Questão dbce6fbb-bb
Prova:UNEB 2014
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Eis a fábrica. Entrei de novo, sem licença. Eu andava a esmo, pelo meio do salão de trabalho, tropeçando nos matos rasteiros. Eu só queria repor as peças em seus lugares, ligar as máquinas, aquecer o forno e despertar a chaminé. O menino de novo me observava, talvez curioso ante minha empreitada. Eu perscrutava-lhe uma pergunta que ele não alcançou formular. Eu, também funcionário, em certo depois, minha função era a última de todas. Enfim, eu agora a exercia. Ouvi que a fábrica apitava e me senti arrepiar inteiro. Estava findo esse turno de trabalho. Então eu fui saindo.
— Esta fábrica está morta.
O menino disse isso e retomou sua bicicleta. Deu uma última olhada, foi-se a guiar para longe, fazendo girar o tempo presente. Era já o cair da tarde; e dentro de mim o apito da fábrica chorava. Eu via de novo a fumaça formando nuvens e provava o cheiro morno dos biscoitos. Continuei caminhando, sem olhar para trás, os matos já não me incomodavam. Era hora, e eu ia saindo pelo mesmo portão aberto, por onde as minhas lágrimas passavam.
FONSECA, Aleilton. O sabor das nuvens. O desterro dos mortos: contos. 3. ed. Itabuna: Via Litterarum, 2012. p. 51.

No conto O sabor das nuvens, que faz parte da obra “O desterro dos mortos”, metaforiza-se a morte através da perda

A
da inocência infantil, fazendo o sujeito narrador mergulhar em mundo de sonhos que foi desconstruído pela constatação de que a fábrica de biscoitos nunca existiu concretamente.
B
de uma experiência subjetiva de prazer proporcionada, na infância, pela existência de uma fábrica de biscoitos que se acabou em ruínas, mas que será registrada por meio da escrita.
C
do sentimento de esperança diante da certeza de que em algum momento o narrador personagem poderia concretizar uma sonho que foi sempre frustrado.
D
da memória de um momento que passou despercebido para o narrador-personagem, que, no presente, busca reconstruí-lo através da própria literatura.
E
de uma referência identitária destituída durante a infância do sujeito narrador, que, no presente da enunciação, busca reencontrá-la através da memória.

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