Questão bff27a16-fd
Prova:ENCCEJA 2018
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Na reconstrução, pela memória, do ambiente escolar e de sua professora, o eu lírico recorre a elementos que expõem uma visão

Escola da mestra Silvina

Minha escola primária...                   

Escola antiga de antiga mestra.      

   Repartida em dois períodos               

para a mesma meninada,              

 Das 8 às 11, da 1 às 4.                    

Nem recreio, nem exames.            

Nem notas, nem férias.                  

   Sem cânticos, sem merenda...         

Digo mal – sempre havia               

distribuídos                                    

alguns bolos de palmatória...        

A granel?                                      

Não, que a mestra                        

        era boa, velha, cansada, aposentada.

Tinha já ensinado a uma geração

antes da minha.                            

CORALINA, C. Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. São Paulo: Global, 1993.

A
irônica em relação às antigas práticas pedagógicas.
B
magoada pela infância de escassez e de maus tratos.
C
nostálgica em função da percepção do envelhecimento.
D
questionadora acerca do perfil atual da escola e do aluno.

Gabarito comentado

A
André AlvesMonitor do Qconcursos

Tema central: Interpretação de Texto – Identificação de Ironia

Nesta questão, o ponto essencial é reconhecer a ironia utilizada pelo eu lírico ao relembrar práticas escolares do passado. Segundo a norma-padrão, ironia é a figura de linguagem em que se diz o contrário do que se pensa, de forma sutil muitas vezes para criticar (Houaiss, Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).

No poema de Cora Coralina, a autora relembra uma escola “sem recreio, nem exames, nem notas, nem férias”, combinando isso ao tom aparentemente “saudosista” ao mencionar “alguns bolos de palmatória... A granel?”. Logo em seguida corrige: “Não, que a mestra era boa, velha, cansada, aposentada”. Essa construção revela uma crítica disfarçada de aparente leveza sobre o rigor e as punições físicas comuns à época.

A alternativa correta é a letra A: “irônica em relação às antigas práticas pedagógicas”.

Ela está certa porque a ironia é percebida quando o texto aponta para exageros (“a granel?” sugere abundância de punições, mas logo é negado com delicadeza), efeito reforçado pelo contexto do poema e suas negativas (“nem recreio, nem exames...”). Assim, a ironia é uma crítica elegante, e não agressiva ou ressentida.

Por que as demais alternativas estão erradas?

  • B) magoada pela infância de escassez e de maus tratos: Não há ressentimento ou tristeza profunda no tom do poema; prevalece a crítica sutil.
  • C) nostálgica em função da percepção do envelhecimento: O tema não é envelhecimento e não há nostalgia positiva, mas uma avaliação crítica do passado escolar.
  • D) questionadora acerca do perfil atual da escola e do aluno: O poema não compara o passado ao presente, só discorre sobre práticas do passado.

Dica de prova: Quando encontrar descrições aparentemente neutras ou até leves de situações negativas, desconfie da presença de ironia, principalmente se houver uma “correção” ou suavização logo em seguida.

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