O registro de palavras do texto demarca a identidade do povo sertanejo. Nesse contexto,
as variações linguísticas utilizadas são frutos de fatores sociais que podem desencadear
preconceito, como é evidenciado nos versos:
Amigo, não tenha quêxa,
Veja que eu tenho razão
Em lhe dizê que não mêxa
Nas coisa do meu sertão.
Pois, se não sabe o colega
De quá manêra se pega
Num ferro pra trabaiá,
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mêxo aí,
Cante lá que eu canto cá.
Repare que a minha vida
É deferente da sua.
A sua rima pulida
Nasceu no salão da rua.
Já eu sou bem deferente,
Meu verso é como a simente
Que nasce inriba do chão;
Não tenho estudo nem arte,
A minha rima faz parte
Das obra da criação.
PATATIVA DO ASSARÉ. Cante lá que eu canto cá. Petrópolis: Vozes, 1992 (fragmento).