Questõesde UFT sobre Literatura

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UFT 2019 - Literatura - Teoria Literária

Sobre o fragmento da obra Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá, de Lima Barreto, assinale a alternativa CORRETA.

Leia o fragmento para responder a QUESTÃO .

A felicidade, sensação tão volátil, instável, irredutível de homem a homem é cousa diferente, e não consente média a abranger centenas, milhares e milhões de seres humanos. Imaginas tu que Madame Belasman, de Petrópolis, tem um grande joanete, um defeito hediondo, com o qual sobremaneira sofre; e o operário Felismino, da mortona, orgulha-se em possuir um filho com talento. Madame Belasman vive acabrunhada com a exuberância de seu joanete. [...] entretanto, Felismino, quando bate rebites, sorri e antegoza o estrondo que uma parcela do seu sangue vai causar na sociedade. [...] Quem é mais feliz – pergunto – madame Belasman ou o senhor Felismino? E, à vista disso, poderás dizer que todas as damas de Petrópolis são felizes e os operários de fundição são desgraçados? Há média possível para a felicidade das classes? Nós, os modernos, nos vamos esquecendo que essas histórias de classe, de povos, de raças, são tipos de gabinetes, fabricados para as necessidades de certos edifícios lógicos, mas que fora deles desaparecem completamente: – Não são? Não existem.

Fonte: BARRETO, Lima. Vida e Morte de M.J. Gonzaga de Sá. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2017, p 100-101. (fragmento).
A
Apresenta a ideia de que a felicidade varia de pessoa para pessoa e que, por ser um sentimento sólido e estável, uma vez sentida, permanece.
B
Expõe a ideia de que a felicidade é um sentimento que pode ser medido entre as classes sociais e que alcança todos os seres humanos.
C
Compara a felicidade dos homens mais simples com a felicidade das mulheres da classe alta, defendendo que a felicidade depende de fatores divinos.
D
Defende que a felicidade depende da forma como cada pessoa se vê e se relaciona com sua realidade, independentemente de seu lugar social.
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UFT 2019 - Literatura - Teoria Literária

Sobre o fragmento do Poema Sujo, de Ferreira Gullar, assinale a alternativa CORRETA.

Leia o fragmento para responder a QUESTÃO .

       Corpo meu corpo corpo
que tem um nariz assim uma boca
dois olhos
e um certo jeito de sorrir
de falar
que minha mãe identifica como sendo de seu filho
que meu filho identifica
como sendo de seu pai

corpo que se para de funcionar provoca
um grave acontecimento na família:
sem ele não há José Ribamar Ferreira
não há Ferreira Gullar

e muitas pequenas coisas acontecidas no planeta
estarão esquecidas para sempre

corpo-facho corpo-fátuo corpo-fato
[...]
meu corpo nascido numa porta-e-janela da Rua dos Prazeres
ao lado de uma padaria
sob o signo de Virgo
sob as balas do 24º BC
na revolução de 30
e que desde então segue pulsando como um relógio
num tic tac que não se ouve
(senão quando se cola o ouvido à altura do meu coração)
tic tac tic tac

Fonte: GULLAR, Ferreira. Poema Sujo. São Paulo: Círculo do Livro, 1980, p. 11-
13. (fragmento). 
A
Retrata, por meio de um narrador em terceira pessoa, a memória de um homem cosmopolita de meia idade.
B
Traz como temáticas centrais as paixões da juventude e a solidão que compõe o eu-lírico na idade adulta.
C
Apresenta as impressões do eu-lírico sobre o corpo-vida que o constitui.
D
Compõe-se de um narrador em terceira pessoa que descreve sua trajetória de vida, do nascimento à velhice.
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UFT 2019 - Literatura - Teoria Literária

Assinale a alternativa CORRETA. No fragmento de Quarto de despejo, Carolina Maria de Jesus apresenta um olhar

Leia o fragmento para responder a QUESTÃO .

3 DE MAIO... Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu não tenho gordura. Os meninos estão nervosos por não ter o que comer.

6 DE MAIO [...] ...O que eu aviso aos pretendentes a politica, é que o povo não tolera a fome. É preciso conhecer a fome para saber descrevê-la.

9 DE MAIO... Eu cato papel, mas não gosto. Então eu penso: Faz de conta que eu estou sonhando.

10 DE MAIO... [...] O tenente interessou-se pela educação dos meus filhos. Disse-me que a favela é um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao país. Pensei: Se ele sabe disto, porque não faz um relatorio e envia para os politicos? O senhor Janio Quadros, o Kubstchek e o Dr. Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. Não posso resolver nem as minhas dificuldades. ... O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo, e nas crianças.

