Texto A
O Cárcere das Almas
AH! Toda alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades.
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma, entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo Espaço da Pureza.
Ó almas presas, mudas e funéreas
Nas prisões colossais e abandonadas
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo
Nesses silêncios solitários, graves,
Que chaveiro do Céu possui as chaves
Para abrir-vos as portas do mistério?!
SOUSA, João Cruz e. Poesia por Tasso de Silva. 2. ed. Rio de
Janeiro: Agir, 1960. p. 73.
Texto B
Corpo no cerco
os quatro pontos do globo
os quatro cantos do céu
as quatro esquinas do quarto
o corpo todo travado
no olhar cicatrizado
nas mãos as chaves
oxi(sol)dadas
onde as portas
(de sair aonde ?)
onde o norte
só desnorte
mais a leste, sem oeste
os meus membros quatro exatos
quatro minhas as paredes
cerco do corpo no quarto
meu corpo cortado em quatro
CUNHA, Helena Parente. Corpo no cerco. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
1978. p. 20-21.
Considerando-se os poemas em questão, a análise sem respaldo encontra-se em
Gabarito comentado
Gabarito: B
Tema central: Interpretação de textos com análise de recursos estilísticos e períodos literários, exigindo do candidato a compreensão das intenções do poeta e dos traços do Simbolismo e do Modernismo.
Justificativa da alternativa correta (B):
A alternativa B afirma que “o estilo de que se apropriam os poetas para a manifestação de sua criação faz uso de uma linguagem peculiar ao período literário de cada poeta, que os aproxima pela abordagem da temática”. Isso está correto. Cruz e Sousa (Simbolismo) utiliza uma linguagem subjetiva, imagética e musical, típica do movimento simbolista, com metáforas de cárcere para traduzir o aprisionamento da alma. Já Helena Parente Cunha (Modernismo) aposta na fragmentação, linguagem concisa, repetições e ausência de pontuação, características modernas, para tematizar o cerco do corpo. Apesar das diferenças de estilo (resultado de momentos históricos distintos), ambos convergem na abordagem do aprisionamento e da busca por liberdade.
Regras centrais para resolver a questão:
– Estratégia de interpretação: Identifique não só o que é dito, mas como é dito; repare nas escolhas estilísticas e suas relações com o tempo literário de cada autor.
– Bibliografia de apoio: Segundo Evanildo Bechara, figuras como a metáfora e o simbolismo são essenciais para decifrar sentidos em textos poéticos (“Moderna Gramática Portuguesa”).
– Manual de Redação Oficial: Reforça que a clareza advém da adequada leitura do contexto e uso atento das informações do texto.
Análise das alternativas incorretas:
A) Incorreta. O corpo é usado como símbolo de aprisionamento, mas a alternativa não é suficientemente abrangente: ambos os textos tratam tanto do corpo quanto da alma ou identidade.
C) Incorreta. Erra ao afirmar um simbolismo exato das “chaves”. No texto A, as chaves são um elemento místico de possível libertação, mas em B são associadas a frustração (chaves oxidadas, portas inexistentes).
D) Incorreta. Confunde-se ao afirmar carcere exclusivamente físico no texto de Cruz e Souza. O cárcere é espiritual/existencial.
E) Incorreta. A inspiração poética não se limita ao olhar sobre si mesmo; ela envolve também projeções, questionamentos filosóficos e experiência com o mundo, mostrando a amplitude dos temas.
Dica de estratégia: Em questões de interpretação literária, procure identificar palavras-chave que marcam o movimento estilístico: fragmentação, metáfora, introspecção, subjetividade.
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