Questão 55f670eb-bb
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Nos fragmentos de Tenda dos Milagres, os personagens
Arcanjo e Nilo são evidenciados. Considerando-se o romance
em sua totalidade, eles representam parte da sociedade
soteropolitana da época.
A alternativa em que essa representação está correta é a
Nos fragmentos de Tenda dos Milagres, os personagens
Arcanjo e Nilo são evidenciados. Considerando-se o romance
em sua totalidade, eles representam parte da sociedade
soteropolitana da época.
A alternativa em que essa representação está correta é a
Fragmento 1
Quem foi esse tal de Archanjo? Alguma figura
exponencial, um professor, um doutor, um luminar, um prócer
político, ao menos um comerciante rico? Nada disso: um
reles bedel da Faculdade de Medicina, pouco mais que um
mendigo, praticamente um operário. Espumava o insigne
cidadão e eu não lhe nego motivos para tamanha cólera.
Dedicara sua existência a clamar contra o porneia, a
dissolução dos costumes, os maiôs, Marx e Lênin, o
abastardamento da língua portuguesa, “última flor do Lácio”,
e que resultados obtivera? Nenhum: impera a pornografia
nos livros, no teatro, no cinema e na vida; a dissolução dos
costumes fez-se normalidade quotidiana, as moças
conduzem a pílula junto ao terço, os maiôs viraram biquínis e
olhe lá; como se não bastassem Marx e Lênin, aí estão Mao-Tse-Tung e Fidel Castro, sem falar nos padres, todos eles
possuídos do demônio; quanto a livros e língua portuguesaos tomos do ilustre acadêmico, vazados no terso e castiço
idioma de Camões e publicados por conta do autor, jazem
nas prateleiras das livrarias, em eterna consignação,
enquanto vendem-se aos milhares os livros daqueles
escribas que desprezam as regras da gramática e reduzem
a língua dos clássicos a um subdialeto africano.
AMADO, Jorge. Tenda dos Milagres. 5. ed. São Paulo: Martins, 1970.
p. 66.
Fragmento 2
“Não há no mundo gente melhor do que vocês, povo
mais civilizado do que o povo mulato da Bahia”, dissera a
sueca ao despedir-se na Tenda dos Milagres, em conversa
com Lídio, Budião e Aussá. Chegara de longe, vivera com
eles, dizia por saber, um saber sem restrições ou dúvidas, de
real conhecimento. Por que então o doutor Nilo Argolo –
catedrático de Medicina Legal na Faculdade e mentor científico
da congregação, com renome de sábio e descomunal
biblioteca — escrevera sobre os mestiços da Bahia ... ?
AMADO, Jorge. Tenda dos Milagres. 5. ed. São Paulo: Martins, 1970.
p. 119.
Fragmento 1
Quem foi esse tal de Archanjo? Alguma figura
exponencial, um professor, um doutor, um luminar, um prócer
político, ao menos um comerciante rico? Nada disso: um
reles bedel da Faculdade de Medicina, pouco mais que um
mendigo, praticamente um operário. Espumava o insigne
cidadão e eu não lhe nego motivos para tamanha cólera.
Dedicara sua existência a clamar contra o porneia, a
dissolução dos costumes, os maiôs, Marx e Lênin, o
abastardamento da língua portuguesa, “última flor do Lácio”,
e que resultados obtivera? Nenhum: impera a pornografia
nos livros, no teatro, no cinema e na vida; a dissolução dos
costumes fez-se normalidade quotidiana, as moças
conduzem a pílula junto ao terço, os maiôs viraram biquínis e
olhe lá; como se não bastassem Marx e Lênin, aí estão Mao-Tse-Tung e Fidel Castro, sem falar nos padres, todos eles
possuídos do demônio; quanto a livros e língua portuguesaos tomos do ilustre acadêmico, vazados no terso e castiço
idioma de Camões e publicados por conta do autor, jazem
nas prateleiras das livrarias, em eterna consignação,
enquanto vendem-se aos milhares os livros daqueles
escribas que desprezam as regras da gramática e reduzem
a língua dos clássicos a um subdialeto africano.
AMADO, Jorge. Tenda dos Milagres. 5. ed. São Paulo: Martins, 1970.
p. 66.
Fragmento 2
“Não há no mundo gente melhor do que vocês, povo
mais civilizado do que o povo mulato da Bahia”, dissera a
sueca ao despedir-se na Tenda dos Milagres, em conversa
com Lídio, Budião e Aussá. Chegara de longe, vivera com
eles, dizia por saber, um saber sem restrições ou dúvidas, de
real conhecimento. Por que então o doutor Nilo Argolo –
catedrático de Medicina Legal na Faculdade e mentor científico
da congregação, com renome de sábio e descomunal
biblioteca — escrevera sobre os mestiços da Bahia ... ?
AMADO, Jorge. Tenda dos Milagres. 5. ed. São Paulo: Martins, 1970.
p. 119.
A
Archanjo incorpora a figura do boêmio marginal, que não
se adapta aos códigos burgueses, por isso se torna um
revolucionário; já Argolo afigura-se mais prudente na crítica
do mundo burguês, sendo a parcimônia uma de suas
marcas.
B
Archanjo representa a tentativa de afirmação de uma
camada popular marginalizada e discriminada; Argolo faz
oposição a isso, apropria-se de um discurso eivado de
preconceitos.
C
Archanjo faz oposição política a Argolo na disputa pela
liderança de grupos sociais bem definidos, porém
dispersos pelos diversos espaços da cidade.
D
Archanjo representa a resistência negra e tenta derrubar
tabus sociais como patriarcalismo e homofobia, enquanto
Argolo luta para mantê-los vivos.
E
Tanto Archanjo como Argolo são arautos de um novo
tempo, em que o preconceito e a tirania não encontram
terreno fértil para surgir.