16 DE MAIO Eu amanheci nervosa. Porque eu queria ficar em casa, mas eu não tinha nada para comer.
... Eu não ia comer porque o pão era pouco. Será que é só eu que levo esta vida? O que posso esperar do futuro? Um leito em Campos do Jordão. Eu quando estou com fome quero matar o Janio, quero enforcar o Adhemar e queimar o Juscelino. As dificuldades corta o afeto do povo pelos politicos.

Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983, p. 25-29. (fragmento).
A
submisso ao discurso dos homens da lei sobre a propensão para o crime, das pessoas da favela.
B
crítico com relação à problemática da fome e à falta de atenção dos políticos para com a população pobre.
C
otimista quanto à possibilidade de mudança de sua vida e de sua família.
D
culpado por não conseguir comida suficiente para si e seus filhos.
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UFT 2019 - Literatura - Teoria Literária

A partir da leitura do fragmento de texto de Daniel Munduruku, é INCORRETO afirmar que:

Leia o fragmento para responder a QUESTÃO .

Contam os velhos do povo Karajá que um misterioso acontecimento estava deixando a aldeia alarmada. Isso acontecia porque os guerreiros estavam sumindo durante a caçada e ninguém conseguia explicar por que isso estava acontecendo. Havia um clima de medo.
Um rapaz, no entanto, resolveu rastrear pela trilha dos parentes sumidos. Entrou na mata cautelosamente e logo adiante avistou um bando de urubus. Isso era um sinal de que havia carniça por perto. Redobrou sua atenção e arrastou-se até chegar perto de uma grande árvore em cuja raiz encontrou objetos e ossadas dos parentes desaparecidos. Seu susto foi maior quando avistou dois monstruosos indivíduos saindo de uma caverna. Comentavam um para o outro:
– Estou com uma fome tão grande. Tô com vontade de comer gente!
– Vamos botar uma espera? Sinto que hoje vamos pegar alguém!
O jovem, ouvindo aquela conversa, sentiu-se amedrontado, achando que ele poderia ser o alimento daquela gente estranha.
[...] Quando chegou à aldeia, estava muito angustiado. Começou a gritar para chamar a atenção de todos. _ Inã biroxikre nhaçã rekã!... (Bugios grandalhões estão devorando gente!).
[...] Onde vais com tanta pressa, valente guerreiro?
– Vou caçar nhaçã rekã! – respondeu o jovem de forma arrogante.
– Se me tomares como esposa, eu te ensinarei como caçar aquelas perigosas feras feiticeiras! – propôs a mulher-sapo.  

Fonte: MUNDURUKU, Daniel. A Caveira-Rolante, a Mulher-Lesma e outras
histórias. Ilustrações Maurício Negro. São Paulo: Global, 2010, p. 40-41.
(fragmento).

A
Munduruku faz referência a elementos da cultura indígena.
B
a história Karajá narrada por Munduruku traz à cena criaturas misteriosas.
C
na construção da sua narrativa Munduruku utiliza palavras da língua indígena.
D
Munduruku trata do aniquilamento de guerreiros Karajá por tribos inimigas.
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UFT 2019 - Literatura - Teoria Literária

Os fragmentos das obras de Bernardo Élis e de João Guimarães Rosa narram, respectivamente, a notícia da chegada de um viajante e a chegada de outro viajante. É CORRETO afirmar que os narradores:

Leia os fragmentos para responder a QUESTÃO .

Texto I
O Juiz Valério alegrava-se com a aproximação da comissão. Acreditava em justiça, em lei, achava que o governo fosse dotado de uma clarividência que o comum dos homens não possuía, de uma reta intenção de punir o mal e premiar o bem. Daquele recanto tão afastado, Governo era assim algo de sobre-humano e inatacável. Antes porém que a Comissão chegasse ao [Vila do] Duro, aportaram ali notícias do que era ela. Era como o vento que precede a chuva braba. Quem vinha chefiando a comissão era um juiz togado, com assento em Porto Nacional, formado pela Faculdade do Recife, com militança no Foro de Salvador e Belém do Pará, homem de estudo, homem de preparo, homem sabido e corrido.

Fonte: ÉLIS, Bernardo. O tronco. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008, p.15. (fragmento). (adaptado).


Texto II
Sucedeu então vir o grande sujeito entrando no lugar, capiau de muito longínquo: tirado à arreata o cavalo raposo, que mancara, apontava de noroeste, pisando o arenoso. Seus bigodes ou a rustiquez – roupa parda, botinões de couro de anta, chapéu toda a aba – causavam riso e susto. Tomou fôlego, feito burro entesa orelhas, no avistar um fiapo de povo mas a rua, imponente invenção humana. Tinha vergonha de frente e de perfil, todo o mundo viu, devia também de alentar internas desordens no espírito.

