Questão 4b6c939b-8f
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Entre todas as palavras do momento, a mais flamejante
talvez seja desigualdade. E nem é uma boa palavra,
incomoda. Começa com des. Des de desalento, des de
desespero, des de desesperança. Des, definitivamente,
não é um bom prefixo.
Desigualdade. A palavra do ano, talvez da década, não
importa em que dicionário. Doravante ouviremos falar
muito nela.
De-si-gual-da-de. Há quem não veja nem soletre, mas está
escrita no destino de todos os busões da cidade, sentido
centro/subúrbio, na linha reta de um trem. Solano Trindade,
no sinal fechado, fez seu primeiro rap, “tem gente com
fome, tem gente com fome, tem gente com fome”, somente
com esses substantivos. Você ainda não conhece o
Solano? Corra, dá tempo. Dá tempo para você entender
que vivemos essa desigualdade. Pegue um busão da
Avenida Paulista para a Cidade Tiradentes, passe o valetransporte na catraca e simbora – mais de 30 quilômetros.
O patrão jardinesco vive 23 anos a mais, em média, do que
um humaníssimo habitante da Cidade Tiradentes, por
todas as razões sociais que a gente bem conhece.
Evitei as estatísticas nessa crônica. Podia matar de
desesperança os leitores, os números rendem manchete,
mas carecem de rostos humanos. Pega a visão, imprensa,
só há uma possibilidade de fazer a grande cobertura: mire-se na desigualdade, talvez não haja mais jeito de achar
que os pontos da bolsa de valores signifiquem a ideia de
fazer um país.
(Adaptado de Xico Sá, A vidinha sururu da desigualdade brasileira. Em El País,
28/10/2019. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/28/opinion/
1572287747_637859.html?fbclid=IwAR1VPA7qDYs1Q0Ilcdy6UGAJTwBO_snM
DUAw4yZpZ3zyA1ExQx_XB9Kq2qU. Acessado em 25/05/2020.)
A crônica instiga o leitor a ficar atento à desigualdade na
cidade de São Paulo.
Assinale a alternativa que identifica
corretamente os recursos expressivos (estilísticos e
literários) de que se vale o autor.
Entre todas as palavras do momento, a mais flamejante
talvez seja desigualdade. E nem é uma boa palavra,
incomoda. Começa com des. Des de desalento, des de
desespero, des de desesperança. Des, definitivamente,
não é um bom prefixo.
Desigualdade. A palavra do ano, talvez da década, não
importa em que dicionário. Doravante ouviremos falar
muito nela.
De-si-gual-da-de. Há quem não veja nem soletre, mas está
escrita no destino de todos os busões da cidade, sentido
centro/subúrbio, na linha reta de um trem. Solano Trindade,
no sinal fechado, fez seu primeiro rap, “tem gente com
fome, tem gente com fome, tem gente com fome”, somente
com esses substantivos. Você ainda não conhece o
Solano? Corra, dá tempo. Dá tempo para você entender
que vivemos essa desigualdade. Pegue um busão da
Avenida Paulista para a Cidade Tiradentes, passe o valetransporte na catraca e simbora – mais de 30 quilômetros.
O patrão jardinesco vive 23 anos a mais, em média, do que
um humaníssimo habitante da Cidade Tiradentes, por
todas as razões sociais que a gente bem conhece.
Evitei as estatísticas nessa crônica. Podia matar de
desesperança os leitores, os números rendem manchete,
mas carecem de rostos humanos. Pega a visão, imprensa,
só há uma possibilidade de fazer a grande cobertura: mire-se na desigualdade, talvez não haja mais jeito de achar
que os pontos da bolsa de valores signifiquem a ideia de
fazer um país.
(Adaptado de Xico Sá, A vidinha sururu da desigualdade brasileira. Em El País,
28/10/2019. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/28/opinion/
1572287747_637859.html?fbclid=IwAR1VPA7qDYs1Q0Ilcdy6UGAJTwBO_snM
DUAw4yZpZ3zyA1ExQx_XB9Kq2qU. Acessado em 25/05/2020.)
A crônica instiga o leitor a ficar atento à desigualdade na
cidade de São Paulo.
Assinale a alternativa que identifica
corretamente os recursos expressivos (estilísticos e
literários) de que se vale o autor.
A
A desigualdade está escrita nas linhas de trens e ressoa
nos versos de Solano Trindade: onomatopeia.
B
No destino dos transportes coletivos no sentido centro
subúrbio é possível viver a desigualdade: eufemismo.
C
A desigualdade se mostra na expectativa de vida dos
moradores de bairros bem situados e periferias: alusão.
D
Na cobertura da imprensa, números da desigualdade
perdem para pontos da bolsa de valores: ambiguidade.