Nesse texto, as falas do homem descrito pelo narrador são marcadas por aspas e algumas
palavras grafadas em itálico. Esses destaques caracterizam uma variedade linguística
O Lavrador
Esse homem deve ser de minha idade – mas sabe muito mais coisas. Era colono em terras
mais altas, se aborreceu com o fazendeiro, chegou aqui ao Rio Doce quando ainda se podia
requerer duas colônias de cinco alqueires “na beira da água grande” quase de graça. Brocou a
mata com a foice, depois derrubou, queimou, plantou seu café.
Explica-me: “Eu trabalho sozinho, mais o menino meu.” Seu raciocínio quando veio foi este:
“Vou tratar de cair na mata; a mata é do governo, e eu sou fio do Estado, devo ter direito.”
Confessa que sua posse até hoje não está legalizada: “Tenho de ir a Linhares, mas eu magino
esse aguão...”
BRAGA, R. 200 crônicas escolhidas. Rio Janeiro: Record, 2004.
O Lavrador
Esse homem deve ser de minha idade – mas sabe muito mais coisas. Era colono em terras mais altas, se aborreceu com o fazendeiro, chegou aqui ao Rio Doce quando ainda se podia requerer duas colônias de cinco alqueires “na beira da água grande” quase de graça. Brocou a mata com a foice, depois derrubou, queimou, plantou seu café.
Explica-me: “Eu trabalho sozinho, mais o menino meu.” Seu raciocínio quando veio foi este: “Vou tratar de cair na mata; a mata é do governo, e eu sou fio do Estado, devo ter direito.” Confessa que sua posse até hoje não está legalizada: “Tenho de ir a Linhares, mas eu magino esse aguão...”
BRAGA, R. 200 crônicas escolhidas. Rio Janeiro: Record, 2004.
Gabarito comentado
Comentário sobre a questão: Variedade Linguística no Texto
Tema central: A questão aborda variedade linguística, que consiste nas diferentes formas de expressão existentes dentro de uma língua, conforme fatores como região, grupo social e nível de formalidade.
Justificativa da alternativa correta – D) "social, pois se referem ao dialeto caipira":
O texto destaca palavras como "fio" (filho), "magino" (imagino) e "aguão" (aguardando), escritas em itálico e entre aspas, que caracterizam a fala do personagem rural. Essas expressões são típicas do dialeto caipira, uma variedade associada, segundo autores como Amadeu Amaral (O Dialeto Caipira), a grupos sociais do interior. Portanto, trata-se de uma variedade social (socioleto), ou seja, relacionada à classe social ou profissão do falante, não à sua idade ou apenas à localização geográfica.
Análise das alternativas incorretas:
A) "etária, pois os homens tinham a mesma idade."
Errado. Variedade etária se liga à fala típica de jovens, adultos ou idosos. No texto, o aspecto marcante é a ocupação rural, não a idade.
B) "de região, pois o fato ocorreu em Linhares."
Incorreto. Apesar da menção a Linhares, o destaque do texto está nas expressões que identificam o grupo social do trabalhador rural e não necessariamente uma região específica.
C) "de registro, pois indicam falas informais."
Errado. Registro está ligado ao contexto (formal/informal), mas aqui o enfoque é quem fala e seu grupo social, não o grau de formalidade.
Dica de interpretação: Ao ler questões sobre variação linguística, observe como, onde e por quem as palavras são usadas. Evite confundir "variedade social" (socioleto) com "regional" (dialeto regional) ou apenas "nível de formalidade" (registro).
Referências: Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa; Amadeu Amaral, O Dialeto Caipira.
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