Questão 55fea796-bb
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Fragmento 1
O largo seria apenas isso não fosse a mulher que vem
tropeçando muito, talvez bêbada ou uma epiléptica, quase a
alcançar a escadaria do pátio da igreja. Cai, estremecendo,
em silêncio.
— Misericórdia! Exclamo, já a correr, aproximando-me.
E, mal me debruço para acudi-la, não tenho dúvida de que
está morrendo. Dois ou três minutos de vida, no máximo.
[...]
Há a bolsa de couro, no chão, ao lado do corpo. Usada,
gasta, suja. Aí, junto aos pés, é como uma parte do corpo que
deve guardar os pertences da mulher. [...] a mulher no
calçamento, morta, indiferente ao mundo.”
FILHO, Adonias. Um corpo sem nome. O Largo da Palma. Rio de Janeiro:
Bertrand, Brasil, 2005. p. 73-74.
Fragmento 2
O que se espera, pelo mais certo das coisas, é que
faleçam os avós antes dos netos, e que sejamos sepultados
por nossos filhos. Do contrário, toda tristeza se multiplica
pelo peso das nossas dores. Este sentimento me abrasava
em gelo naquele exato instante, quando senti as palavras
pontiagudas do médico, no momento da maior aflição:
— Sinto muito, acabamos de perdê-lo.
Eu o havia perdido antes mesmo de sua morte. Isso era o
doloroso: não poder confortá-lo e amparar-me em seus
últimos hálitos. Mas como pôde meu pai morrer assim, longe de nossos olhos e palavras, atrelado ao mundo por tentáculos de monitores? Era um jeito completamente contrário aos nossos
sentimentos. [...]
Era inglória a morte de meu pai, ele não a desejava assim. E isso era um peso, só agora eu o media. Ele sempre dizia não
temer sua hora em sua justa vez, que se fosse dignamente ao lado dos seus, como parte de nossas vidas, como era o certo em
seus bons tempos, sem as salvações por apenas uns dias e horas.
FONSECA, Aleilton. O desterro dos mortos: contos. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001. p. 91-92.
Considerando-se os fragmentos dos textos no contexto das obras O Largo da Palma e O desterro dos mortos, marque V ou F,
conforme sejam verdadeiras ou falsas, as afirmações sobre elas.
( ) Os fragmentos destacados apresentam identidade temática na medida em que abordam questões como abandono e solidão
na momento da morte.
( ) A moça que morre no Largo da Palma ilustra bem um drama existencial: o anonimato de uma morte solitária.
( ) O filho que perde o pai se dá conta da solidão a que são condenados os doentes terminais em hospitais, sem a presença
reconfortante de parentes e amigos.
( ) Tanto a moça que morre na Palma como o pai que morre deixando o filho saudoso representam o anonimato social, seres
que morrem sem ter contribuído na construção do tecido social.
( ) As narrativas ilustram bem os problemas ligados à contemporaneidade que ocorrem como consequência dos avanços
tecnológicos.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a
Fragmento 1
O largo seria apenas isso não fosse a mulher que vem
tropeçando muito, talvez bêbada ou uma epiléptica, quase a
alcançar a escadaria do pátio da igreja. Cai, estremecendo,
em silêncio.
— Misericórdia! Exclamo, já a correr, aproximando-me.
E, mal me debruço para acudi-la, não tenho dúvida de que
está morrendo. Dois ou três minutos de vida, no máximo.
[...]
Há a bolsa de couro, no chão, ao lado do corpo. Usada,
gasta, suja. Aí, junto aos pés, é como uma parte do corpo que
deve guardar os pertences da mulher. [...] a mulher no
calçamento, morta, indiferente ao mundo.”
FILHO, Adonias. Um corpo sem nome. O Largo da Palma. Rio de Janeiro:
Bertrand, Brasil, 2005. p. 73-74.
Fragmento 2
O que se espera, pelo mais certo das coisas, é que faleçam os avós antes dos netos, e que sejamos sepultados por nossos filhos. Do contrário, toda tristeza se multiplica pelo peso das nossas dores. Este sentimento me abrasava em gelo naquele exato instante, quando senti as palavras pontiagudas do médico, no momento da maior aflição:
— Sinto muito, acabamos de perdê-lo.
Eu o havia perdido antes mesmo de sua morte. Isso era o
doloroso: não poder confortá-lo e amparar-me em seus
últimos hálitos. Mas como pôde meu pai morrer assim, longe de nossos olhos e palavras, atrelado ao mundo por tentáculos de monitores? Era um jeito completamente contrário aos nossos
sentimentos. [...]
Era inglória a morte de meu pai, ele não a desejava assim. E isso era um peso, só agora eu o media. Ele sempre dizia não
temer sua hora em sua justa vez, que se fosse dignamente ao lado dos seus, como parte de nossas vidas, como era o certo em
seus bons tempos, sem as salvações por apenas uns dias e horas.
FONSECA, Aleilton. O desterro dos mortos: contos. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001. p. 91-92.
Considerando-se os fragmentos dos textos no contexto das obras O Largo da Palma e O desterro dos mortos, marque V ou F,
conforme sejam verdadeiras ou falsas, as afirmações sobre elas.
( ) Os fragmentos destacados apresentam identidade temática na medida em que abordam questões como abandono e solidão
na momento da morte.
( ) A moça que morre no Largo da Palma ilustra bem um drama existencial: o anonimato de uma morte solitária.
( ) O filho que perde o pai se dá conta da solidão a que são condenados os doentes terminais em hospitais, sem a presença
reconfortante de parentes e amigos.
( ) Tanto a moça que morre na Palma como o pai que morre deixando o filho saudoso representam o anonimato social, seres
que morrem sem ter contribuído na construção do tecido social.
( ) As narrativas ilustram bem os problemas ligados à contemporaneidade que ocorrem como consequência dos avanços
tecnológicos.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a
A
V V V V V
B
V F F V F
C
V V V F F
D
F V V F F
E
F F F V V