Fonte: ROSA, João Guimarães. Tutaméia (Terceiras estórias). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 58. (fragmento).
A
descrevem a valentia desses viajantes.
B
constroem imaginários desses viajantes.
C
delineiam as características físicas desses viajantes.
D
explicam as relações entre esses viajantes e o governo.
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UFT 2019 - Literatura - Teoria Literária

A partir da leitura do fragmento de O auto de São Lourenço, de José de Anchieta, é CORRETO afirmar que

Leia o fragmento para responder a QUESTÃO .

SÃO LOURENÇO:
Mas existe a confissão,
remédio senhor da cura.
Os índios que enfermos são
com ela se curarão,
e a comunhão os segura.

Quando o pecado lhes pesa,
vão-se os índios confessar.
Dizem: "Quero melhorar..."
O padre sobre eles reza
para o seu Deus aplacar.
[...]

AIMBIRÊ: [criado do diabo]:
Afastado,
"quando à morte fôr chegado,
diz o índio, expulsarei
todo o crime que ocultei".

GUAIXARÁ [diabo chefe]:
Ouve, oh! sim; pois com cuidado
seus maus atos desfiei. 

SÃO LOURENÇO:
Com todo vosso ódio, sei
que procurais condená-los.
Deles não me afastarei,
mas a Deus suplicarei
para sempre auxiliá-los.
Eles em mim confiaram,
construindo essa capela;
velhos vícios extirparam,
por patrono me tomaram
que em firmá-los se desvela. 

Fonte: ANCHIETA, José de. Teatro de Anchieta. In: O auto de São Lourenço.
Edições Loyola: São Paulo, 1977, p. 158. (fragmento). (adaptado). 
A
apresenta um diálogo entre São Lourenço, Guaixará e Aimbirê, no qual o Santo intercede pelos índios junto ao divino.
B
exibe uma disputa entre o bem e o mal, em que o chefe dos diabos faz acusações contra São Lourenço.
C
intenciona apresentar as virtudes dos diabos e os vícios dos índios.
D
retoma o evangelho cristão, no qual São Lourenço condena os índios por seus vícios.
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UFT 2019 - Literatura - Teoria Literária

A partir da leitura dos dois poemas do escritor tocantinense Célio Pedreira é CORRETO afirmar que eles:

Leia os poemas para responder a QUESTÃO.

Texto I

Bulandeira
O braço
rompe a roda
a roda
vira o ralo
o ralo
na raiz da fome
farinha.


Texto II

Tapioca na gamela
Eita que esse destino de furupa
guarnece a brasa e o tição
o forno de assar o bolo
alvura que ama a tapioca na gamela
amassando a vida com as mãos
pois a festa é certa
quando certo o pão.
Fonte: PEDREIRA, Célio. As tocantinas. Palmas–TO: Universidade Federal do
Tocantins/EDUFT, 2014, p. 36 e 20. 
A
aludem ao trabalho e ao preparo artesanal de alimentos retirados da mandioca.
B
resgatam as tradições do preparo de alimentos servidos nas festas religiosas e rezas.
C
retomam memórias afetivas de festejos populares que ocorrem nas comunidades interioranas.
D
remetem ao trabalho coletivo e ao ambiente festivo durante a preparação de pratos tradicionais.
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UFT 2019 - Literatura - Vanguardas Europeias, Modernismo, Escolas Literárias

Leia o fragmento para responder a QUESTÃO .


Horácio não gostava de ser contestado, mas compreendeu não era bom tema de conversa. Voltou à literatura, aconselhando os outros a lerem Drummond de Andrade, na sua opinião o melhor poeta de língua portuguesa de sempre. Qual Camões, qual Pessoa, Drummond é que era, tudo estava nele, até a situação de Angola se podia inferir na sua poesia. Por isso vos digo, os portugueses passam a vida a querer-nos impingir a sua poesia, temos de a estudar na escola, e escondem-nos os brasileiros, nossos irmãos, poetas e prosadores sublimes, relatando os nossos problemas e numa linguagem bem mais próxima da que falamos nas cidades. Quem não leu Drummond é um analfabeto. Os outros iam comendo, trocando de vez em quando olhares cúmplices. Até que Malongo e Vítor terminaram a refeição. Malongo despediu-se, levantando-se, um analfabeto vos saúda. Vítor e Furtado riram, Horácio fingiu que não ouviu. Agarrou no braço de Furtado e continuou a cultivá-lo com versos de Drummond e os seus próprios, dedicados ao grande brasileiro.

Fonte: PEPETELA. A geração da utopia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: 2000, p. 30-31 (fragmento).



No fragmento do romance do escritor angolano Pepetela, Horácio aconselha seus amigos Malongo, Vítor e Furtado a lerem o poeta Drummond de Andrade.

Analise as afirmativas a seguir.


