Questõesde UNEB sobre Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto
CANDIDO PORTINARI, Retirantes (Retirantes), 1944 Óleo s/ tela 190 x 180 cm. Col. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand São Paulo,
Brasil. Disponível em: http://www.proa.org/exhibiciones/pasadas/portinari/salas/id_portinari_retirantes.html. Acesso em: 14 fev. 2016.
A imagem destacada, de Candido Portinari, dialoga com alguns romances da literatura regionalista, como Vidas Secas, de Graciliano
Ramos, O Quinze, de Rachel de Queiroz, e Essa Terra, de Antônio Torres.
Em relação a Essa Terra, de Antônio Torres, a alternativa que está inadequada ao contexto global da obra é a
CANDIDO PORTINARI, Retirantes (Retirantes), 1944 Óleo s/ tela 190 x 180 cm. Col. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand São Paulo, Brasil. Disponível em: http://www.proa.org/exhibiciones/pasadas/portinari/salas/id_portinari_retirantes.html. Acesso em: 14 fev. 2016.
A imagem destacada, de Candido Portinari, dialoga com alguns romances da literatura regionalista, como Vidas Secas, de Graciliano Ramos, O Quinze, de Rachel de Queiroz, e Essa Terra, de Antônio Torres.
Em relação a Essa Terra, de Antônio Torres, a alternativa que está inadequada ao contexto global da obra é a
Os homens da empresa funerária haviam feito um bom
trabalho, eram competentes e treinados. Como disse o
santeiro, ao passar um instante para ver como as coisas se
apresentavam, “nem parecia o mesmo morto”. Penteado,
barbeado, vestido de negro, camisa alta e gravata, sapatos
lustrosos, era realmente Joaquim Soares da Cunha quem
descansava no caixão funerário — um caixão régio (constatou
satisfeita Vanda), de alças douradas, com uns babados nas
bordas.
Vanda pensou que Otacília sentir-se-ia feliz no distante
círculo do universo onde se encontrasse. Porque se impunha
finalmente sua vontade, a filha devotada restaurara Joaquim
Soares da Cunha, aquele bom, tímido e obediente esposo e
pai...
AMADO, Jorge. A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água. 42. ed.
Rio de Janeiro: Record. p. 45-47.
Considerando-se o trecho destacado no contexto da obra, a
forma verbal “restaurara”, em “restaurara Joaquim Soares da
Cunha”, pode ser entendida como
Fragmento 1
O largo seria apenas isso não fosse a mulher que vem
tropeçando muito, talvez bêbada ou uma epiléptica, quase a
alcançar a escadaria do pátio da igreja. Cai, estremecendo,
em silêncio.
— Misericórdia! Exclamo, já a correr, aproximando-me.
E, mal me debruço para acudi-la, não tenho dúvida de que
está morrendo. Dois ou três minutos de vida, no máximo.
[...]
Há a bolsa de couro, no chão, ao lado do corpo. Usada,
gasta, suja. Aí, junto aos pés, é como uma parte do corpo que
deve guardar os pertences da mulher. [...] a mulher no
calçamento, morta, indiferente ao mundo.”
FILHO, Adonias. Um corpo sem nome. O Largo da Palma. Rio de Janeiro:
Bertrand, Brasil, 2005. p. 73-74.
Fragmento 2
O que se espera, pelo mais certo das coisas, é que
faleçam os avós antes dos netos, e que sejamos sepultados
por nossos filhos. Do contrário, toda tristeza se multiplica
pelo peso das nossas dores. Este sentimento me abrasava
em gelo naquele exato instante, quando senti as palavras
pontiagudas do médico, no momento da maior aflição:
— Sinto muito, acabamos de perdê-lo.
Eu o havia perdido antes mesmo de sua morte. Isso era o
doloroso: não poder confortá-lo e amparar-me em seus
últimos hálitos. Mas como pôde meu pai morrer assim, longe de nossos olhos e palavras, atrelado ao mundo por tentáculos de monitores? Era um jeito completamente contrário aos nossos
sentimentos. [...]
