Questão dbce6fbb-bb
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Eis a fábrica. Entrei de novo, sem licença. Eu andava a
esmo, pelo meio do salão de trabalho, tropeçando nos matos
rasteiros. Eu só queria repor as peças em seus lugares,
ligar as máquinas, aquecer o forno e despertar a chaminé. O
menino de novo me observava, talvez curioso ante minha
empreitada. Eu perscrutava-lhe uma pergunta que ele não
alcançou formular. Eu, também funcionário, em certo depois,
minha função era a última de todas. Enfim, eu agora a exercia.
Ouvi que a fábrica apitava e me senti arrepiar inteiro. Estava
findo esse turno de trabalho. Então eu fui saindo.
— Esta fábrica está morta.
O menino disse isso e retomou sua bicicleta. Deu uma
última olhada, foi-se a guiar para longe, fazendo girar o tempo
presente. Era já o cair da tarde; e dentro de mim o apito da
fábrica chorava. Eu via de novo a fumaça formando nuvens e
provava o cheiro morno dos biscoitos. Continuei caminhando,
sem olhar para trás, os matos já não me incomodavam. Era
hora, e eu ia saindo pelo mesmo portão aberto, por onde as
minhas lágrimas passavam.
FONSECA, Aleilton. O sabor das nuvens. O desterro dos mortos:
contos. 3. ed. Itabuna: Via Litterarum, 2012. p. 51.
No conto O sabor das nuvens, que faz parte da obra “O desterro
dos mortos”, metaforiza-se a morte através da perda
Eis a fábrica. Entrei de novo, sem licença. Eu andava a
esmo, pelo meio do salão de trabalho, tropeçando nos matos
rasteiros. Eu só queria repor as peças em seus lugares,
ligar as máquinas, aquecer o forno e despertar a chaminé. O
menino de novo me observava, talvez curioso ante minha
empreitada. Eu perscrutava-lhe uma pergunta que ele não
alcançou formular. Eu, também funcionário, em certo depois,
minha função era a última de todas. Enfim, eu agora a exercia.
Ouvi que a fábrica apitava e me senti arrepiar inteiro. Estava
findo esse turno de trabalho. Então eu fui saindo.
— Esta fábrica está morta.
O menino disse isso e retomou sua bicicleta. Deu uma
última olhada, foi-se a guiar para longe, fazendo girar o tempo
presente. Era já o cair da tarde; e dentro de mim o apito da
fábrica chorava. Eu via de novo a fumaça formando nuvens e
provava o cheiro morno dos biscoitos. Continuei caminhando,
sem olhar para trás, os matos já não me incomodavam. Era
hora, e eu ia saindo pelo mesmo portão aberto, por onde as
minhas lágrimas passavam.
FONSECA, Aleilton. O sabor das nuvens. O desterro dos mortos:
contos. 3. ed. Itabuna: Via Litterarum, 2012. p. 51.
No conto O sabor das nuvens, que faz parte da obra “O desterro
dos mortos”, metaforiza-se a morte através da perda
A
da inocência infantil, fazendo o sujeito narrador mergulhar
em mundo de sonhos que foi desconstruído pela
constatação de que a fábrica de biscoitos nunca existiu
concretamente.
B
de uma experiência subjetiva de prazer proporcionada, na
infância, pela existência de uma fábrica de biscoitos que
se acabou em ruínas, mas que será registrada por meio
da escrita.
C
do sentimento de esperança diante da certeza de que em
algum momento o narrador personagem poderia
concretizar uma sonho que foi sempre frustrado.
D
da memória de um momento que passou despercebido
para o narrador-personagem, que, no presente, busca
reconstruí-lo através da própria literatura.
E
de uma referência identitária destituída durante a infância
do sujeito narrador, que, no presente da enunciação, busca
reencontrá-la através da memória.