I. A poesia de Drummond é melhor que a de Camões e de Pessoa.

II. Há uma aproximação entre a literatura de Drummond e a realidade angolana.

III. Nas escolas portuguesas se estuda a poesia de Drummond.

IV. A poesia de Drummond está sendo usada para alfabetizar nas escolas angolanas.

V. As obras dos literatos brasileiros possuem uma linguagem próxima a dos angolanos nas cidades.



Assinale a alternativa CORRETA.

A
Apenas as afirmativas II, IV e V estão corretas.
B
Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
C
Apenas as afirmativas I, II e V estão corretas.
D
Apenas as afirmativas I, III e V estão corretas.
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UFT 2018 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Leia o fragmento de O visitante, de Hilda Hilst, para responder a QUESTÃO.


O visitante (1968)

ANA (tecendo ou próximo do tear, como se estivesse acabado de tecer alguma coisa): muitas vezes tenho saudade das tuas pequenas roupas. Eram tão macias! (sorrindo) Tinha uma touca que, por engano meu, quase te cobria os olhos.

MARIA (seca): É bem do que eu preciso ainda hoje: antolhos.

ANA (meiga): E uma camisola tão comprida... branca. Nos punhos e no decote, coloquei umas fitas. E te arrastavas, choravas se, de repente, na noite, não me vias.

MARIA: Agora vejo-te sempre. Cada noite. Cada dia. (pausa)

ANA: Eras mansa. Me amavas. Ainda me amas agora?

MARIA: Ah, que pergunta! As coisas se transformam. Nós também.

ANA: A casa ainda é a mesma. E a mesa e...

MARIA (interrompendo): A casa, a mesa... todas essas coisas vivem mais do que nós. Ficam aí paradas. E assim mesmo envelhecem. Tu pensas que são as mesmas coisas e não são. (...)


Fonte: HILST, Hilda. Volume I. São Paulo: Nankin Editorial, 2000, p. 101.


Considerando a leitura do trecho de O visitante, assinale a alternativa CORRETA quanto ao gênero literário.

A
Gênero Dramático, notadamente, por apresentar texto dialogado, rubrica, texto principal e texto secundário.
B
Gênero Narrativo, principalmente, pela forma em prosa, por apresentar narrador, personagens, tempo e espaço.
C
Gênero Lírico, especificamente, pela linguagem elaborada, pelo teor emotivo, ritmo e linguagem figurada.
D
Gênero Ensaístico, especialmente, pela clara opção de transitar entre a crônica e a escrita de si.
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UFT 2018 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Leia o fragmento do poema Cantoria, de Cora Coralina, para responder a QUESTÃO.

Cantoria
Meti o peito em Goiás
e canto como ninguém.
Canto as pedras,
canto as águas,
as lavadeiras, também.

Cantei um velho quintal
com murada de pedra.
Cantei um portão alto
com escada caída.

Cantei a casinha velha
de velha pobrezinha.
Cantei colcha furada
estendida no lajedo;
muito sentida,
pedi remendos pra ela. (...)

Fonte: CORALINA, Cora. Meu livro de Cordel. São Paulo: Global, 2013, p. 9. 

A partir da leitura do excerto de Cantoria, é INCORRETO afirmar que

A
o título do poema faz alusão ao universo ágrafo dos menestréis nordestinos que cantam repentes e narram estórias orais.
B
o poema Cantoria apresenta uma relação intrínseca entre ser e ter e revela a dualidade entre campo e cidade.
C
o poema Cantoria apresenta recursos estilísticos como rima, ritmo e repetição.
D
a poeta goiana parte de temas extraídos do cotidiano para criar sua poesia.
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UFT 2018 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Leia a seguir o fragmento do poema Mundo Pequeno, de Manoel de Barros, para responder a QUESTÃO.


Mundo Pequeno

Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas.
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor,
esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
– Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável,
o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,
pode muito que você carregue para o resto da
vida um certo gosto por nadas...
E se riu.
Você não é de bugre? – ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em
estradas –
Pois é nos desvios que encontra as melhores
surpresas e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de
agramática.


Fonte: BARROS, Manoel de. O livro das Ignorãças. In: Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010, p. 319-320.



O excerto do poema traz o descobrimento, inquietação e questionamento do menino Manoel pela “doença das frases”.

É CORRETO afirmar que esta doença pode ser lida como um desvio:

A
para o menino Manoel que não gostava de ler.
B
que constrói uma frase saudável errando bem o idioma.
C
da língua portuguesa, porque Padre Ezequiel era professor de gramática.
D
de caminho que pode render ao menino Manoel as melhores surpresas e ariticuns maduros.
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UFT 2018 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Leia o fragmento de Terra Sonâmbula, do escritor moçambicano Mia Couto, para responder a QUESTÃO.


