológica para recuperar a ideia da unidade nacional não
alcançada pelo fracassado branqueamento físico. Essa
proposta de uma nova identidade mestiça, única, vai na
contramão dos movimentos negros e de outras chamadas
minorias, que lutam pela construção de uma sociedade
plural e de identidades múltiplas.”
(Kabengele Munanga, Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: Identidade
Nacional versus Identidade Negra. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 16.)
Texto 2
“Os meus olhos coloridos/ Me fazem refletir/ Eu estou
sempre na minha/ E não posso mais fugir/ Meu cabelo
enrolado/ Todos querem imitar/ Eles estão baratinados/
Também querem enrolar/ Você ri da minha roupa/ Você ri
do meu cabelo/ Você ri da minha pele/ Você ri do meu
sorriso/ A verdade é que você,/ (Todo brasileiro tem!)/ Tem
sangue crioulo/ Tem cabelo duro/ Sarará crioulo.”
(Macau, “Olhos Coloridos”, 1981, gravada por Sandra de Sá. Álbum: “Sandra de
Sá”. RCA.)
Considerando o alerta de Munanga em relação a algumas
“vozes nacionais”, a canção de Macau
Texto 1
“Algumas vozes nacionais estão tentando atualmente encaminhar a discussão em torno da identidade ‘mestiça’, capaz de reunir todos os brasileiros (brancos, negros e mestiços). Vejo nesta proposta uma nova sutileza ideológica para recuperar a ideia da unidade nacional não alcançada pelo fracassado branqueamento físico. Essa proposta de uma nova identidade mestiça, única, vai na contramão dos movimentos negros e de outras chamadas minorias, que lutam pela construção de uma sociedade plural e de identidades múltiplas.”
(Kabengele Munanga, Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: Identidade Nacional versus Identidade Negra. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 16.)
Texto 2
“Os meus olhos coloridos/ Me fazem refletir/ Eu estou sempre na minha/ E não posso mais fugir/ Meu cabelo enrolado/ Todos querem imitar/ Eles estão baratinados/ Também querem enrolar/ Você ri da minha roupa/ Você ri do meu cabelo/ Você ri da minha pele/ Você ri do meu sorriso/ A verdade é que você,/ (Todo brasileiro tem!)/ Tem sangue crioulo/ Tem cabelo duro/ Sarará crioulo.”
(Macau, “Olhos Coloridos”, 1981, gravada por Sandra de Sá. Álbum: “Sandra de Sá”. RCA.)
Considerando o alerta de Munanga em relação a algumas
“vozes nacionais”, a canção de Macau
A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia
estagnada, e a pessoa quer falar de quê? Dos cafonas. Do
império da cafonice que nos domina. O cafona fala alto e
se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que
pode tudo. Não há ética que caiba a ele. Enganar é ok.
Agredir é ok. Gentileza, educação, delicadeza, para um
convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas. O
cafona fura filas, canta pneus e passa sermões. Despreza
a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que ele. O
cafona quer ser autoridade, para poder dar carteiradas.
Quer bajular o poderoso e debochar do necessitado. Quer
andar armado. Quer tirar vantagem em tudo. Unidos, os
cafonas fazem passeatas de apoio e protestos a favor.
Atacam como hienas e se escondem como ratos. Existe
algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais
chique do que um pobre honesto? É sobre isso que a
pessoa quer falar, apesar de tudo que está acontecendo.
Porque só o bom gosto pode salvar este país.
(Adaptado de Fernanda Young, Bando de cafonas. Publicado em https:
//oglobo.globo.com/cultura/em-sua-ultima-coluna-fernanda-young-sent enciacafonice-detesta-arte-23903168. Acessado em 27/05/2020.)
*cafona: quem tem ou revela mau gosto (roupa cafona); que
revela gosto ou atitude vulgares. (Adaptado de aulete.com.br.)
Essa releitura do significado de “cafona” salienta
A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia estagnada, e a pessoa quer falar de quê? Dos cafonas. Do império da cafonice que nos domina. O cafona fala alto e se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que pode tudo. Não há ética que caiba a ele. Enganar é ok. Agredir é ok. Gentileza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas. O cafona fura filas, canta pneus e passa sermões. Despreza a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que ele. O cafona quer ser autoridade, para poder dar carteiradas. Quer bajular o poderoso e debochar do necessitado. Quer andar armado. Quer tirar vantagem em tudo. Unidos, os cafonas fazem passeatas de apoio e protestos a favor. Atacam como hienas e se escondem como ratos. Existe algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre honesto? É sobre isso que a pessoa quer falar, apesar de tudo que está acontecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país.
(Adaptado de Fernanda Young, Bando de cafonas. Publicado em https:
//oglobo.globo.com/cultura/em-sua-ultima-coluna-fernanda-young-sent enciacafonice-detesta-arte-23903168. Acessado em 27/05/2020.)
Em relação aos recursos de coesão usados na construção
do texto, é correto afirmar que:
A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia estagnada, e a pessoa quer falar de quê? Dos cafonas. Do império da cafonice que nos domina. O cafona fala alto e se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que pode tudo. Não há ética que caiba a ele. Enganar é ok. Agredir é ok. Gentileza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas. O cafona fura filas, canta pneus e passa sermões. Despreza a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que ele. O cafona quer ser autoridade, para poder dar carteiradas. Quer bajular o poderoso e debochar do necessitado. Quer andar armado. Quer tirar vantagem em tudo. Unidos, os cafonas fazem passeatas de apoio e protestos a favor. Atacam como hienas e se escondem como ratos. Existe algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre honesto? É sobre isso que a pessoa quer falar, apesar de tudo que está acontecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país.
(Adaptado de Fernanda Young, Bando de cafonas. Publicado em https:
//oglobo.globo.com/cultura/em-sua-ultima-coluna-fernanda-young-sent enciacafonice-detesta-arte-23903168. Acessado em 27/05/2020.)