Era inglória a morte de meu pai, ele não a desejava assim. E isso era um peso, só agora eu o media. Ele sempre dizia não
temer sua hora em sua justa vez, que se fosse dignamente ao lado dos seus, como parte de nossas vidas, como era o certo em
seus bons tempos, sem as salvações por apenas uns dias e horas.
FONSECA, Aleilton. O desterro dos mortos: contos. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001. p. 91-92.
Considerando-se os fragmentos dos textos no contexto das obras O Largo da Palma e O desterro dos mortos, marque V ou F,
conforme sejam verdadeiras ou falsas, as afirmações sobre elas.
( ) Os fragmentos destacados apresentam identidade temática na medida em que abordam questões como abandono e solidão
na momento da morte.
( ) A moça que morre no Largo da Palma ilustra bem um drama existencial: o anonimato de uma morte solitária.
( ) O filho que perde o pai se dá conta da solidão a que são condenados os doentes terminais em hospitais, sem a presença
reconfortante de parentes e amigos.
( ) Tanto a moça que morre na Palma como o pai que morre deixando o filho saudoso representam o anonimato social, seres
que morrem sem ter contribuído na construção do tecido social.
( ) As narrativas ilustram bem os problemas ligados à contemporaneidade que ocorrem como consequência dos avanços
tecnológicos.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a
O que se espera, pelo mais certo das coisas, é que faleçam os avós antes dos netos, e que sejamos sepultados por nossos filhos. Do contrário, toda tristeza se multiplica pelo peso das nossas dores. Este sentimento me abrasava em gelo naquele exato instante, quando senti as palavras pontiagudas do médico, no momento da maior aflição:
Comparando-se os fragmentos destacados do romance Tenda
dos Milagres e considerando-se a totalidade da obra, fica
evidente
Analisando-se a estrutura redacional em que a articulista se
expressou, pode-se afirmar:
TEXTO:
CRITELLI, Dulce. Disponível em: http://www.cartaeducacao.com.br/
artigo/somos-todos-testemunhas. Acesso em: 10 fev. 2106. Adaptado.
Nos fragmentos de Tenda dos Milagres, os personagens
Arcanjo e Nilo são evidenciados. Considerando-se o romance
em sua totalidade, eles representam parte da sociedade
soteropolitana da época.
A alternativa em que essa representação está correta é a
As ideias apresentadas no texto permitem afirmar que o
articulista estabelece uma relação direta entre
TEXTO:
SANTOS, Milton. Uma globalização perversa. Por uma outra
globalização: do pensamento único à consciência universal. 17.ed. Rio
de Janeiro: Record, 2008, p. 37-39. Adaptado.
Segundo o geógrafo Milton Santos, quando se amplia o papel
político das empresas na regulação da vida social,
TEXTO:
SANTOS, Milton. Uma globalização perversa. Por uma outra
globalização: do pensamento único à consciência universal. 17.ed. Rio
de Janeiro: Record, 2008, p. 37-39. Adaptado.
Sobre os aspectos linguísticos presentes no texto, é correto
afirmar:
TEXTO:
SANTOS, Milton. Uma globalização perversa. Por uma outra
globalização: do pensamento único à consciência universal. 17.ed. Rio
de Janeiro: Record, 2008, p. 37-39. Adaptado.
A afirmação sobre a passagem transcrita do texto está
correta em
TEXTO:
SANTOS, Milton. Uma globalização perversa. Por uma outra
globalização: do pensamento único à consciência universal. 17.ed. Rio
de Janeiro: Record, 2008, p. 37-39. Adaptado.
Marque com V ou com F, conforme sejam verdadeiras ou falsas
as afirmativas, em relação às ideias do texto.
( ) A linguagem, por ser o elemento comum entre o homem,
o distingue dos demais seres, mas, em contrapartida,
inviabiliza a sua conduta identitária, tornando-o mero
componente de uma sociedade globalizada.