Naquele lugar, a guerra tinha morto a estrada. Pelos caminhos só as hienas se arrastavam, focinhando entre cinzas e poeiras. A paisagem se mestiçara de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam à boca. Eram cores sujas, tão sujas que tinham perdido toda a leveza, esquecidas da ousadia de levantar asas pelo azul. Aqui, o céu se tornara impossível. E os viventes se acostumaram ao chão, em resignada aprendizagem da morte. (...)

COUTO, Mia. Terra sonâmbula. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 9.


Observando a passagem do romance, é CORRETO afirmar que

A
no trecho “Eram cores sujas, tão sujas que tinham perdido toda a leveza, esquecidas da ousadia de levantar asas pelo azul. ”, o narrador utiliza uma linguagem objetiva.
B
no trecho “Naquele lugar, a guerra tinha morto a estrada”, o narrador trata da reconstrução de lugares que passaram por alguma guerra.
C
no trecho “E os viventes se acostumaram ao chão, em resignada aprendizagem da morte”, o narrador descreve o que pode acontecer com as pessoas e outros seres na guerra.
D
no trecho “A paisagem se mestiçara de tristezas nunca vistas (...)”, o narrador retrata um cenário de esperança futura.
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UFT 2013 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Leia o poema a seguir para responder a questão.

SEM VERSOS

e me fogem os versos
para dizer sobre o rio
para dizer da vida, o fio;

e me fogem os versos
para contar sobre a espera
para descobrir da vida, a quimera;

e me fogem os versos
para admitir fraquezas
para encobrir tristezas;

os versos me fogem
e eu não encontrei
pontos de tantas interrogações...

PINHEIRO, José Sebastião. de sonhos e de construção – poemas. Palmas: Provisão Estação Gráfica e Editora Ltda., 2008, p.122.

Com relação ao sentido e estrutura do poema de Tião Pinheiro, marque a opção CORRETA.

A
O poema é composto por quatro estrofes que seguem o mesmo esquema rítmico, ABB, tratando-se de um soneto por sua organização em quatro tercetos.
B
Os dois últimos versos de todas as estrofes são iniciados por paralelismos, e os primeiros versos, por serem iguais, configuram um refrão.
C
O poema trata, principalmente, da tristeza de um eu-lírico que não consegue admitir suas fraquezas e, por isso, não consegue escrever seus versos como desejaria.
D
É um poema metalingüístico, que traz aliada à reflexão sobre o fazer poético, a angústia diante das muitas impossibilidades da vida.
E
Por meio da metáfora "os versos me fogem", o eu-lírico admite sua incapacidade para a escrita e, por consequência, a inutilidade do fazer poético.
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UFT 2013 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias, Romantismo

Considere os poemas para responder a questão.

CANÇÃO DO EXÍLIO

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

DIAS, Gonçalves. Melhores Poemas. São Paulo: Global Editora, 2001, p. 16.


NEM TANTO AO CAOS

cá, neste nosso sítio,
a construção já é ruína
e, fora da nova ordem mundial,
tem a morte e tem o amor,
a poesia e tem a prosa.
na época mais podre
eu nem posso acreditar
a mais triste nação
resiste em ressuscitar...

caetano
incita
resistir
cantando
uma nação
linda e podre,
aquarela
de contrastes,
o poder de acreditar...

PINHEIRO, José Sebastião. de sonhos e de construção – poemas. Palmas: Provisão Estação Gráfica e Editora Ltda., 2008, p. 96.

A partir de uma leitura comparativa dos poemas, marque a alternativa CORRETA.

A
Assim como Gonçalves Dias, Tião Pinheiro, em seu poema, aborda um cá, que pode ser lido como a nação brasileira, a qual possui somente qualidades e atributos positivos, do que são exemplos as expressões "tem o amor/ a poesia e tem a prosa".
B
Os dois poemas possuem a mesma temática, a exaltação nacional, e possuem também uma estrutura semelhante, uma vez que as estrofes são irregulares e os versos são redondilhas maiores, ou seja, heptassílabos.
C
Gonçalves Dias, poeta romântico, apresenta em seu poema um lá e um cá, em que o lá se refere ao exílio e o cá à terra natal; já na poesia moderna de Tião Pinheiro o lá se refere ao mundo, lugar do caos, e o cá representa o que foge ao caos, ou seja, a nação brasileira.
D
Tanto no poema de Gonçalves Dias, como no de Tião Pinheiro, há um eu-lírico que se sente exilado de sua terra natal e, por sofrer com a distância, passa a enxergar somente os traços positivos de sua nação.
E
Diferente de Gonçalves Dias que exalta a terra natal, Tião Pinheiro, inspirado pelas canções de Caetano Veloso, compõe um retrato da nação em que vigoram contrastes, numa visão mais crítica que, ora apresenta uma nota pessimista ao destacar uma nação podre, ora destaca a esperança e a resistência.
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UFT 2013 - Literatura - Modernismo, Realismo, Escolas Literárias, Romantismo

Leia as afirmativas a seguir para responder a questão.

I. O Romantismo destaca-se como movimento literário de resistência às mudanças políticas pelas quais passa o Brasil ao deixar de ser colônia para se tornar nação. José de Alencar, representante maior desse movimento literário, coloca sua literatura como voz defensora dos direitos da coroa portuguesa sobre o Brasil.

II. O Realismo surgiu no final do século XIX como movimento literário que discute a decadência dos engenhos de cana de açúcar do nordeste brasileiro, em face de uma nova organização social decorrente da implantação do sistema político republicano. O maior representante desse movimento foi Machado de Assis.

III. O Modernismo da década de 20, do século XX, reafirma os valores nacionalistas e indianistas dos escritores do Romantismo. Mário de Andrade é o maior representante do Modernismo de 20 e seu romance "Macunaíma" representa uma releitura do romance "O Guarani", de José de Alencar.

IV. O romance brasileiro da segunda fase modernista, do século XX, representa um olhar regionalista sobre questões sociais vivenciadas por parte da população brasileira. "A Bagaceira", de José Américo de Almeida e "Vidas Secas", de Graciliano Ramos são obras que além de retratarem a problemática da seca, mostram a miséria e o abandono social pelos quais passa o povo nordestino.

Marque a alternativa que contempla a(s) afirmativa(s) CORRETA(S).

A
somente a afirmativa I
B
as afirmativas I, II e III
C
somente a afirmativa IV
D
as afirmativas III e IV
E
todas as afirmativas
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UFT 2013 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Leia o fragmento de texto a seguir para responder a questão.

Amado - A polícia sabe que havia. Havia entre seu marido e a vítima uma relação íntima.
Selminha (no seu espanto)- relação íntima?
Amado- Uma intimidade, compreendeu? Um tipo de intimidade que não pode existir entre homens. Um instante, Cunha. A viúva já desconfiava. O negócio do banheiro, entende? E quando leu o beijo no asfalto sentiu que era batata. Basta dizer o seguinte: - ela. Sim, a viúva! (triunfante) não foi ao cemitério!
Cunha (com satisfação bestial) - Menina, olha. Está na cara que seu marido não é homem. (Selminha vira-se com súbita agressividade)
Selminha- Eu estou grávida!
Amado- Quem?
Selminha (feroz) - Eu! É homem! Eu estou grávida! (para um e o outro). E outra coisa. Agora vocês vão me ouvir. O meu marido foi à Caixa econômica. Um momento!
Foi lá pôr uma jóia no prego!

RODRIGUES, Nelson. O beijo no asfalto. Rio de Janeiro: Lacerda Editores Ltda., 2008, p. 60.


O trecho transcrito retrata parte de uma cena em que a polícia interroga Selminha. Considerando o fragmento citado e relacionando-o ao texto integral de "O beijo no asfalto", é CORRETO afirmar.

A
Faz parte do terceiro ato e trata do abuso de autoridade da polícia, a partir da invenção de um fato que expõe o preconceito social, com relação à homossexualidade.
B
Faz parte do segundo ato. A expressão beijo no asfalto refere-se à reportagem sobre o beijo dado em outro homem, pelo marido de Selminha.
C
Faz parte do primeiro ato e remete à cena em que a polícia é chamada para intervir numa briga provocada por Selminha.
D
Faz parte do terceiro ato e retrata parte de um interrogatório policial sobre o assassinato do suposto amante do marido de Selminha.
E
Faz parte do primeiro ato e representa o início da peça, na qual é exposto o preconceito de conotação sexual.
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UFT 2013 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Leia o fragmento de texto a seguir para responder a questão.

Chegou a desolação da primeira fome. Vinha seca e trágica, surgindo no fundo sujo dos sacos vazios, na descarnada nudez das latas raspadas.
- Mãezinha, cadê a janta?
- Cala a boca, menino! Já vem!
- Vem lá o quê!...
Angustiado, Chico Bento apalpava os bolsos... nem um triste vintém azinhavrado...
Lembrou-se da rede nova, grande e de listras que comprara em Quixadá por conta do vale de Vicente.
Tinha sido para a viagem. Mas antes dormir no chão do que ver os meninos chorando, com a barriga roncando de fome.
Estavam já na estrada do Castro. E se arrancharam debaixo dum velho pau-branco seco, nu e retorcido, a bem dizer ao tempo, porque aqueles cepos apontados para o céu não tinham nada de abrigo.
O vaqueiro saiu com a rede, resoluto:
- Vou ali naquela bodega, ver se dou um jeito...
Voltou mais tarde, sem a rede, trazendo uma rapadura e um litro de farinha:
- Tá aqui. O homem disse que a rede estava velha, só deu isso, e ainda por cima se fazendo de compadecido...
Faminta, a meninada avançou; e até Mocinha, sempre mais ou menos calada e indiferente, estendeu a mão com avidez.