( ) A aceitação e o reconhecimento do ser humano como parte
de um grupo, por meio de sua realidade, é o princípio
norteador da condição social do homem.
( ) Toda exposição pública visa ao compartilhamento de um
virtuosismo pessoal, e as redes sociais, um ineditismo
da pós-modernidade, asseguram ao que foi compartilhado
a certeza de testemunhos benéficos que reforçam a sua
utilidade.
( ) Em uma sociedade do espetáculo, como a brasileira, a
necessidade de exposição narcisista contribui para que
as redes sociais desvirtuem o seu caráter público a
serviço do privado.
( ) Os compartilhamentos indevidos decorrentes da falta de
valoração humana e de autoestima entre os jovens
conferem às redes sociais um papel paradoxal de sua
função precípua.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para
baixo, é a
TEXTO:
CRITELLI, Dulce. Disponível em: http://www.cartaeducacao.com.br/
artigo/somos-todos-testemunhas. Acesso em: 10 fev. 2106. Adaptado.
“Não é de estranhar, pois, que realidade e ideologia se
confundam na apreciação do homem comum” (l. 41-42)
Marque com V ou com F, conforme sejam verdadeiras ou falsas
as afirmativas, que constituem respaldos para o pensamento
destacado.
( ) Uma das características da informação na atualidade é
a “coisificação” de uma ideologia que se insere
igualitariamente na produção de consumo e na produção
da notícia. ( ) As condições tecnológicas permitem uma ação humana
mundializada, por isso as informações são transmitidas
em tempo real, o que impossibilita a manipulação das
notícias, uma vez que o que se diz é comprovado pelas
imagens.
( ) A escolha adequada da linguagem para a emissão das
ideias elaboradas insidiosamente constitui os princípios
eficazes de uma mensagem manipulada: informar, sem
criar questionamentos, e persuadir sem deixar dúvidas.
( ) A repetição de uma mesma notícia, dentro dos meios de
comunicação, visa a deixar o ouvinte mais bem informado
e, consequentemente, esclarecido diante das informações
apresentadas, já que esse mecanismo comprova a
fidedignidade da mensagem.
( ) A falta de discernimento do homem comum entre o real
e o imaginário no mundo da comunicação, em virtude da
manipulação das notícias, consolida,de maneira eficiente,
os propósitos de uma humanidade mundializada.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para
baixo, é a
TEXTO:
SANTOS, Milton. Uma globalização perversa. Por uma outra
globalização: do pensamento único à consciência universal. 17.ed. Rio
de Janeiro: Record, 2008, p. 37-39. Adaptado.
Segundo a argumentação do autor, os novos paradigmas que
permeiam as relações sociais e interpessoais a partir do final
do século passado têm sua origem
TEXTO:
SANTOS, Milton. Uma globalização perversa. Por uma outra
globalização: do pensamento único à consciência universal. 17.ed. Rio
de Janeiro: Record, 2008, p. 37-39. Adaptado.
Eis a fábrica. Entrei de novo, sem licença. Eu andava a
esmo, pelo meio do salão de trabalho, tropeçando nos matos
rasteiros. Eu só queria repor as peças em seus lugares,
ligar as máquinas, aquecer o forno e despertar a chaminé. O
menino de novo me observava, talvez curioso ante minha
empreitada. Eu perscrutava-lhe uma pergunta que ele não
alcançou formular. Eu, também funcionário, em certo depois,
minha função era a última de todas. Enfim, eu agora a exercia.
Ouvi que a fábrica apitava e me senti arrepiar inteiro. Estava
findo esse turno de trabalho. Então eu fui saindo.
— Esta fábrica está morta.
O menino disse isso e retomou sua bicicleta. Deu uma
última olhada, foi-se a guiar para longe, fazendo girar o tempo
presente. Era já o cair da tarde; e dentro de mim o apito da
fábrica chorava. Eu via de novo a fumaça formando nuvens e
provava o cheiro morno dos biscoitos. Continuei caminhando,
sem olhar para trás, os matos já não me incomodavam. Era
hora, e eu ia saindo pelo mesmo portão aberto, por onde as
minhas lágrimas passavam.