QUEIROZ, Rachel de. O Quinze. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1979, p. 33.

"O Quinze", romance de estréia de Rachel de Queiroz, publicado em 1930, retrata a intensa seca que marcou o ano de 1915 no sertão cearense. Considerando o fragmento apresentado, é CORRETO afirmar.

A
Ainda que publicado no início da década de 30, momento de intensas mudanças políticas e culturais no país, o romance liga-se estética e tematicamente às propostas literárias da primeira geração modernista.
B
Na narrativa, estreitamente ligada às propostas de denúncia social dos regionalistas de 30, destacam-se o drama da seca, a miséria e a degradação humana, marcantes em cenas como a do fragmento citado.
C
Apesar de se referir à seca que marcou o ano de 1915, o romance coloca em primeiro plano a violência e o desrespeito que marcam as relações sociais, independente das condições climáticas; exemplo disso é a relação de espoliação entre Chico Bento e o homem da bodega.
D
A linguagem utilizada pela autora, para construir o romance, aproxima-se da oralidade, conforme se vê no fragmento. Tal recurso é utilizado para se contrapor à escrita extremamente rebuscada de alguns modernistas da primeira geração, como Oswald de Andrade.
E
O fragmento apresenta um discurso moralizante, recorrente nos romances da segunda geração modernista, e destaca o drama vivido pela família de Chico Bento, diante das dificuldades de sobrevivência.
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UFT 2013 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

Leia o fragmento do poema a seguir para responder a questão

BANDIDO NEGRO
(...)
E o senhor que na festa descanta
Pare o braço que a taça alevanta,
Coroada de flores azuis.
E murmure, julgando-se em sonhos:
"Que demônios são estes medonhos.
Que lá passam famintos e nus?

Cai, orvalho de sangue do escravo,
Cai, orvalho, na face do algoz.
Cresce, cresce, seara vermelha,
Cresce, cresce, vingança feroz.
Somos nós, meu senhor, mas não tremas,
Nós quebramos as nossas algemas
P'ra pedir-te as esposas ou mães.
Este é o filho do ancião que mataste.
Este- irmão da mulher que manchaste...
Oh, não tremas, senhor, são teus cães.

Cai, orvalho de sangue do escravo,
Cai, orvalho, na face do algoz.
Cresce, cresce, seara vermelha,
Cresce, cresce, vingança feroz.

São teus cães, que têm frio e têm fome,
Que há dez séc'los a sede consome...
Quero um vasto banquete feroz...
Venha o manto que os ombros nos cubra.
Para vós fez-se a púrpura rubra,
Fez-se o manto de sangue p'ra nós.
(...)

ALVES, Castro. Os escravos. São Paulo: Galex, s/d, p.50-51.

A poesia social de Castro Alves caracteriza-se por seu discurso antiescravagista. Nesse fragmento, é CORRETO afirmar.

A
O eu-lírico, ao chamar os escravos de cães, ressalta a lealdade e a capacidade destes em defender e proteger o senhor.
B
O eu-lírico denuncia os séculos de violência, miséria e exploração pelos quais passaram gerações de escravos, cujos descendentes se rebelam com sede de justiça e de vingança.
C
O eu-lírico, ao mostrar o senhor em meio ao luxo e surpreso com a visão fantasmagórica de homens famintos e nus, expõe a vulnerabilidade de uma sociedade contrária à escravidão.
D
O eu- lírico coloca escravos e senhor em situação social de enfrentamento das leis escravagistas; essa situação é representada pela quebra das algemas feita pelos próprios escravos.
E
O eu-lírico assume um discurso de incentivo à violência, exaltando o ódio dos escravos contra seus senhores.
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UFT 2013 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

A questão é referente ao fragmento de texto a seguir.