FONSECA, Aleilton. O sabor das nuvens. O desterro dos mortos:
contos. 3. ed. Itabuna: Via Litterarum, 2012. p. 51.
No conto O sabor das nuvens, que faz parte da obra “O desterro
dos mortos”, metaforiza-se a morte através da perda
A comparação entre os versos de Helena Parente e os de Cecília Meireles está sem respaldo textual na alternativa
A comparação entre os versos de Helena Parente e os de Cecília Meireles está sem respaldo textual na alternativa
Voltou-se para os curiosos ainda a fitá-la, era aquela
gentinha do Tabuão, a ralé em cuja companhia Quincas se
comprazia. Que faziam ali? Não compreendiam que Quincas
Berro D’água terminara ao exalar o último suspiro? Que ele
fora apenas uma invenção do diabo? Um sonho mau, um
pesadelo? Novamente Joaquim Soares da Cunha voltaria e estaria um pouco entre os seus, no conforto de uma casa
honesta, reintegrado em sua respeitabilidade. Chegara a
hora do retorno e desta vez Quincas não poderia rir na cara
da filha e do genro, mandá-los plantar batatas, dar-lhes um
adeusinho irônico e sair assoviando. Estava estendido no
catre, sem movimentos. Quincas Berro D’água acabara.
Vanda levantou a cabeça, passeou um olhar vitorioso
pelos presentes, ordenou com aquela voz de Otacília:
— Desejam alguma coisa? Senão, podem ir saindo.
Dirigiu-se depois ao santeiro:
— O senhor podia fazer o favor de chamar um médico?
Para o atestado de óbito.
O santeiro aquiesceu com a cabeça, estava
impressionado. Os outros retiravam-se devagar. Vanda ficou
só com o cadáver. Quincas Berro D’água sorria e o dedo
grande do pé direito parecia crescer no buraco da meia.
AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro D’água. São
Paulo: Companhia da Letras, 2008. p. 25.
Contextualizado na obra, o fragmento em destaque permite
afirmar que Vanda
Voltou-se para os curiosos ainda a fitá-la, era aquela gentinha do Tabuão, a ralé em cuja companhia Quincas se comprazia. Que faziam ali? Não compreendiam que Quincas Berro D’água terminara ao exalar o último suspiro? Que ele fora apenas uma invenção do diabo? Um sonho mau, um pesadelo? Novamente Joaquim Soares da Cunha voltaria e estaria um pouco entre os seus, no conforto de uma casa honesta, reintegrado em sua respeitabilidade. Chegara a hora do retorno e desta vez Quincas não poderia rir na cara da filha e do genro, mandá-los plantar batatas, dar-lhes um adeusinho irônico e sair assoviando. Estava estendido no catre, sem movimentos. Quincas Berro D’água acabara.
Vanda levantou a cabeça, passeou um olhar vitorioso pelos presentes, ordenou com aquela voz de Otacília:
— Desejam alguma coisa? Senão, podem ir saindo. Dirigiu-se depois ao santeiro:
— O senhor podia fazer o favor de chamar um médico? Para o atestado de óbito.
O santeiro aquiesceu com a cabeça, estava impressionado. Os outros retiravam-se devagar. Vanda ficou só com o cadáver. Quincas Berro D’água sorria e o dedo grande do pé direito parecia crescer no buraco da meia.
AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro D’água. São Paulo: Companhia da Letras, 2008. p. 25.
Contextualizado na obra, o fragmento em destaque permite afirmar que Vanda
Ao aproximar-se, Pedro Archanjo notou que Nilo Argolo
punha os braços atrás das costas para impedir qualquer
tentativa de aperto de mão. Um calor subiu-lhe ao rosto.