Esqueci-me de dizer que a ópera começara; as nossas observações podiam fazer-se então em céu desnublado. Vi Lúcia sentada na frente do seu camarote, vestida com certa galantaria, mas sem a profusão de adornos e a exuberância de luxo que ostentam de ordinário as cortesãs, ou porque acreditam que a sua beleza, como as caixinhas de amêndoas, cota-se pelo invólucro dourado, ou porque, no seu orgulho de anjos decaídos desejem esmagar a casta simplicidade da mulher honesta, quantas vezes defraudada nessa prodigalidade.
Não me posso agora recordar das minúcias do traje de Lúcia naquela noite. O que ainda vejo neste momento, se fecho os olhos, são as nuvens brancas e nítidas, que se frocavam graciosamente, aflando com o lento movimento de seu leque; o mesmo leque de penas que eu apanhara e, que de longe parecia uma grande borboleta rubra pairando no cálice das magnólias. O rosto suave e harmonioso, o colo e as espáduas nuas, nadavam como cisnes naquele mar de leite, que ondeavam sobre formas divinas.
A expressão angélica de sua fisionomia naquele instante, a atitude modesta e quase tímida, e a singeleza das vestes níveas e transparentes, davam-lhe frescor e viço de infância, que devia influir pensamentos calmos, se não puros. Entretanto o meu olhar ávido e acelerado rasgava os véus ligeiro e desnudava as formas deliciosas que ainda sentia latejar sob meus lábios.

ALENCAR, José, Lucíola. São Paulo: Ática, 1994, p. 28.

O romance "Lucíola", de José de Alencar foi publicado por volta de 1861, época em que a mulher era vista, de acordo com o olhar Romântico, como casta ou como dama impura. No fragmento, é CORRETO afirmar.

A
O narrador, embora esteja descrevendo uma cortesã, a diferencia das demais. A singeleza, a cor das roupas, a expressão angelical da personagem Lúcia são elementos comuns à casta heroína Romântica.
B
O narrador tem um olhar peculiar ao Romantismo, no que se refere à mulher. A personagem Lúcia é vista como imagem de pureza que inibe o desejo de posse masculino.
C
O narrador vivencia conflitos comuns ao herói romântico, e se contradiz na descrição da personagem Lúcia: a descreve como angelical e como mulher que deixa, propositalmente, partes do corpo à mostra, como forma de sedução.
D
O narrador fala de uma cena antiga, acontecida no teatro, em que ele observava uma mulher. A recorrência de lembranças de fatos acontecidos no passado é característica da narrativa romântica, como forma de evasão do presente.
E
O narrador, ao falar da personagem Lúcia como cortesã, antecipa o movimento Realista, visto que as personagens femininas do Romantismo eram tratadas somente como seres diáfanos e puros.
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UFT 2013 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

Considere os fragmentos de texto para responder a questão.

(...) Poderás dizer-me para que queres o barco, Para ir à procura da ilha desconhecida (...) O capitão do porto disse, Vou dar-te a embarcação que te convém, Qual é ela, É um barco com muita experiência, ainda do tempo em que toda a gente andava à procura de ilhas desconhecidas, Qual é ele, Julgo até que encontrou algumas, Qual, Aquele (p. 27-28).
(...) Parece uma caravela, disse o homem, Mais ou menos, concordou o capitão, no princípio era uma caravela, depois passou por arranjos e adaptações que a modificaram um bocado, Mas continua a ser uma caravela, Sim, no conjunto conserva o antigo ar, E tem mastros e velas, Quando se vai procurar ilhas desconhecidas, é o mais recomendável (p.31).
(...) O luar iluminava em cheio a cara da mulher da limpeza, É bonita, realmente é bonita, pensou o homem, que desta vez não estava a referir-se à caravela (p.47).
(...) Acordou abraçado à mulher da limpeza, e ela a ele, confundidos os corpos, confundidos os beliches, que não se sabe se este é o de bombordo ou o de estibordo. Depois, mal o sol acabou de nascer, o homem e a mulher foram pintar na proa do barco, de um lado e do outro, em letras brancas, o nome que ainda faltava dar à caravela. Pela hora do meio-dia, com a maré, A Ilha Desconhecida fez-se enfim ao mar, à procura de si mesma (p.62).

SARAMAGO, José de. O conto da ilha desconhecida. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.


A partir da leitura dos fragmentos e considerando o texto integral de "O conto da ilha desconhecida", marque a opção CORRETA.

A
A narrativa apresenta em sua composição diversos elementos delimitadores de tempo e espaço, dando-nos a perceber que os acontecimentos se passam no século das grandes navegações portuguesas.
B
A caravela é considerada mais recomendável para encontrar ilhas desconhecidas por ser uma embarcação que, mesmo com pouca experiência, havia passado por muitas adaptações recentes.
C
O desejo de buscar a ilha desconhecida é suplantado pelo desejo amoroso entre o homem e a mulher da limpeza que, ao final, se casam e se convencem de que não há ilha desconhecida a ser encontrada.
D
O homem e a mulher nomeiam a embarcação de Ilha Desconhecida, o que potencializa o sentido alegórico do conto, tornando possível interpretar a ilha como a própria condição humana, ainda misteriosa e incompreendida.
E
O conto é narrado em primeira pessoa, ou seja, pelo homem que desejava o barco, e os personagens não são por ele nomeados, pois sua intenção é pôr em relevo apenas seu desejo de encontrar a ilha desconhecida.