Com o desplante de quem examinasse bicho ou coisa,
atentamente o professor estudou a fisionomia e o porte do
funcionário; no rosto infenso refletiu-se indisfarçável surpresa
ao constatar o garbo e a limpeza nos trajes do mulato, o
perfeito decoro. De certos mestiços, o catedrático pensava e,
em determinados casos, até dizia: Este merecia ser branco,
o que o desgraça é o sangue africano.
— Foi você quem escreveu uma brochura intitulada A
vida...
—... popular da Bahia... — Archanjo superara a
humilhação inicial, dispunha-se ao diálogo. — Deixei um
exemplar para o senhor na secretaria.
— Diga senhor professor — corrigiu, áspero, o lente ilustre. — Senhor professor, não senhor apenas, não se esqueça. Conquistei o título em concurso, tenho direito a ele e o exijo.
Compreendeu?
— Sim, senhor professor — a voz distante e álgida, o único desejo de Pedro Archanjo era ir-se embora.
— Diga-me: as diversas anotações sobre costumes, festas tradicionais, cerimônias fetichistas, que você classifica de
obrigações, são realmente exatas?
— Sim, senhor professor.
— Sobre cucumbis, por exemplo. São verídicas?
— Sim, senhor professor.
— Não foram inventadas por você?
— Não, senhor professor.
— Li sua brochura e, tendo em conta quem a escreveu — novamente o examinou com olhos fulvos e hostis —, não lhe
nego certo mérito, limitado a algumas observações, bem entendido. Carece de qualquer seriedade científica e as conclusões
sobre mestiçagem são necessidades delirantes e perigosas. Mas nem por isso deixa de ser repositório de fatos dignos de
atenção. Vale leitura.
AMADO, Jorge. Tenda dos Milagres. 47. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007. p. 143-144.
A leitura do fragmento de “Tenda dos Milagres”, devidamente contextualizado na obra, permite afirmar:
Ao aproximar-se, Pedro Archanjo notou que Nilo Argolo punha os braços atrás das costas para impedir qualquer tentativa de aperto de mão. Um calor subiu-lhe ao rosto.
Com o desplante de quem examinasse bicho ou coisa, atentamente o professor estudou a fisionomia e o porte do funcionário; no rosto infenso refletiu-se indisfarçável surpresa ao constatar o garbo e a limpeza nos trajes do mulato, o perfeito decoro. De certos mestiços, o catedrático pensava e, em determinados casos, até dizia: Este merecia ser branco, o que o desgraça é o sangue africano.
— Foi você quem escreveu uma brochura intitulada A vida...
—... popular da Bahia... — Archanjo superara a humilhação inicial, dispunha-se ao diálogo. — Deixei um exemplar para o senhor na secretaria.
— Diga senhor professor — corrigiu, áspero, o lente ilustre. — Senhor professor, não senhor apenas, não se esqueça. Conquistei o título em concurso, tenho direito a ele e o exijo. Compreendeu?
— Sim, senhor professor — a voz distante e álgida, o único desejo de Pedro Archanjo era ir-se embora.
— Diga-me: as diversas anotações sobre costumes, festas tradicionais, cerimônias fetichistas, que você classifica de obrigações, são realmente exatas?
— Sim, senhor professor.
— Sobre cucumbis, por exemplo. São verídicas?
— Sim, senhor professor.
— Não foram inventadas por você?
— Não, senhor professor.
— Li sua brochura e, tendo em conta quem a escreveu — novamente o examinou com olhos fulvos e hostis —, não lhe nego certo mérito, limitado a algumas observações, bem entendido. Carece de qualquer seriedade científica e as conclusões sobre mestiçagem são necessidades delirantes e perigosas. Mas nem por isso deixa de ser repositório de fatos dignos de atenção. Vale leitura.
AMADO, Jorge. Tenda dos Milagres. 47. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007. p. 143-144.
A leitura do fragmento de “Tenda dos Milagres”, devidamente contextualizado na obra, permite afirmar: